quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

2011 - ANO NOVO

Queria é verdade, até imaginei, rabisquei umas palavras para dizer aqui neste espaço o que foi 2010 para mim. Não farei, ou melhor não relatarei. O meu desejo é singelo e simples; feito um feijão com arroz e angu. Que todos busquem a paz, o amor, o carinho, a vida. Que bebem um tanto menos no ano novo, ou que bebem um tanto mais para sarar dos males, que enfim consigam a felicidade plena e o ano repleto de alegrias. Que os deuses nos abençoe.


 
Axé.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Fuja de mim, faça como quiser.


Se esconda, ou esconda de mim, o que de mim lhe arde.



Esconda do mundo, meus sentimentos que lhe dei um dia.



Tão singulares, pra ti, me esquece assim como me conheceu.



Assim como o dia passa outro vem, que venha outros amores,



que apaguem aqueles esquecidos, que tragam novas cores, que pintam teu céu tão escuro.



Assim vou indo, passos perdidos no sul, atrás de uma nova estrada que me traga você.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

PESCO

É verdade que tenho abandonado muitas coisas importantes outras nem tanto, é verdade o valor que dou levando uma vida agitada 24 horas por dia é sincero. Larguei meus livros empoeirados na estante, vinis espalhados, minhas garrafas de cachaça cheias, larguei meus amores, meus sonhos e decidi fazer aquilo que realmente se vale a pena: pescar. A sensação que me dá quando subo o rio acima, pescando, escutando o cantar dos passáros, reparando nos caranguejos no mangue nenhum dinheiro compra. Por isso, tenho andado tão ausente deste espaço. Deixarei aqui um poema que remente o tenho vivido e o valor que tenho dado para certas coisas.

Pesco porque amo pescar.


Porque amo os locais onde os peixes são

encontrados, que são invariavelmente belos,

e odeio os locais invariavelmente feios

onde se encontram as multidões.

Pesco porque, assim, fujo dos comerciais

de TV, de reuniões sociais e falsas

atitudes que a comunidade nos impõe.

Porque, em um mundo onde a maioria

dos homenns parece passar a vida fazendo

coisas que detestam, minha pesca é uma

fonte inesgotável de prazer e um pequeno

ato de rebeldia. Porque os peixes não mentem

ou enganam nem podem ser comprados,

subornados ou impressionados pela força do poder,

respondendo sempre à quietude, à humildade

e a uma infinita paciência.

Pesco porque suspeito que os homens

percorrem este caminho somente uma vez

e não quero desperdiçar minha viagem.

Porque não existem telefones nos rios em

que pescamos. Porque somente na natureza

posso encontrar solidão sem abandono.

Porque o whisky que se bebe em uma velha

caneca à beira de um rio é sempre mais

saboroso. Porque talvez um dia, eu capture

uma sereia. E, finalmente, não porque eu

considere pescar algo tão terrivelmente

importante, mas porque suspeito que tantas

outras preocupações dos homens sejam

igualmente sem importância.............


.......e nem de longe tão divertidas.

Poema do Livro A truta mágica de Robert Traver

sábado, 13 de novembro de 2010

dia dela

é dia dela,
nada importa além dela.

Mulher de luta, mulher que batalha,
criou dois filhos no suor e na garra.

Aquela que tenho um imenso apreço,
aquela que sou grato por tudo o que me tornei.

Se não fui aquele filho que você desejou,
me desculpe, mas te amo.

Todas as cores, todas felicidades, toda luz e paz nesse dia de hoje.

Axé minha mãe

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

poema de primavera

Saudade de você.
Você foi embora,
eu aqui fiquei.

Mergulhei profundo,
nas profundezas,
sai quase morto.

Acordei logo vi,
tua ausência na cama.

