quarta-feira, 30 de setembro de 2009

SOLANO TRINDADE

Sou um leitor de poesia, embora o que eu escreva esteja pra lá de qualquer coisa, menos poesia. Um poeta que vem me chamando atenção é o poeta Solano Trindade, que também foi pintor, teatrólogo, ator e folclorista. Solano nasceu em Pernambuco em 1908, conhecido também como poeta negro ou poeta do povo. Sempre com sua poesia militante, vem me incentivando a buscar a conhecer mais as causas, e raízes negras. Deixo aqui um de seus poemas.

Tem gente com fome

Trem sujo da Leopoldina
correndo correndo
pra dizer
tem gente com fome
tem gente com fome
tem gente com fome

Piiiii

estação de Caxias
de novo a dizer
de novo a correr
tem gente com fome
tem gente com fome
tem gente com fome
Vigário Geral
Lucas
Cordovil
Brás de Pina
Penha Circular
Estação da Penha
Olaria
Ramos
Bom Sucesso
Carlos Chagas
Triagem, Mauá
trem sujo da Leopoldina
correndo correndo
parece dizer
tem gente com fome
tem gente com fome
tem gente com fome

Tantas caras tristes
querendo chegar
em algum destino
em algum lugar

Trem sujo da Leopoldina
correndo correndo
parece dizer
tem gente com fome
tem gente com fome
tem gente com fome

Só nas estações
quando vai parando
lentamente começa a dizer
se tem gente com fome
dá de comer
se tem gente com fome
dá de comer
se tem gente com fome
dá de comer

Mas o freio do ar
todo autoritário
manda o trem calar
Psiuuuuuuuuuu




quarta-feira, 23 de setembro de 2009

SEU LUIZ E DONA MARIA

O tempo não passa, enquanto existir saudade...

Fiquei sabendo dessa estória há poucos dias atrás, pelo o próprio seu Luiz. Seu Luiz me contou, ou melhor me confidenciou que desde da morte de Dona Maria, para ele a vida havia parado, havia desistido de viver depois da partida de Dona Maria. Eles foram casados 40 anos, tiveram 7 filhos, e uma quantidade enorme de netos. Por muitos anos Dona Maria, foi minha vizinha junto com o seu Luiz. Uma grande parte da minha infância foi passada em sua casa, na companhia de seus filhos. Me recordo de tantas estórias e lembranças ali vividas. Brincadeiras, sonhos, brigas, tudo isso. hoje um pouco mais crescido, um pouco mais esperto em relação à vida, posso compreender o que passa com o seu Luiz. Ali na sua casa, presenciei entre os dois cenas lindas, de companheirismo, de compaixão, de amor entre os dois. Dona Maria, sempre foi dona de casa, alegava que não precisava trabalhar, que sua vida era cuidar dos filhos, educar para um futuro melhor. Há poucos anos atrás, com o seu Luiz aposentado, depois de trabalhar arduamente 30 anos numa mesma empresa, conseguiu se aposentar, realizando seu velho sonho de terminar a vida ao lado da sua esposa numa cidade qualquer do interior paulista. Realizaram todos os sonhos, viajaram bastante, consertaram à casa que havia comprado, deixando assim a casa enorme para melhor aconchegar à todos. Como disse no começo deste relato, Dona Maria, partiu aos 59 anos de idade, de infarto fulminante. Deixando todos tristes e solitários. Fiquei sabendo de sua morte, quando realizava uma pequena viagem a minha querida Minas Gerais, sua morte, causou em mim um impacto muito grande. Ainda recordo da voz triste e calada, de minha mãe ao telefone, informando do seu falecimento. Sentei numa mesa de um buteco, pedi uma cachaça e uma cerveja e fiquei a-lembrar do passado. Quando voltei de lá, para cá, estava triste com sua partida, minha mãe me disse que todas suas amigas estavam partindo - que a morte era cruel. Tinha toda razão. Mas voltando ao papo que tive com seu Luiz, ele me disse que era um amor eterno que sentia pela dona Maria, que nesses 40 anos que havia vividos juntos, nunca houve nenhuma espécie de desrespeito por ambas as partes. Me contou também de todos os problemas que juntos enfrentaram, um na companhia do outro. Escrevo este texto, em dias tão individualistas, que casamentos duram no máximo 5 anos, é um belo exemplo de vida. Sua dor eu não sei medir, é uma dor que não passará, mesmo que o tempo passe, não mudará. Me contou que não consegue ficar na imensa casa sozinho, que olha para todo e qualquer canto, e lembra dos pitacos dado por ela na construção da casa, dos pitacos, nas arrumações. Que olha para os móveis, para os equipamentos eletrônicos, e vê o vazio, deixado por ela. O silêncio de uma casa vazia, é maior que um silêncio numa catedral, é um silêncio que fere, que causa sofrimento e dor. Me disse, que a vida, não é nada demais, que a todo instante se cai e nem sempre se levanta. Disse também que foi o baque maior que levou nesses 63 anos de vida, que nem a morte dos seus pais doeu tanto com a morte da esposa. Disse que a cura para os males, estava no bate-papo que tinha com os amigos, que sentava no buteco, mesmo tendo parado de beber há anos, era ali no bate-papo com os amigos que tirava o alento para seguir em frente. Disse também que adorava conversar comigo, que apesar da minha pouca idade, era um bom sabedor das coisas da vida, que tenho um papo bom. Seu Luíz, com essa dor dele, me convenceu a parar e pensar no que realmente vale na vida, eu que diga de passagem nunca fui um cara materialista, nunca liguei para coisas materiais, ouvir seu lamento me deixou realmente abatido e triste. Pude perceber o que realmente importa nessa curta passagem por essa terra, importa é o amor, é fazer o bem, é ser uma pessoa melhor, é escrever mesmo sabendo que não importa mais uma estória, é escrever um poema para a pessoa que ama, é tocar uma canção, é dançar junto a valsa da vida, é amar os defeitos, é sonhar com a plenitude, é escutar do silêncio do companheiro o conforto, é encontrar nos olhos da pessoa amada a estrada para seguir em frente, mesmo que em enfrente não signifique mais nada.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

