terça-feira, 20 de outubro de 2009

Do fogão de lenha um cheiro bão. Na garrafa uma cachaça, para aliviar,
das estrelas faço o meu canto para te ninar.

Meus versos embainhados, naquele ribeirão,
nas estrelas do céu, traço o teu rosto.

Na escuridão dos caminhos,
sigo a luz da estrela guia.

Nas bandas do sertão,
vivo em paz, pensando
que você vive em paz aqui: longe de mim e do meu sertão.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

VIDA NOTURNA

Aproveitando o ensejo, quero contar aqui algo que me emociona muito. Como todos sabem o avanço da tecnologia é tamanha a ponto de acabar com coisas, ou gestos, sem nos dar conta. Todos sabem, que estão por ai, milhares de blogues, disposto a difundir a música brasileira. Nada contra o ato, pelo o contrário acho até bom, só que com isso, não compramos cds em grandes quantidades. E não estando com CD em mãos, não temos o encarte. Não quero entrar em nenhuma discussão sobre o que é correto ou não. Rodeie tanto a estória apenas para dizer, que mesmo não comprando tantos cds, ou quase nenhum para ser preciso, mas tem aqueles que não tem jeito, tem que ter na coleção, esse cd é o do Aldir Blanc - Vida Noturna. O único que nos últimos meses, me fez ouvir o tempo todo e não enjoar. Que me fez chorar um rio maracanã, toda fez que escuto. Que me emociona tremenda-mente quando leio as letras, as fotos. Um cd boêmio o próprio nome diz isso, um cd de piano e violão e voz. Não quero me estender, apenas quem tiver ouvido de escutar que escute, mas antes, como de praxe, abre uma cerveja bem gelada, acenda um cigarro, e se delicie com a poesia de Aldir Blanc.

CRÔNICA

Conversando com um grande amigo meu, o Luciano, historiador, dos bons, fui questionado sobre meus gostos literários. Confesso que nunca me fiz essa pergunta - do que eu realmente gostava. Sempre li de tudo, poesia, crônica, romance, contos, mas confesso o que realmente me chama atenção é a crônica. Me recordo da primeira vez que li Rubem Braga, uma maravilha fiquei encantado. Hoje coloquei em cheque este meu gosto, aproveitando que não estou para com saco, assim dizendo, para assuntos mais sérios, dei um pulo na biblioteca atrás de uns livros de crônica. Não achei Antonio Maria (outro que admiro), nem Rubem Braga, mas encontrei um do Drummond. Comecei ler hoje pela a tarde - junto com a garoa fina que caia. Escolhi uma crônica para colocar aqui, neste imundo e pequeno espaço.

CARTOLA, NO MOINHO DO MUNDO

Você vai pela rua, distraído ou preocupado, não importa. Vai a determinado lugar para fazer qualquer coisa que está escrita em sua agenda. Nem é preciso que tenha agenda. Você tem um destino qualquer, e a rua é só a passagem entre sua casa e a pessoa que vai procurar. De repente estaca. Estaca e fica ouvindo.

Eu fiz o ninho.
Te ensinei o bom caminho.
Mas quando a mulher não tem brio,
é malhar em ferro frio.

Aí você fica parado, escutando até o fim o som que vem da loja de discos, onde alguém se lembrou de reviver o velho samba de Cartola; Na Floresta (música de Sílvio Caldas).

Esse Cartola! Desta vez, está desiludido e zangado, mas em geral a atitude dele é de franco romantismo, e tudo se resume num título: Sei Sentir. Cartola sabe sentir com a suavidade dos que amam pela vocação de amar, e se renovam amando. Assim, quando ele nos anuncia: “Tenho um novo amor”, é como se desse a senha pela renovação geral da vida, a germinação de outras flores no eterno jardim. O sol nascerá, com a garantia de Cartola. E com o sol, a incessante primavera.