Fazia frio, chovia e la estava fria a cama.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

MADRUGADA

É madrugada, desperto assustado. Um vento gelado entra pelas brechas da janela, fazendo um barulho apavorante. Lençóis e cobertores caídos no chão. Meus pés úmidos revelam o frio ali dentro. O velho sabor amargo do conhaque bebido na noite anterior entrega o vazio dos dias de frio. É a segunda vez que desperto no meio da madrugada sonhando com você. Acendo o abajur procuro desesperado um cigarro, lembro que parei de fumar, a luz revela a minha face abatida, não sei bem ainda se é por causa da bebida ou pelo o afastamento de você.



Recordações suas me vem na mente, é cedo para pensar em você, é cedo para despertar sofrendo. A cabeça dolorida do porre da noite passada levanta da cama, sinto meu corpo nu, um pouco mais magro, meus pés descalços tocam o chão, sinto o piso frio. Caminho em direção ao banheiro em busca de uma ducha gelada para acalmar o espírito.

Água percorre meu corpo, tocam minha cabeça relaxando os pensamentos. Recordo de você me dando banho, quando chegava bêbado vindo dos butecos. Os minutos se passam, fecho os olhos sinto a água ainda caindo. Minha cabeça ainda doe, não cumpri a promessa que tinha feito, para deixar a bebida de lado, mas nessas noites ela me afaga, ela me acompanha, ela me faz esquecer você por um único instante.

Meus pés molhados deixam marcas no chão. Caminho em direção a cozinha na procura de alguma bebida para curar a ressaca. Penso em te ligar, deixo para mais tarde ainda é cedo para te procurar. Penso em escrever no blogue, olho para o computador, volto para cama. Penso se você ainda lê este blogue, penso como anda você, mas sou um covarde confesso, quero apenas que saiba se ainda lê este blogue, me avise, é preciso ainda sonhar e acordar por você.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

JOÃO -

Perante a morte, o que resta é o silêncio de adeus...

Há poucas horas atrás recebi um e-mail avisando da morte do João. Confesso que não acreditei, como não acredito até agora. João era um sujeito do bem, trabalhador, pessoa boa, como não temos mais hoje em dia. Trabalhamos juntos na antiga empresa que trabalhei. Tinhamos em comum o gosto pela música e pelos bares mais vagabundos. Me lembro de nossas conversas sentados na cozinha, fumando um cigarro depois do almoço falando da vida, de música, de bares e mulheres. Fazia tempo que nãos nos falavamos, devido a correria do dia-a-dia, nos esquecemos. Me perdoe meu caro, pela distância, o mundo ficará um tanto sem graça. Valeu pelas dicas, pelos papos, pela companhia, vai na fé meu caro amigo.

PS: João morreu na noite de sexta-feira aos 51 anos de idade vitima de enfarte depois de uma bebeira num buteco imundo o qual ele tanto amava. 

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

CANSAÇO

O cansaço no qual me entreguei. Ele que roubou minhas forças, minhas esperanças, minhas crenças. Posso me considerar um fraco, por desistido tão precoce da luta – por não passar por cima e continuar a levar a vida, como se nada tivesse acontecido ou acontecendo. Esse mundo de bostas no qual vivemos, uns lutando para viver, outras tirando vidas. Cansei. Minha poesia chula, que tanto me motivava a seguir em frente, botando esperança no mundo, tirando pessoas no fundo do poço hoje tudo é idiotice. O calar se fez presente, o tanto faz, pra mim virou fundamental. As juras e promessas de amor se perderam no espaço. Cansei. Cansei um tanto do mundo e de mim, é preciso me reinventar, mas não encontro forças. O mundo me parece um tanto injusto, um tanto enjoativo. Me trancarei num buraco, abrirei a minha cerveja, tirarei da gaveta meu maço de cigarros de palha, e esperarei a eternidade passar, o meu sofrimento passar, e espero enfim voltar com o sorriso no semblante, trazendo novamente o amor e a esperança para este mundo, renovando as crenças no amor e na vida.

sábado, 9 de outubro de 2010

EMBRIAGARIA

Embriagaria-te a vida inteira se possível fosse.


Te cantaria, as dores, os amores, pintaria teu céu pela manha,

Apagaria tuas dores, secaria teu choro, se possível fosse.