É VERDADE

É verdade que tudo é passageiro, e nessa viagem vamos indo. É verdade também que desprezamos nossa tristeza, é empurrado à nossa goela abaixo o riso, à falsidade, mesmo quando desprezamos tudo e todos e se trancamos no quarto da tristeza e da solidão. É verdade que depois de amanha desprezamos a melancolia e voltamos a sorrir. É verdade que algum canto da cidade você se encontra trancada na chuva interna que tomou posse de você, é verdade no seu criado mudo, uma taça de vinho é companheiro nas noites de frio e solidão. É verdade que naquelas linhas escritas pelo o poeta, você encontra o alento para seguir adiante. É verdade que não componho blues, olha lá um samba, é verdade que aqui dentro, dentro do coração ainda resta os sentimentos por você. É verdade que amanha tomarei um porre certeiro, querendo esquecer você, é verdade que amanha você completa anos, e ao seu lado o outro irá sorrir, e lhe dizer juras de amor eterno, é verdade que nunca te esquecerei, é verdade que amanha sofrerei a eterna agonia de lhe ver feliz com outro, que não é o meu ser.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

CHUCK

Depois de um dia longo e corrido. Com os nervos à flor-da-pele, resolvi dar uma pausa de alguns compassos, não que seja para ver as meninas, mas tão bela como se fosse, uma pausa para dar um pulo até o buteco. Depois de muita correria é chegada hora de tirar o pé, esvaziar a mente, papear, e nada melhor que o buteco. Não é preciso dizer em qual bebi essa noite, acredito que vocês meus fiéis leitores já imagina qual é. Caia uma longa garoa fina, noite fria, ideal para tomar uma bebida quente acompanhado de uma cerveja. Os amigos reunidos, colocando para fora seus assuntos, que são vários diga de passagem. Mas o assunto que mas me deixou inculcado digamos, é o sumiço do Chuck, isso mesmo do Chuck. Apelido dado por um grande amigo meu, ao mais bebedor daquela espelunca, devido à sua semelhança com o ator americano Chuck Norris. Chuck, é um velho conhecido de todos por ali, bebedor nato, para não chamar de cachaceiro, apelido que não gosto. Chuck, não dá as caras naquela espelunca já faz 15 dias. O malandro que mora em frente ao buteco, atravessou a rua chegou. Já havia escrito aqui o sumiço de um outro bebedor que tomou um chá de sumiço. Assunto que vem me assustando, é o sumiço destes malandros, que ninguém sabe. Corre a lenda, que o Chuck fez uma promessa de nunca mais beber, e por isso não tem segundo o que conta motivos para pisar num buteco, o que discordo plena-mente. Chuck, confesso que esta fazendo falta, cabra sem brincalhão, generoso, bondoso, sujeito engraçado. Quando estava de pileque teimava em pagar cerveja para todos ali presentes, sempre dizia, que o dinheiro para ele não tinha importância, o que realmente importava era todos ali bebendo, a comunhão de todos. Dizia também que sua vida não tinha graça, depois de tanta desgraça e solidão nos últimos tempos, sua vida não valia nada. Teimava que a bebida era a cura para sua desgraça, que só largaria a mesma, depois de morto, e se Deus deixasse, desceria até a terra para comprar algumas ampolas, para ver lá de cima bebendo umas os seres humanos se matando aqui embaixo. Espero que o malandro volta na praça, e com ele volta alegria de realmente se poder beber na comunhão dos amigos, celebrando a glória de estar vivo.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