A delicadeza visceral de Angenor de Oliveira (e não Agenor, como dizem os descuidados) é patente quer na composição, quer na execução. Como bem me observou Jota Efegê, seu padrinho de casamento, trata-se de um distinto senhor emoldurado pelo Morro da Mangueira. A imagem do malandro não coincide com a sua. A dura experiência de viver como pedreiro, tipógrafo e lavador de carros, desconhecido e trazendo consigo o dom musical, a centelha, não o afetou, não fez dele um homem ácido e revoltado. A fama chegou até sua porta sem ser procurada. O discreto Cartola recebeu-a com cortesia. Os dois convivem civilizadamente. Ele tem a elegância moral de Pixinguinha, outro a quem a natureza privilegiou com a sensibilidade criativa, e que também soube ser mestre de delicadeza.

Em Tempos Idos, o divino Cartola, como o qualificou Lúcio Rangel, faz o histórico poético da evolução do samba, que se processou, aliás, com a sua participação eficiente:

Com a mesma roupagem
que saiu daqui
exibiu-se para a Duquesa de Kent
no Itamaraty.

Pode-se dizer que esta foi também a caminhada de Cartola. Nascido no Catete, sua grande experiência humana se desenvolveu no Morro da Mangueira, mas hoje ele é aceito como valor cultural brasileiro, representativo do que há de melhor e mais autêntico na música popular. Ao gravar o seu samba Quem Me Vê Sorrir (com Carlos Cachaça), o maestro Leopold Stockowski não lhe fez nenhum favor: reconheceu, apenas, o que há de inventividade musical nas camadas mais humildes de nossa população. Coisa que contagiou a ilustre Duquesa.

* * *

Mas então eu fiquei parado, ouvindo a filosofia céptica do Mestre Cartola, na voz de Sílvio Caldas. Já não me lembrava o compromisso que tinha de cumprir, que compromisso? Na floresta, o homem fizera um ninho de amor, e a mulher não soubera corresponder à sua dedicação. Inutilmente ele a amara e orientara, mulher sem brio não tem jeito não. Cartola devia estar muito ferido para dizer coisas tão amargas. Hoje não está. Forma um par feliz com Zica, e às vezes a televisão vai até a casa deles, mostra o casal tranqüilo, Cartola discorrendo com modéstia e sabedoria sobre coisas da vida. “O mundo é um moinho...” O moleiro não é ele, Angenor, nem eu, nem qualquer um de nós, igualmente moídos no eterno girar da roda, trigo ou milho que se deixa pulverizar. Alguns, como Cartola, são trigo de qualidade especial. Servem de alimento constante. A gente fica sentindo e pensamenteando sempre o gosto dessa comida. O nobre, o simples, não direi o divino, mas o humano Cartola, que se apaixonou pelo samba e fez do samba o mensageiro de sua alma delicada. O som calou-se, e “fui à vida”, como ele gosta de dizer, isto é, à obrigação daquele dia. Mas levava uma companhia, uma amizade de espírito, o jeito de Cartola botar em lirismo a sua vida, os seus amores, o seu sentimento do mundo, esse moinho, e da poesia, essa iluminação.

PS: Como senão bastasse, encontrei essa crônica falando sobre o maior poeta de todos os tempos: CARTOLA.




domingo, 18 de outubro de 2009

Tarde de domingo, tarde qualquer se não fosse domingo, essa solidão que arde e fere. Solidão, lembranças se misturam. No fundo de mim, busco o canto, busco à poesia, busco teus olhos a me olhar, busco a imensidão no horizonte aonde caminharei. Busco o amor, busco o contato com a terra, busco suas pegadas na areia, busco enxergar além das ondas. Uma busca imensa, que para sempre em você. Ordem normal das coisas, o meu coração espera resistir a mais uma tarde assim. De repente surge um poema qualquer, de repente como na imensidão além das montanhas, surge um alento qualquer. De repente como no futuro que sempre existirá, de repente, surge o amor, com um pássaro à cantar.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

- Alô.