Se possível fosse, apagaria essa saudade, encurtaria a distância,

Entre eu e você.

Se possível fosse esqueceria você,

Embriagaria outras tantas mulheres,

Mas o teu perfume, tua pele, tua alma que fascina-me.



Se possível Talita, não me esqueça, ou talvez, me esqueça me lembrando.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

ALDIR BLANC - VOTA DILMA



Tenho para mim Aldir Blanc um mestre maior. Não comentarei minha devoção sobre ele parecerá tolo, aqueles que o conhecem sabe que o cara é.  Não me surpreendeu que seu voto fosse para a nossa querida Dilma. Depois de me chatear no primeiro turno, acredito que Dilma vencerá no segundo turno, voltei nela, sem titubear, tinha certeza que não tinha errado o voto. Valeu, Aldir! Bora, Dilma!


segunda-feira, 4 de outubro de 2010

rapidinha

Tenho andado é fato, cansado de tudo e da vida. Andei mal de saúde, fui aconselhado parar de fumar, trocar a minha velha cachaça de rolha para o vinho, fazer caminhadas, e mais outras tantas coisas. Confesso que estou adorando tentar ser saudavel, o esporte parti para a pesca uma vez por mês, o cigarro ando apenas com o maço vazio, a bebida estou adorando tomar vinho chileno confesso que viciei e o melhor de tudo suco ADES, pela manha. Estou me sentindo um tanto melhor - mas é ouvir um samba e o vicio volta. Pra falar a verdade nem precisa ser samba, Milton Nascimento já me (fode), e o meu politicamente correto vai pelo o ralo.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Quantos anos que não nos víamos? Foi a pergunta que lancei a você. Ficamos meio sem jeitos em responder um ao outro. Tentamos buscar no passado a data especifica para o afastamento e nada. Não soubemos responder. Engraçado de tudo isso é a nossa relação de amizade e amor. Isso amor. Procurava no passado, aquele beijo que nos demos naquela noite de total embriaguez, encostado naquele muro, amamos, rompemos com o mundo e nos amamos ali naquele canto escuro. Hoje depois de longos anos de ausência, te reencontrei, mudaste pouco, reparei que talvez engordasse um pouco, ao contrário de mim, que engordei que fiquei mais velho tantos anos. Ao contrário daquele tempo  atrás.  Ficamos ali, sem querer dizer nada, um pouco confuso em relação ao que dizer, na verdade não queríamos dizer nada um para o outro, queríamos na verdade é nos amar, naquele outro canto escuro, naquele outro pedaço da cidade. Na verdade nos amamos pouco és verdade, devido a rotina, prometemos nos encontrar em breve – para enfim nos amar em paz, longe dos passantes, saboreando os lábios um do outro. Sem compromisso, assim como fomos durante esses anos de ausência.

sábado, 25 de setembro de 2010

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

O TREM

O Trem

Todos os dias no mesmo horário o trem parava naquela estação. De longe procurava avistar ela no meio dos passantes. Era fácil encontrá-la, se destacava no meio de todos. Cabelos loiros, longos, trajava sempre a mesmo roupa branca, salto alto, olhar pacifico, sorriso de menina. Tentava sempre imaginar o que ela fazia sempre por ali, naquele mesmo lugar, ao parar do trem na estação, ela entrava, sempre no mesmo vagão, parecia saber que ela admirada por mim, um admirador perdido no meio de todos. Ficava pensando se ela era enfermeira ou não; se iria trabalhar ou se estava voltando do trabalho. Procurava sempre ficar olhando para ela, quando meus olhos miravam os delas disfarçava olhando para outro lado. As vezes ela cuidadosamente tirava da bolsa o estojo de maquiagem, retocava os lábios com o batom vermelho, pintava os olhos, parece que se admirava ainda mais ao espelho, numa espécie de narciso. De longe pensava comigo que aquilo tudo era besteira que a mesma não precisava daquilo tudo, pois a beleza dela era irreparável, era ao meu ver divina.