GERAIS, GERAIS

Um dia, te direi,
minha gerais, quanto encanto,
me causa, seus vales, suas montanhas,
seus poetas, seus cantadores.

Um dia quem sabe, cantarei,
para o mundo, teu cantos e encantos.

Quem sabe, Gerais, tu não ficas conhecida ainda mais?

Quem sabe, Gerais, poderei me enfartar numa tarde ensolarada,
tomando cachaça debaixo de um jequitibá.

Quem sabe, se a tua culinária à base de fubá, carne de porco,
não me matarás de gula.

Quem sabe, embriagado, por tua água, pescando nos rios,
eu não me esqueça, que viver vale a pena, se alma não for pequena.

Quem sabe, Gerais eu não me apaixono por uma morena, e vá morar,
nas suas montanhas.

Quem sabe, Gerais, não escreva um livro de poesias, para nas noites de lua cheia,
declamar.

Quem sabe assim sonhando, eu não esqueça um dia de acordar,
quem sabe, Gerais, um dia me enterrar nas suas terras.

Quem sabe, Gerais, o meu encanto por você, que não largarei nunca, jamais.

sábado, 12 de setembro de 2009

Para Marina.

Era uma tarde qualquer, tempo fresco, tarde cinza, aquelas que não se espera nada, e ao mesmo tempo tudo. Você chegou, vestida numa blusa azul, com algumas estrelas, calçando um tênis branco e calça jeans. Me pareceu a primeira vista, uma menina. Veio irradiante, dando um daqueles sorrisos lindos que só você sabe dar, olhos cravados ao meu, revelando a imensidão do teu mar. Daquele instante até hoje, o que me lembro de ti, é o seu olhar. É dele que sinto mais falta. Como disse era uma tarde qualquer, no começo, depois, uma tarde para nunca mais esquecer. Era a primeira vez que te via, era a primeira vez que escutava tua voz, que sentia seu perfume. Sentamos naquela mesa na calçada, depois dos comprimentos, uma cerveja para acalmar o momento. Ficamos ali por horas, batemos papo, falamos, escutamos, colocamos para fora todos os sentimentos, toda a revolta com o mundo. Você sempre sorridente, jeito leve, me contava sobre a festa do fim do ano, meus olhos perdidos nos teus, revelava que naquela noite que vinha, iria acontecer algo à mais. O papo estendeu, a sede aumentou, perdemos o medo, começamos a se soltar mais. Lhe presenteie com um livros de poemas " da mina do leminski", você com um sorriso ainda maior, me agradeceu, escolhendo um poema para mim. O tempo passava rapidamente, sem me dar conta, tinha sentido algo a mais por você. Me reservei naquele instante, admirar você ainda mais. Depois de vários papos, algumas doses de cachaça, resolvemos ir para o samba, que você tanto adora. O percurso foi rápido, pegamos ônibus, já que tanto eu como você não dirige. Você se mostrava feliz, empolgada, com mais uma noite de samba-de-bamba, daqueles que espanta tudo de ruim. Chegamos na casa um pouco cedo, mas o samba comia solto, pedimos mais uma garrafa de cerveja e dois copos. O meu olhar se perdia naquele ambiente, e se encontrava no teu. Num breve instante teus lábios finos, cravou-se aos meus. Nos beijamos longamente durante alguns segundos, e pude perceber, que tudo pode acontecer sem esperar. Você me abraçava, eu te beijava. Ficamos ali, naquela noite, o