domingo, 15 de agosto de 2010

Se é tarde ainda não sei,
as luzes começam aparecer.

A noite talvez se foi,
certeza de que o dia virá.

Apagará a escuridão,
fará esquecer a solidão, quando se misturar na multidão.

Sua imagem ainda me acorda,
logo viro pro lado,
tento esquecer,
mas acordo no afago.

Rabisco versos no decorrer do dia,
esqueço que rotina tu não faz mais parte,
silêncio as dores, logo vejo nos arredores,
mulheres querendo paixão,
sonhando desejos maiores,
perco-me és verdade,
tudo misturo, nada acho.

Entrelinhas é o que trago no peito meu amargurado,
talvez um copo de cachaça ou talvez um de vinho,
somos assim: diferentes porém com o mesmo sabor.

RECADO ESQUECIDO PARA TI.

Você partiu naquela manha fria, deixando apenas um recado sobre a mesa. Ficaram resquícios ainda em mim, depois da tua partida, ainda doem as feridas, mas nada me doe mais do que ver no cinzeiro as guimbas dos cigarros manchadas de batom, essa imagem é a que mais me vem na lembrança. Fecho os olhos olhando teu retrato, quero buscar no passado tuas marcas de batom espalhadas pelo o rosto meu, aquela cor que sempre adorei, aquele cheiro, espalhados na minha pele. Você partiu nunca mais lhe vi, nunca mais soube noticias de ti, confesso que não fui atrás, confesso também que tenho medo de saber de você, no fundo renascer aquela velha sombra do amor esquecido como se fosse a guimba no cinzeiro ou aquele resto de vinho na taça de cristal - o que sobrou foi este alento esquecido de ter tido você por alguns dias, em acreditar que o amor ainda é a ferida tão necessária, que a dor da partida, mancha o momento do encontro, que as juras jamais serão esquecidas, ainda mais no peito de pobre poeta que aqui tenta escrever com linhas aquilo que a vida não deixou escrever com paixão.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

O vento que sopra nas janelas esfria o meu ser, me asseguro que tudo esta trancado, abro o guarda - roupas atrás de uma coberta que esquenta o frio imenso que faz aqui no sudeste. A velha taça de vinho o meu alento envelhecido nos tonéis ajuda a suportar a rotina árdua de trabalho. Na velha vitrola a mesma canção que toca, peito amargurado de saudade de você, de tudo aquilo que sonhei em lhe dizer naquela tarde calorenta de novembro quando enfim lhe vi pela primeira vez. O perfume que senti na tua pele, o lenço em volta ao teu pescoço, tua voz macia, teus olhos nada serenos. Vire e mexe lembranças me invadem, nessa tarde fria de agosto o que arde aqui dentro é a saudade absurda que sinto de você. Tantas coisas para lhe  dizer, mas acredito que você não queira ouvi-las, embriago-me sentado na cama, a luz apagada do lustre, o teto escuro, sinto-me prisioneiro da tua poesia melancólica. Ensaio pegar o telefone e te ligar, um instante único revela o delírio irradiante do meu ser, desligo a sensação, me calo, nada falo. Penso no que poderia lhe dizer para quem sabe você enfim perceber a falta que tu faz ao meu ser. Escuto sambas antigos, coração despedaça, ouço aquele tango, que naquele noite fria ensaie colocar para você. Percebo que muito tinha para lhe dizer no instante que pus os olhos em você, mas nada disse, virei um ser a esperar o tempo, me dar a oportunidade de lhe dizer. Pode parecer algo inoportuno, talvez difícil de acreditar, mas o é o meu ser longe de você, o que é escrever sem ter você para lhe dizer. O vazio penetra as linhas deste texto, mistura a embriaguez com a solidão, e a falta de algo para crer que é preciso existir, não se deixar levar pela imensa solidão do mundo. Tudo se confunde ao mesmo tempo que tudo parece concluído, mas lá no fundo uma luz invade tudo, brota com o orvalho da manha, com a garoa fina que molha meus cabelos finos me entregando numa boemia qualquer a espera de você chegar a qualquer instante único que seja, para quem sabe enfim me embriagar no perfume que exala tua pele, me perder nos horizontes sombrios que habita o teu, quem sabe possa haver oportunidade, quem sabe, apenas espero o sol na manha seguinte para que possa enfim levantar sorrido

domingo, 8 de agosto de 2010

PAI

Comovido por dois motivos: samba e o dia dos pais. Tenho para mim, a importância imortal dessa data. Uma velha fotografia amarelada no meu criado mudo, me remete ao passado, um velho copo de cerveja me emociona. Hoje é dia dos pais, o orgulho que tenho do meu velho, mesmo tendo errado inúmeras vezes, pois é mortal, como todos nós dedico a ele meus sinceros agradecimentos, por ter me tornado o que me tornei, graças a tua sabedoria, a tua simpatia, a tua humildade e teu desligamento do mundo material, me incentivou a correr atrás dos sonhos, a buscar sempre o que queria, mas nunca esquecendo da honestidade, da simplicidade. Pai te espero aqui, para nos encontramos em volta daquela velha mesa, atrás daquele copo de cerveja ( que tu não bebe mais), mas que este velho filho honra tua embriaguez de outrora - te espero assim meu caro pai, no sol que sai lá fora, para iluminarmos nessa tarde prazerosa de domingo, ande a vida se torna menos sofrida. Valeu meu caro, pai! Que conservai por o tempo que resta a nossa união nessa terra, este teu semblante me dando paz e amor.

domingo, 1 de agosto de 2010

O silêncio da madrugada se faz presente. A cidade esta vazia, o silêncio reina por entre os prédios. Olho ao meu redor, tudo que vejo é o silêncio e as luzes apagadas. Imagino o que se passa nos prédios vizinhos ao meu, imagino o que acontece ali dentro. Meu cigarro aceso nos lábios, se acaba lentamente, o copo de vinho na minha mão é o meu companheiro, na sacada do prédio a solidão é tamanha, o vazio mistura com o espaço vazio deixado por ti. E aonde me encontro nessa noite vazia e fria, aonde buscar o continuar perante ao vazio inerte - aonde buscar teu cheiro, aonde buscar o teu ser, aonde encontrar a paz que tu me trazia. Tento te ligar, quero saber como anda você, mas desisto, ao teu lado um novo ser te preenche já não há espaço para dois na tua vida. Me volto para dentro de mim, querendo saber o porque essa busca incessante por ti, não encontro resposta, parece tudo esquisito, parece tudo apagado, tudo escondido. Assim como a cidade me esvazio nas noites frias, me perco no imenso espaço de mim, e assim a espera da multidão do dia seguinte, me deito, morro, na espera do novo dia para quem sabe nascer novamente.