Ontem o trem parou na mesma estação, e a mesma não se encontrava, tentei procurá-la no meio da multidão nada, o trem deu o apito, fechou as portas e partiu. Durante alguns minutos fiquei imaginando o que teria acontecido a ela, para que não estivesse ali naquele momento. Pensei talvez, deve estar de folga do trabalho, ou até mesmo doente, talvez perdido a hora, ou levado o filho ao médico (teu rosto me dizia que era mãe), pensei que tudo aquilo era bobeira, achei até que era uma obsessão da minha parte, pensar tanto nela, sem ao menos lhe conhecê-la , mas logo voltava a imaginar ela. Pois ela era o meu alento nas noites frias na minha ida para o serviço. Pensei a amanha aparece, tenho certeza disso, vai aparecer, acredito que vai.

 
Passei o dia inteiro pensando nela, contando os minutos ao longo do dia para aquilo que considerava um acontecimento, as vezes ria de mim mesmo, sempre é verdade me achei um louco, um apaixonado pelas mulheres, mas minha paixão sempre escondida na maioria das vezes. O dia passou, veio a noite, e lá estava eu novamente, sentado naquele vagão, contando as estações para chegar a dela, o trem se aproximava da estação, olhei no relógio disse para mim, está na hora, procurava avistar ela no meio das pessoas, nada, ela havia sumido.

Os dias foram se passando, angustia aumentando, sonhava em revê-la algum dia. A todo instante via em minha cabeça lembranças dela, mas nada havia perdido ela para sempre. O pior é que nem ao menos sei o nome dela, mas é bom assim, procuro nomes para ela, enquanto ela não vem, crio e recrio ela dentro de mim, moldo-a do jeito que quero. Mas uma paixão se perdeu no meio da multidão a procura do sim e do não, o silêncio é presente, sendo assim, mulheres passantes que tanto amei e que tanto amarei ou desejarei no meu exercício de rotina, na ida e volta para o lar.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Cigarro, noite, escuridão

Para uma menina do Oeste do Paraná

Acendo um cigarro enquanto caminho pelas ruas, um passeio noturno, sem a badalação do dia. Pensando um pouco na vida, na saudade que você me remete ao longe. O meu riscado de outrora já não é o mesmo. O meu silêncio se rompe quando escuto um verso de samba - cantarolo, vou caminhando. A escuridão me persegue pelas esquinas, que tanto me conhece, o vazio é o mesmo. A vida noturna, os porres, a saudade, pensamentos que não me deixam. Tudo se confunde a medida que a distância aumenta. O tempo o velho tempo, não é capaz de apagar você da minha lembrança, nem da minha melodia. A batida na porta da frente, o silêncio do teu ser, tua distância errante, nós que sempre fomos unidos outrora. Minha voz rouca quebrando o tédio de tua vida, o meu despertar querendo lhe ver, teus passos ao meu lado, tua alma ali próxima a mim. Vontade de lhe agarrar, lhe arrancar tua roupa ali no meio da rua, no meio da multidão ao meio dia. De querer lhe dizer as coisas mais bonitas que já mais disse para alguém. Mas a distância me impede, a distância física de você. Imagino por onde andarás, que rumo tomou, depois daquela noite e de minha fala para ser esquecida. A solidão que me acompanhou na bagagem, o silêncio da tua alma. Os passos se perdem, querendo o silêncio, caminho reparando nas estrelas, digo para mim que não me embriagarei pelo o menos hoje. Sorrio, digo que só dói quando rio, que já estive melhor comigo e com você. No meu bolso uma carta uma estúpida carta, que não lhe enviei por medo ou vergonha. O silêncio se rompe, aproximo do butequim, meu velho e querido butequim, aonde a saudade dói mas é menos dolorida. Peço a primeira do dia, rompo com o meu pensar, digo que não dá para ficar sem beber, enquanto a saudade de você apertar o meu peito. Tudo parece mudado, à lamentar, me vejo na face de um velho bebum, que insiste em me oferecer uma cachaça - rindo, parece zombar de mim, parece querer dizer algo no meio de sua loucura diária. Me afasto não quero papo, apenas quero o silêncio da minha alma, minha velha solidão como companheira, a me acompanhar nas noites noturnas. Meu olhar começa a se perder naquilo tudo, a bebida rompe o peito, meus olhos marejados remetem ao passado tudo aquilo que um dia sonhei, tudo aquilo que lhe quis. Volto para bebida, volto o meu olhar no presente, dou risada, digo a mim mesmo o quanto tolo sou, por acreditar em certas tolices, meu coração de menino de vez enquando vacila. Se perde, mas encontra o rumo, o rumo da despedida, o rumo da vida, mesmo errando as ruas, encontra as esquinas, a lamentar ausência de você menina.