meu olhar era teu, o meu olhar de embriagado. Você reclamava que o lugar estava cheio, queria ir embora. Partimos rumo a teu apartamento. No caminho pensava em você a todo instante, pensava no teu corpo colado ao meu, na tua pele branca. Sentia uma imensa vontade de agarrar você ali mesmo, no banco traseiro do taxi, mas me contive. Te amei ali, naquele instante. Entramos no apartamento, que mal me lembro, nos jogamos no sofá, a todo momento eu olhava nos teus olhos. Tocava teus lábios, como se fosse, dois potes de mel. Teu corpo pequenino, teu jeito de menina, que esconde uma grande mulher, uma grande guerreira. Me contava da sua vida, enquanto algumas músicas tocava na vitrola. Nos perdemos naquele instante, partimos rumo a cama, sentia teu corpo no meu, beijava você locamente, uma vontade de percorrer teu corpo com meus lábios, de lamber teu sexo, e fazer você delirar de prazer. A madrugada era a nossa companhia, dois corpos, se entregando na ânsia de se encontrar. Beijava teus seios macios, percorria teu corpo, beijava todas as partes. Assim foi a madrugada, nos perdemos, dormimos. Acordei durante toda noite, sem dar conta do que havia acontecido ali naquele quarto. Lá fora, o dia amanhecia. O céu amarelo, alaranjado, revelava que era hora de partir, beijei tua face, como um pai faz com o filho, e naquele instante, pensei foi apenas aquela noite, nada mais. Hoje o que guardo comigo aqui, é o teu livro, e a imensa saudade de você.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Estou de fato, voltando a freqüentar o meu buteco. Digo meu buteco como se fosse meu, porque lá é o meu lar, lá me sinto bem. Fiquei alguns dias sem pisar por lá, com isso perdi os causos, as fofocas, os porres, perdi muita coisa. Acompanhei mesmo que distante o sumiço do Belchior, que por sinal gosto muito, sei que estou misturando água com vinho, mas explicarei. O Belchior tomou um conhaque de sumiço, foi parar no Uruguai, o seu Antonio, fez o mesmo. Quem é o seu Antonio? Seu Antonio, é um cabra matuto, cabra esperto, boêmio, sambista, grande malandro, freqüentador assíduo daquela espelunca. Malandro inteligente, gostava muito de conversar com o cabra. Só com o sumiço do Belchior, seu Antonio resolveu fazer a mesma coisa, sumiu, ninguém sabe aonde foi parar. Os vizinhos não vê ele entrando e nem saindo de casa, os donos de bares, penduraram as contas dele no prego - querem mais que ninguém saber do sumiço. O sumiço ninguém sabe dizer, o que pude apurar na noite de ontem, é que seu Antonio, andava cabisbaixo, sem fala, quieto, tomando todas, como diria o baixo: secando o rio São Francisco inteiro. Saiu do bar na sexta-feira, e não voltou mais, uns dizem que o viram na madrugada de domingo para segunda-feira no ponto de ônibus, outros dizem que os móveis estão la dentro da casa, ninguém o viu com alguma espécie de mala. O mistério continua, vamos ver aonde o mistério vai dar, o que sei é o fantástico não fará entrevista com o próprio. É por essas e outras que o meu lar é o buteco.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