A noite caiu rapidamente, sentado naquele buteco imundo de sempre, saboreando a solidão companheira. Beliscando uma carne de segunda, saboreando uma cerveja, para esquentar uma cachaça como abrideira. O tempo passou rapidamente, quando me lembrei já era tarde. Com a voz pigarreada, voz que você dizia que era de bôemia, escutei do outro lado uma voz de sono, me dizendo alô. O papo foi breve você irritada por ligar naquelas horas, acordando a casa inteira, me desculpei no único instante que tive para soltar a voz. Você ainda me disse que tinha coragem de ligar aquelas horas e ainda por cima bêbado, um tremendo sem vergonha. Disse apenas que liguei para desejar parabéns, desejar felicidades, e perguntar se recebeu as flores que mandei. Você sorrindo ( pude imaginar), disse obrigado, que não precisava, que já estava em outra, que era hora de me tocar e deixar você em paz. Disse tudo bem, tudo bem... De lá pra cá não te liguei mais, hoje completou 1 ano que fiz essa ligação e que não tenho notícias tuas. Fiquei sabendo que você terminou sua relação, que não foi aquilo que você sonhou. Espero que você não esteja lendo essas linhas, mas eu não te esqueço, nunca se pode banhar na mesma água de um rio, mas quem sabe isso não é possível?

Até.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

O despertar de cada manha, o sol dando as caras no horizonte, e aqui dentro esse vazio que não tem fim. Esse desespero que nada preenche, essa saudade que nada diminuí, esse pigarro denunciando a fumaça inalada. Taças e mais taças de vinho, garrafas espalhadas pelo o canto, da janela deste edifício nessa manha intediante, vejo crianças brincarem e uma nova esperança surgir. Reparo no vai-e-vem das pessoas, reparo na sinfonia das buzinas da metrópole cinza. Percebo que passei a minha infância, a minha adolescência, brincado e correndo nessas velhas ruas, que não saem da minha lembrança. Vejo o tempo correr, e nada parece mudar, o desespero vem ao meu alcance e essa saudade enorme da tua luz. Me olho no espelho e não me conheço, percebo que há dias minha barba anda por fazer, me envelhecendo ainda mais. No meu blogue as mesmas estórias de sempre, os mesmos vazios nas entrelinhas escritas. Tudo parece cinza, nem mesmo a claridade dessa manha, que entra pelo o vão da cortina, parece mudar algo. O café preto, amargo, junto com as torradas com manteiga, é a cura da ressaca, revelando que mais uma noite de insônia e de embriaguez. Já não te reconheço, teu retrato na minha estante, teus livros misturados ao meu, folheio, e sinto você. Penso em quais versos você gostou mais, penso no que você pensava enquanto lia aquelas linhas. Tudo virou pó, tudo ficou cinza. Hoje tentando conter essa escuridão aqui dentro, escrevo essas mal traçadas linha, pondo para fora, algo que não quero mais aqui dentro, como disse ainda existe o cantar, ainda existe a manha, ainda existe o céu, ainda existe o mar.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

O despertar de um novo dia se torna mais belo, quando estou com você. A chama que arde aqui dentro, que não revelo, arde em segredo. O desejo de tornar tua vida mais bacana, diminuir teu tédio, aliviar teu tormento. Fico feliz quando transcrevo por aqui algo que te faça melhor, e melhor ainda quando você passa por aqui - lendo essas mal traçadas linhas, posso imaginar teu sorriso ai do outro lado, na escuridão da noite, no silêncio da alma, valeu!!!

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Quando a tristeza quer chegar, me aqueço na luz do teu olhar. Quando o fim parece próximo, é no teu corpo a calmaria que encontro. A luz que nele desperta, a paz que nele exala, o perfume que desperta feito o orvalho da manha. Quando a noite surge estrelas no céu, quando o silêncio se anuncia, é a música do teu corpo a minha sinfonia. Quando ouço o sussurrar sair dos lábios teus, quando o meu corpo cola no teu corpo suado, quando a gente se cansa de tanto se entregar, quando nos embriagamos um do outro, uma nova manha surge para dizer que além de tudo, existe o se perder para se achar.
Existe um mundo de emoção em mim,
existe um oceano que separa o meu amor do teu.