domingo, 15 de agosto de 2010

Se é tarde ainda não sei,
as luzes começam aparecer.

A noite talvez se foi,
certeza de que o dia virá.

Apagará a escuridão,
fará esquecer a solidão, quando se misturar na multidão.

Sua imagem ainda me acorda,
logo viro pro lado,
tento esquecer,
mas acordo no afago.

Rabisco versos no decorrer do dia,
esqueço que rotina tu não faz mais parte,
silêncio as dores, logo vejo nos arredores,
mulheres querendo paixão,
sonhando desejos maiores,
perco-me és verdade,
tudo misturo, nada acho.

Entrelinhas é o que trago no peito meu amargurado,
talvez um copo de cachaça ou talvez um de vinho,
somos assim: diferentes porém com o mesmo sabor.

RECADO ESQUECIDO PARA TI.

Você partiu naquela manha fria, deixando apenas um recado sobre a mesa. Ficaram resquícios ainda em mim, depois da tua partida, ainda doem as feridas, mas nada me doe mais do que ver no cinzeiro as guimbas dos cigarros manchadas de batom, essa imagem é a que mais me vem na lembrança. Fecho os olhos olhando teu retrato, quero buscar no passado tuas marcas de batom espalhadas pelo o rosto meu, aquela cor que sempre adorei, aquele cheiro, espalhados na minha pele. Você partiu nunca mais lhe vi, nunca mais soube noticias de ti, confesso que não fui atrás, confesso também que tenho medo de saber de você, no fundo renascer aquela velha sombra do amor esquecido como se fosse a guimba no cinzeiro ou aquele resto de vinho na taça de cristal - o que sobrou foi este alento esquecido de ter tido você por alguns dias, em acreditar que o amor ainda é a ferida tão necessária, que a dor da partida, mancha o momento do encontro, que as juras jamais serão esquecidas, ainda mais no peito de pobre poeta que aqui tenta escrever com linhas aquilo que a vida não deixou escrever com paixão.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

O vento que sopra nas janelas esfria o meu ser, me asseguro que tudo esta trancado, abro o guarda - roupas atrás de uma coberta que esquenta o frio imenso que faz aqui no sudeste. A velha taça de vinho o meu alento envelhecido nos tonéis ajuda a suportar a rotina árdua de trabalho. Na velha vitrola a mesma canção que toca, peito amargurado de saudade de você, de tudo aquilo que sonhei em lhe dizer naquela tarde calorenta de novembro quando enfim lhe vi pela primeira vez. O perfume que senti na tua pele, o lenço em volta ao teu pescoço, tua voz macia, teus olhos nada serenos. Vire e mexe lembranças me invadem, nessa tarde fria de agosto o que arde aqui dentro é a saudade absurda que sinto de você. Tantas coisas para lhe  dizer, mas acredito que você não queira ouvi-las, embriago-me sentado na cama, a luz apagada do lustre, o teto escuro, sinto-me prisioneiro da tua poesia melancólica. Ensaio pegar o telefone e te ligar, um instante único revela o delírio irradiante do meu ser, desligo a sensação, me calo, nada falo. Penso no que poderia lhe dizer para quem sabe você enfim perceber a falta que tu faz ao meu ser. Escuto sambas antigos, coração despedaça, ouço aquele tango, que naquele noite fria ensaie colocar para você. Percebo que muito tinha para lhe dizer no instante que pus os olhos em você, mas nada disse, virei um ser a esperar o tempo, me dar a oportunidade de lhe dizer. Pode parecer algo inoportuno, talvez difícil de acreditar, mas o é o meu ser longe de você, o que é escrever sem ter você para lhe dizer. O vazio penetra as linhas deste texto, mistura a embriaguez com a solidão, e a falta de algo para crer que é preciso existir, não se deixar levar pela imensa solidão do mundo. Tudo se confunde ao mesmo tempo que tudo parece concluído, mas lá no fundo uma luz invade tudo, brota com o orvalho da manha, com a garoa fina que molha meus cabelos finos me entregando numa boemia qualquer a espera de você chegar a qualquer instante único que seja, para quem sabe enfim me embriagar no perfume que exala tua pele, me perder nos horizontes sombrios que habita o teu, quem sabe possa haver oportunidade, quem sabe, apenas espero o sol na manha seguinte para que possa enfim levantar sorrido