A noite caia lentamente, poucas estrelas no céu - a cidade voltava a ficar cheia, seus moradores, voltavam. Alguns lamentando o fim do feriado, o regresso a rotina, o regresso ao vai-e-vem, o trânsito, o stress, tudo o que tem direito. Sem abandonar digamos assim a minha querida cidade, passei os três dias bebendo uma sede incontrolável uma vontade de secar o rio negro inteiro. Hoje o último dia de beberagem, regresso do bar há poucos instantes, bêbado e feliz. Percebendo aos poucos que ficar em casa em dias de feriado é um tanto depressivo. A televisão não presta, o rádio também não presta, nos shoppings o tédio, nos parques o transito. O que fiz? Bebi. Essa é resposta ideal, não colocarei o pé direito para começar a semana, e sim o esquerdo. Entrarei assim com o pé esquerdo, e o bolso furado. Deixei minhas poucas economias no buteco, não tenho um tostão, isso que o começo do mês mal começou. Acho eu, que beberei mais um pouco antes de dormir, é, isso que farei, a noite esta bonita, minha solidão é grande, minha saudade de você é grande, ter te encontrado no supermercado ao lado do seu amante, não me fez nada bem, mas tudo bem, a vida é assim, e quando ela for assim, beberei digamos que um tanto.
O que me atrai em você, não é aquilo que esta amostra, revelado, o que me atrai em você é que esta guardado. Decifrar cada centímetro do teu corpo, buscar cada suspiro, sentir tua alma, sentir teu ventre, ouvir teus gemidos de amor depois de uma noite de amor e paz. Isso é que me faz sentir cada vez melhor na tua companhia. Não te amo, não te gosto pelo o que tu és, e sim pelo o que falta decifrar. Mergulho a todo instante nas profundezas do teu ser, em busca daquilo que possa explicar toda ansia, todo desespero quando estou sem você. Sua incapacidade de ser feliz sozinha, tua carência, tua solidão doce e calcinada, tua paz, teu sexo, teu ventre. A cada mergulho dentro de si, regresso um pouco mais apaixonado por você, esse breve despertar a cada dia, a cada instante, ao teu lado, a luz da manha alaranjada penetrando o nosso quarto. Teu corpo descoberto, mostrando a beleza descoberta. O que me atrai em você, é o que não esta amostra, o que me atrai em você, é o que você não revela há qualquer um, o que me atrai em você, é o sentir, é o tocar, é o ser, o que me atrai em você, é esse meu jeito simples de poder fazer você feliz. O que me atrai em você é a todo instante pensar num poema para te dizer, o que me atrai em você é o que não descobri.

domingo, 6 de setembro de 2009

sábado, 5 de setembro de 2009

Para Ana.

Já se passava algum tempo que não lhe via, que não tocava tua face branca. Sua imagem me fazia uma surpresa todas noites. Os lençóis ainda amassadas depois da noite de amor e juras, revelava a saudade do teu corpo macio e puro. Na minha boca ainda restava o sabor do teu sexo. A noite caia longamente, o relógio na cabeceira da cama, marcava as mesmas horas. A taça de vinho vazia, revelava a sede do teu corpo, a sede do teu sangue misturado ao meu. Olhava pela varanda e nada via, a não ser o silêncio e a solidão de mais uma madrugada. Imaginava aonde estaria você neste momento, e o que estaria fazendo, depois da nossa despedida. Seu cheiro ainda era sentido pela casa, as pegadas dos seus pés molhados ao sair do banheiro ainda era vistas, parecia não secar com o tempo, revelando o caminho percorrido pelo o teu corpo até se grudar ao meu. Seus gritos e sussurros não sai da minha mente, neste exato momento, na solidão fria sem o teu corpo quente, pude perceber o amor que sinto por você. Ainda lembro da primeira vez, que o meu corpo grudado ao teu, sussurrei baixo ao teu ouvido: hoje, penetrei o meu corpo no teu, e não será fácil sair dele... Você zombava, ria, sorria, dizendo que eu era o poeta que ela mais adorava, e a todo momento dizia, para continuar falando as breguices que eu tanto falava - que nenhum ser da terra era mais romântico. A noite parecia não mas terminar, permanecemos grudados um ao outro na ânsia incessante de se juntar, de unir, o que no passado foi separado. Com essas imagens e sons, na lembrança, vou passando a noite, a delirar na janela, junto a lua e as estrelas, à pensar em você.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Havia rompido tempos atrás com o mundo virtual. Apaguei o blog que tinha, com este mesmo nome. Motivos? Foram tantos mas não relatarei por aqui. O que me fez voltar, foi essa vontade incessante de dizer, mesmo que tolices, colocar para fora tudo aquilo que esta aqui dentro. Hoje conversando on-line com alguns amigos, o assunto em pauta era o buteco, cerveja, papo, coisas do tipo, pude perceber o valor que tudo isso tem para mim. Vivendo um inferno astral imenso, foi com estes remédios ai acima, que pude voltar a rir novamente. Acabo de voltar do bar, mais leve, mais tranqüilo, pude perceber o valor da amizade, da camaradagem. Bebi pouco, devo confessar, apenas para amenizar os meus sentimentos aqui dentro, mas com a imensa certeza, que agonizo mais não morro.