Existe um cantar, existe uma saudade que não tem fim.
Existe um samba para cantar nas madrugadas solitárias.

Existe mágoa, alegria e prazer.
Existe o amanhecer, enxugue o pranto, sorria
pois além disso tudo, vale a pena viver.

Existe a imensidão dos olhos teus,
existe teu sorriso assim,
existe o mar, para navegar-mos.

Existe sei lá como existe este amor assim,
que não se cala, que não contenta, te ver longe assim.

Existe não sei como existe, um poeta vagabundo assim.

Existe apenas existe, um cantar, para te alegrar.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

BUTECO

Quando criei este blogue, a intenção era escrever sobre causos - butequeiros. Tudo que eu mero aprendiz de cachaceiro ouvia naquela espelunca. As coisas tomaram rumos diferente, escrevi alguns textos pessoais, outros uma crônica sobre a vida, e assim foi. Acabei deixando de lado, o meu lado butequeiro. Motivo? Uma carne de porco me fez distanciar alguns dias da espelunca. Comi um pernil, para ser preciso duas fatias de pernil ao molho de abacaxi, que me fez um mal danado. Me fazendo parar no hospital em plena segunda-feira, troço que não admito. Fui exigido tomar uma cartela de anti-inflama-tório durante 5 dias. Troço que me fez um mal ainda maior que a maldita carne de porco. Hoje um tanto sarado dos males causado pela carne, não comparecei no buteco hoje. Fato que lamento profundamente, lamento pela ausência dos amigos, lamento pela conversa aliviadora depois de uma semana triste, lamento pela falta da cerveja correndo pela guela abaixo. Hoje não estarei lá, fisicamente, mais de algum jeito estarei por lá, rodeado dos amigos que tanto amo - naquele canto escondido dos canalhas, naquele manto imundo cravado na minha lembrança, saboreando uma cerveja gelada, e uma cachaça mineira.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

ADEUS

- Adeus.

Foi a última palavra que escutei da tua boca. Ainda recordo momentos daquela noite, sua conversa triste, seu riso contido, suas lágrimas escorrendo pela tua pele. Fiquei parado, trancado, no momento tudo ficou imóvel. Voltei para mesa, pedi uma dose de cachaça e uma cerveja. Você foi embora, lamentando tudo aquilo que estava acontecendo, mas era pra ser assim. O amor tinha chegado ao fim. Lágrimas escorria pelo o meu rosto, tudo passava pela a minha cabeça. Nossas juras, nossos corpos entrelaçados, tua pele branca, teus cabelos encaracolados, teu perfume, tua fala, teu sexo. Sem me dar conta do momento, sem entender tudo aquilo que se passava, o alento era a bebida. Já embriagado, sem reparar ao redor, sem reparar que o bar já encerrava o expediente, que apenas os boêmios insistiam em beber a saideira. Hoje recordando tudo isso, como num filme um close-up, pude perceber que ainda a saudade que eu sinto de você é enorme. O silêncio que restou à nos é enorme. Já não existe a presença, já não existe a tua fala me acalmando, já não existe mais a luz do teu olhar a me iluminar nas noites de loucura. Já não existe mais nada, a não ser lembrança, e tua ultima palavra: adeus!

terça-feira, 6 de outubro de 2009

RAPIDINHA

Aqui estou, sentado na velha cadeira giratória de sempre, na mesa, uma garrafa de cerveja, e um maço de cigarros é minha companhia. Na vitrola a mesma melodia triste de sempre, junto dela o meu jeito de amar, e minha poesia errante. O tempo passou, não mudei. Acabo de ler suas linhas, pude perceber que nela nada explica, o que não tem explicação. Li uma vez que o amor é o silêncio entre duas pessoas. Esse silêncio entre a gente é o nosso amor, que não se explica, mas que sente. De alguma maneira sou um ser diferente sem você, você me completa de algum jeito. Já falei tantas vezes, apenas mudei as maneiras de lhe dizer. Enfim, nossa estória não termina por aqui, algo mudará no futuro, e precisaremos um do outro para completar-se.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