domingo, 8 de agosto de 2010

PAI

Comovido por dois motivos: samba e o dia dos pais. Tenho para mim, a importância imortal dessa data. Uma velha fotografia amarelada no meu criado mudo, me remete ao passado, um velho copo de cerveja me emociona. Hoje é dia dos pais, o orgulho que tenho do meu velho, mesmo tendo errado inúmeras vezes, pois é mortal, como todos nós dedico a ele meus sinceros agradecimentos, por ter me tornado o que me tornei, graças a tua sabedoria, a tua simpatia, a tua humildade e teu desligamento do mundo material, me incentivou a correr atrás dos sonhos, a buscar sempre o que queria, mas nunca esquecendo da honestidade, da simplicidade. Pai te espero aqui, para nos encontramos em volta daquela velha mesa, atrás daquele copo de cerveja ( que tu não bebe mais), mas que este velho filho honra tua embriaguez de outrora - te espero assim meu caro pai, no sol que sai lá fora, para iluminarmos nessa tarde prazerosa de domingo, ande a vida se torna menos sofrida. Valeu meu caro, pai! Que conservai por o tempo que resta a nossa união nessa terra, este teu semblante me dando paz e amor.

domingo, 1 de agosto de 2010

O silêncio da madrugada se faz presente. A cidade esta vazia, o silêncio reina por entre os prédios. Olho ao meu redor, tudo que vejo é o silêncio e as luzes apagadas. Imagino o que se passa nos prédios vizinhos ao meu, imagino o que acontece ali dentro. Meu cigarro aceso nos lábios, se acaba lentamente, o copo de vinho na minha mão é o meu companheiro, na sacada do prédio a solidão é tamanha, o vazio mistura com o espaço vazio deixado por ti. E aonde me encontro nessa noite vazia e fria, aonde buscar o continuar perante ao vazio inerte - aonde buscar teu cheiro, aonde buscar o teu ser, aonde encontrar a paz que tu me trazia. Tento te ligar, quero saber como anda você, mas desisto, ao teu lado um novo ser te preenche já não há espaço para dois na tua vida. Me volto para dentro de mim, querendo saber o porque essa busca incessante por ti, não encontro resposta, parece tudo esquisito, parece tudo apagado, tudo escondido. Assim como a cidade me esvazio nas noites frias, me perco no imenso espaço de mim, e assim a espera da multidão do dia seguinte, me deito, morro, na espera do novo dia para quem sabe nascer novamente.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

