segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Quantos anos que não nos víamos? Foi a pergunta que lancei a você. Ficamos meio sem jeitos em responder um ao outro. Tentamos buscar no passado a data especifica para o afastamento e nada. Não soubemos responder. Engraçado de tudo isso é a nossa relação de amizade e amor. Isso amor. Procurava no passado, aquele beijo que nos demos naquela noite de total embriaguez, encostado naquele muro, amamos, rompemos com o mundo e nos amamos ali naquele canto escuro. Hoje depois de longos anos de ausência, te reencontrei, mudaste pouco, reparei que talvez engordasse um pouco, ao contrário de mim, que engordei que fiquei mais velho tantos anos. Ao contrário daquele tempo  atrás.  Ficamos ali, sem querer dizer nada, um pouco confuso em relação ao que dizer, na verdade não queríamos dizer nada um para o outro, queríamos na verdade é nos amar, naquele outro canto escuro, naquele outro pedaço da cidade. Na verdade nos amamos pouco és verdade, devido a rotina, prometemos nos encontrar em breve – para enfim nos amar em paz, longe dos passantes, saboreando os lábios um do outro. Sem compromisso, assim como fomos durante esses anos de ausência.

sábado, 25 de setembro de 2010

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

O TREM

O Trem

Todos os dias no mesmo horário o trem parava naquela estação. De longe procurava avistar ela no meio dos passantes. Era fácil encontrá-la, se destacava no meio de todos. Cabelos loiros, longos, trajava sempre a mesmo roupa branca, salto alto, olhar pacifico, sorriso de menina. Tentava sempre imaginar o que ela fazia sempre por ali, naquele mesmo lugar, ao parar do trem na estação, ela entrava, sempre no mesmo vagão, parecia saber que ela admirada por mim, um admirador perdido no meio de todos. Ficava pensando se ela era enfermeira ou não; se iria trabalhar ou se estava voltando do trabalho. Procurava sempre ficar olhando para ela, quando meus olhos miravam os delas disfarçava olhando para outro lado. As vezes ela cuidadosamente tirava da bolsa o estojo de maquiagem, retocava os lábios com o batom vermelho, pintava os olhos, parece que se admirava ainda mais ao espelho, numa espécie de narciso. De longe pensava comigo que aquilo tudo era besteira que a mesma não precisava daquilo tudo, pois a beleza dela era irreparável, era ao meu ver divina.

Ontem o trem parou na mesma estação, e a mesma não se encontrava, tentei procurá-la no meio da multidão nada, o trem deu o apito, fechou as portas e partiu. Durante alguns minutos fiquei imaginando o que teria acontecido a ela, para que não estivesse ali naquele momento. Pensei talvez, deve estar de folga do trabalho, ou até mesmo doente, talvez perdido a hora, ou levado o filho ao médico (teu rosto me dizia que era mãe), pensei que tudo aquilo era bobeira, achei até que era uma obsessão da minha parte, pensar tanto nela, sem ao menos lhe conhecê-la , mas logo voltava a imaginar ela. Pois ela era o meu alento nas noites frias na minha ida para o serviço. Pensei a amanha aparece, tenho certeza disso, vai aparecer, acredito que vai.

 
Passei o dia inteiro pensando nela, contando os minutos ao longo do dia para aquilo que considerava um acontecimento, as vezes ria de mim mesmo, sempre é verdade me achei um louco, um apaixonado pelas mulheres, mas minha paixão sempre escondida na maioria das vezes. O dia passou, veio a noite, e lá estava eu novamente, sentado naquele vagão, contando as estações para chegar a dela, o trem se aproximava da estação, olhei no relógio disse para mim, está na hora, procurava avistar ela no meio das pessoas, nada, ela havia sumido.

Os dias foram se passando, angustia aumentando, sonhava em revê-la algum dia. A todo instante via em minha cabeça lembranças dela, mas nada havia perdido ela para sempre. O pior é que nem ao menos sei o nome dela, mas é bom assim, procuro nomes para ela, enquanto ela não vem, crio e recrio ela dentro de mim, moldo-a do jeito que quero. Mas uma paixão se perdeu no meio da multidão a procura do sim e do não, o silêncio é presente, sendo assim, mulheres passantes que tanto amei e que tanto amarei ou desejarei no meu exercício de rotina, na ida e volta para o lar.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Cigarro, noite, escuridão

Para uma menina do Oeste do Paraná

Acendo um cigarro enquanto caminho pelas ruas, um passeio noturno, sem a badalação do dia. Pensando um pouco na vida, na saudade que você me remete ao longe. O meu riscado de outrora já não é o mesmo. O meu silêncio se rompe quando escuto um verso de samba - cantarolo, vou caminhando. A escuridão me persegue pelas esquinas, que tanto me conhece, o vazio é o mesmo. A vida noturna, os porres, a saudade, pensamentos que não me deixam. Tudo se confunde a medida que a distância aumenta. O tempo o velho tempo, não é capaz de apagar você da minha lembrança, nem da minha melodia. A batida na porta da frente, o silêncio do teu ser, tua distância errante, nós que sempre fomos unidos outrora. Minha voz rouca quebrando o tédio de tua vida, o meu despertar querendo lhe ver, teus passos ao meu lado, tua alma ali próxima a mim. Vontade de lhe agarrar, lhe arrancar tua roupa ali no meio da rua, no meio da multidão ao meio dia. De querer lhe dizer as coisas mais bonitas que já mais disse para alguém. Mas a distância me impede, a distância física de você. Imagino por onde andarás, que rumo tomou, depois daquela noite e de minha fala para ser esquecida. A solidão que me acompanhou na bagagem, o silêncio da tua alma. Os passos se perdem, querendo o silêncio, caminho reparando nas estrelas, digo para mim que não me embriagarei pelo o menos hoje. Sorrio, digo que só dói quando rio, que já estive melhor comigo e com você. No meu bolso uma carta uma estúpida carta, que não lhe enviei por medo ou vergonha. O silêncio se rompe, aproximo do butequim, meu velho e querido butequim, aonde a saudade dói mas é menos dolorida. Peço a primeira do dia, rompo com o meu pensar, digo que não dá para ficar sem beber, enquanto a saudade de você apertar o meu peito. Tudo parece mudado, à lamentar, me vejo na face de um velho bebum, que insiste em me oferecer uma cachaça - rindo, parece zombar de mim, parece querer dizer algo no meio de sua loucura diária. Me afasto não quero papo, apenas quero o silêncio da minha alma, minha velha solidão como companheira, a me acompanhar nas noites noturnas. Meu olhar começa a se perder naquilo tudo, a bebida rompe o peito, meus olhos marejados remetem ao passado tudo aquilo que um dia sonhei, tudo aquilo que lhe quis. Volto para bebida, volto o meu olhar no presente, dou risada, digo a mim mesmo o quanto tolo sou, por acreditar em certas tolices, meu coração de menino de vez enquando vacila. Se perde, mas encontra o rumo, o rumo da despedida, o rumo da vida, mesmo errando as ruas, encontra as esquinas, a lamentar ausência de você menina.