quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Cigarro, noite, escuridão

Para uma menina do Oeste do Paraná

Acendo um cigarro enquanto caminho pelas ruas, um passeio noturno, sem a badalação do dia. Pensando um pouco na vida, na saudade que você me remete ao longe. O meu riscado de outrora já não é o mesmo. O meu silêncio se rompe quando escuto um verso de samba - cantarolo, vou caminhando. A escuridão me persegue pelas esquinas, que tanto me conhece, o vazio é o mesmo. A vida noturna, os porres, a saudade, pensamentos que não me deixam. Tudo se confunde a medida que a distância aumenta. O tempo o velho tempo, não é capaz de apagar você da minha lembrança, nem da minha melodia. A batida na porta da frente, o silêncio do teu ser, tua distância errante, nós que sempre fomos unidos outrora. Minha voz rouca quebrando o tédio de tua vida, o meu despertar querendo lhe ver, teus passos ao meu lado, tua alma ali próxima a mim. Vontade de lhe agarrar, lhe arrancar tua roupa ali no meio da rua, no meio da multidão ao meio dia. De querer lhe dizer as coisas mais bonitas que já mais disse para alguém. Mas a distância me impede, a distância física de você. Imagino por onde andarás, que rumo tomou, depois daquela noite e de minha fala para ser esquecida. A solidão que me acompanhou na bagagem, o silêncio da tua alma. Os passos se perdem, querendo o silêncio, caminho reparando nas estrelas, digo para mim que não me embriagarei pelo o menos hoje. Sorrio, digo que só dói quando rio, que já estive melhor comigo e com você. No meu bolso uma carta uma estúpida carta, que não lhe enviei por medo ou vergonha. O silêncio se rompe, aproximo do butequim, meu velho e querido butequim, aonde a saudade dói mas é menos dolorida. Peço a primeira do dia, rompo com o meu pensar, digo que não dá para ficar sem beber, enquanto a saudade de você apertar o meu peito. Tudo parece mudado, à lamentar, me vejo na face de um velho bebum, que insiste em me oferecer uma cachaça - rindo, parece zombar de mim, parece querer dizer algo no meio de sua loucura diária. Me afasto não quero papo, apenas quero o silêncio da minha alma, minha velha solidão como companheira, a me acompanhar nas noites noturnas. Meu olhar começa a se perder naquilo tudo, a bebida rompe o peito, meus olhos marejados remetem ao passado tudo aquilo que um dia sonhei, tudo aquilo que lhe quis. Volto para bebida, volto o meu olhar no presente, dou risada, digo a mim mesmo o quanto tolo sou, por acreditar em certas tolices, meu coração de menino de vez enquando vacila. Se perde, mas encontra o rumo, o rumo da despedida, o rumo da vida, mesmo errando as ruas, encontra as esquinas, a lamentar ausência de você menina.

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