ausencia

É verdade que tenho deixado de lado este pequeno espaço aqui. Devido a enorme entrega na rotina desgastante do dia-a-dia fiquei impossibilitado de aqui dar meus pequenos relatos sobre a vida. Nunca mais escrevi sobre bares; sobre mulheres, sobre meu bairro, deixei de lado a poesia. Confesso que ando ocupado com outras coisas talvez não mais importantes que escrever por aqui, mas digamos que mais lucrativa. Mas como não consigo abandonar este pequeno espaço tão fatigado conforme este que vos escreve, tive uma grata surpresa no dia de hoje. Abandonei de fato os butecos que tanto amo, posso me dizer que me tornei um menino decente - aqueles que as mães sonham, recebi na minha casa a visita do meu querido e velho companheiro de balcão Pedro - que numa breve ida ao supermercado em frente de minha casa resolveu dar uma ida até meu lar. Fico feliz com essas coisas, pois a sociedade quer acabar com as amizades feitas nos bares, eles dizem que bêbado fala com todo mundo, que no outro dia não se lembra de nada, mentira! O malandro veio até a minha casa, para saber como andava as coisas, já que sumi daquelas bandas, que nunca mais pisei naquele boteco vagabundo. Conversamos um bocado, fumamos alguns cigarros e antes do sinal fechado abrir damos adeus prometendo nos encontrar por ai. Confesso que aparecerei naquele buteco - a data não sei bem, mas será o mais breve possível, pois coração vagabundo não aguenta ficar longe de um boteco.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

A luz se põe ao fundo,
escondido pelas trevas.

A vida dá lugar a morte,
a todo instante,
todo momento a morte,
encerra a vida.

Todo instante morre a vida,
todo instante nasce a morte.

Neste instante entre uma e outra,
perco-me pensando que vivo,
mas no fundo morre a todo instante.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Como digo sempre: é preciso saber pisar, é preciso saber chegar, sem causar alarde. Sendo assim iniciei minha rotina etílica em plena avenida Berrini, no coração empresarial de São Paulo. Amante que sou desses lugares vagabundos, já fiz amizade com o dono da espelunca, já aprovei tua cerveja gelada, teu torresmo adormecido ( que diga de passagem só cachaceiros comem), sendo assim ali durante o tempo que for preciso será minha nova casa, meu novo buteco, meu novo olhar sobre o que pode ser visto

segunda-feira, 28 de junho de 2010

O que leva da terra,
se não as árvores, flores,
cheiros e sabores.

O que leva da vida,
senão erros, acertos,
choros e amores.

O que leva da vida,
senão lamento, encantos, dores.

O que leva a vida,
senão esse sentimento de dor,

o que levo da vida,
essa pena simplesmente incessante,
que clama, arde, chora, ama,
lamenta, que é a chama da morte na minha vida inteira.

sábado, 26 de junho de 2010

Meus olhos navegam nas lembranças,
como dois barcos navegam nos mares.

Meus ais se perdem nos horinzontes,
a procura de um cais.

Na chuva fina que cai,
molhando minha ida por ai.

Me perco como se perde na tempestade,
embriago a quem já não me quer mais.

Tudo tanto faz, tudo é tanto vulgar.

Contemplo a saudade, volto no tempo atrás,
e o que me resta é a saudade, o trago, o choro bandido.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Dentro de mim algo pulsa, vibra toca. Não sei bem o que é, é algo maior. Me carrega, me domina, me entrego. Desfaço a melancolia, logo uma poesia brota. Nasce com o raiar do dia, logo brota o riso. Compreender não importa, me comporto, logo suporto o caos do dia-a-dia e daqui transporto. Sinto que és um dom ou talvez uma viagem, da terra sei que não levarei nada. Nem sinto o medo da vida perante ao abismo da morte. É algo que irradia quem está perto logo nota, é como se fosse uma sinfonia de uma única nota. Logo tudo isso brota no fundo de mim, como já disse algo brota, é apenas o que sinto, no bater de tua nota.
É verdade que o tempo passou,
é verdade que sinto falta do teu olhar confortante.

O dia passou, a tarde veio, escureceu,
as estrelas vieram, e tu aonde andas?

Me perco nos labirintos da vida,
ninguém sabe do pranto, do lamento, do canto.

Feito o dia que passa, me despeço,
espero o amanhecer, com ele um novo
despertar, um novo acordar, feito ele
morro também.