LULA CHORA




É verdade que não torci nem a favor, nem contra, o Brasil sediar as olimpíadas de 2016. É verdade que o Brasil merece, é verdade que somos um povo maravilhoso, que o Brasil é o melhor país do mundo. É verdade que temos inúmeros problemas, sociais, educacionais, móveis. É verdade que o Rio de Janeiro é uma cidade linda. Acima de tudo isso, emocionado com o choro do Lula, ele que foi duramente criticado, que foi vaiado na abertura dos jogos Pan-americanos de 2007, pela elite podre carioca. É verdade que temos um presidente, nordestino, pobre, sem estudos, que insistemente ama o Brasil, mas que qualquer um dos governantes atuais. E por isso, choro com você Lula, neste exato momento, por tudo que fez pelo o nosso querido Brasil. E torço para que tudo dê certo, que o Brasil realmente ocupe o lugar que deveras merece.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

PARA VOCE

Conforme lhe prometi, que lhe escreveria, aqui vai. Não estou embriagado é fato, não essa embriaguez causada pela bebida. Estou embriagado é de saudade de você. Distanciado há alguns meses, ausente de você e de mim, perambulo por ai, bebo um pouco aqui, um outro tanto ali. A desculpa é sempre a mesma: a bebida me comove. Comovido neste exato momento, recordando dos tempos vividos em sua companhia, olhando o teu olhar iluminado, buscando neles a razão do meu existir, procurando neles o caminho da felicidade. Recordo do seu sorriso, neste exato momento sorrio aqui, como um tolo eu fui. Recordo das nossas idas e vindas por ai, na cidade cinza, me recordo dos constantes telefonemas dados, recordo das suas brincadeiras, recordo das minhas cartas escritas para você, recordo dos tempos em que contava os minutos para te ver, recordo da seleção de músicas que fiz para você ter um cd gravado apenas para você, recordo dos nossos cafés da tarde, na qual levava teu pão, recordo das minhas viagens levando você dentro de mim, para que junto de mim pudesse viver aquele momento junto à mim, recordo das músicas que escutávamos dentro de teu carro, recordo dos abraços carinhosos trocados, recordo das nossas conversas saboreando uma cerveja. São tantas recordações que seria incapaz de aqui coloca-las. O tempo se foi, tudo mudou, ou não? Não somos as mesmas pessoas do passado, já não somos um tanto presente um na vida do outro. Não deu certo me perdi, não fui capaz de aceitar apenas tua amizade, quis ir um tanto além, e não cabia nada nesse além. Desejei ser um tanto mais presente em sua vida, desejei lhe dizer juras de amor eterno, desejei colar meu corpo no teu, desejei beijar teu sexo, desejei teu amor. Os desejos foram maiores que tua vontade, hoje em algum canto da cidade você vive, hoje num outro canto da cidade, procuro esquecer tudo isso, hoje escrevo essas mal traçadas, como fiz tantas outras vezes, hoje apenas o que desejo é que adormeça no meu peito, essa eterna chama que não se apaga, essa eterna chama que é amar você.

TELEFONEMA

Ontem recebi dois telefonemas de uma mesma pessoa, não conhecida pedindo socorro dizendo que foi roubado. Sem saber o que dizer no momento, apenas escutei o pranto alheio. Ele chorava, suas palavras saiam emboladas, clamava por socorro. Fui capaz apenas de lhe dizer: tenha calma, tenha calma... Sem saber quem era essa pessoa, o que tinha acontecido com ele, o que tinha sido roubado dele, foram indagações que fiz. Fiquei com este telefonema o resto do dia na cabeça - misturei os fatos, já que para piorar a situação estou lendo um livro que relata o cotidiano da violência no Rio. Sem conseguir fechar os olhos sem imaginar na cena, o desespero do rapaz, implorando por ajuda do pai, o caos que se tornou essa porra toda. Não sei daonde surgirá a luz, mas algo tem que mudar nessa porra toda, seja com ajuda de Deus, ou do Diabo, vai mudar.