Te espero enquanto tu não vem,
aonde encostarei minha face,
a espera de um outro amor,
me acordar.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Não eu não me canso e não me cansarei jamais em defender meu bairro, minha vizinhança, meus bares. Sou da zona sul do bairro do Grajáu, esse bairro que milhares de pessoas ouvem falar nos noticiários na televisão. Lugar de violência, lugar de drogados, e tudo mais. Confesso que aqui do outro lado da ponte tem seus problemas sociais como em qualquer quanto deste meu país. Digo isso tudo para voltar ao tema atual, tema que se escuta em qualquer quanto: a copa do mundo. Sim como os milhares de torcedores espalhados pelo Brasil e o mundo - torço pela camisa amarela, mas não torço por esses babacas evangélicos que às vestem. Me recordo como se fosse ontem, no meu tempo de menino, que corria pelos campos muitas vezes improvisado para se jogar a famosa pelada com os amigos. Me lembro da alegria que era - correr atrás da bola, cair, levantar, apostar uma caixa de tubaína. Me lembro da palha de aço na antena da televisão para melhorar a imagem da mesma. Quantas recordações me passam na mente, que vivi aqui neste bairro. Bairro que por sinal me viu nascer, crescer, e bem provável que me verá morrer. Portanto torcerei pelos os deuses que vestiram a tão surrado camisa canarinho: Garrincha, Zico, Lêonidas da Silva, Didi, Vavá, Tostão, Revelino, Socrátes, espero que eles abençoe a tão gloriosa camisa verde e amarela.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

AO LONGE

Te acompanho de longe, não estando presente é fácil imaginar teu pranto. Pranto este que escorre pelas paredes do teu ser, que invade teu apartamento, corre as ruas do oeste e tu se pergunta: Coração por que choras? Choras a dor do abandono da vida, chora pelo lamentos e desilusões da vida - tu que vive a mercê da poesia, da dor e do amor. Consolaste nos meus versos errantes, versos que tu abandonaste de uma hora pra outra, tu que foi minha companheira distante. Te pergunto por que tudo na vida tem um fim? Fim que não concordo porque te imagino nas minhas esquinas, tu partiu és verdade, mas e dai, se tenho você a todo instante aqui do lado esquerdo do meu peito tão fastigado. Me perdi é verdade, se perder tem horas que é difícil se achar, me perdi nas tuas sombras, me perdi querendo te encontrar, e agora o que posso desejar somente teu perdão.

domingo, 6 de junho de 2010

Embriago-me,
despedaço,
logo faço.

Noite, dia, madrugada,
luar, clarear.

Tanto faz.

Apenas me embriago,
na esperança de encontrar-te
num trago.

Alento, assombro,
sonho, poesia,
perco-me.

Esperança nasce,
brota entre os cigarros acessos,
rio de ti, logo me faço.

Logo tudo passa,
e la vem,
me perdendo no sorriso de
uma outra mulher qualquer.

Quando encostar minha face,
na face dela,
logo vem teu nome novamente.

Perturba meu ser,
creio, na ilusão,
o tempo apaga.

Minha retina embaralhada,
logo se perde,
logo encontra,
uma outra paz qualquer.

Seja em você, seja nela,
seja em mim, o que
importa é apenas viver.
Partiste no romper da paixão, prenunciando a morte prematura do amor. Partiste naquela manha fria de junho, deixando apenas um silêncio de adeus e a cama desarrumada. Garrafas de vinho anuncia o vazio, guimbas de cigarro espalhadas no cinzeiro assim como amores espalhados e apagados dentro do peito meu. Apenas tu partiste e este teu partir, que partiu ao meio meu ser, deixando de um lado o que foi e o que poderia ter sido. Partiste feito o dia quanto a noite se aproxima. Partiste levando tuas fraquezas, partiste levando teu cheiro, partiste levando tua melodia, partiste levando teu olhar, partiste apenas partiste deixando este ser aqui, sem uma manha de sol, naquele dia que anuncia a minha frente.

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Quando entrei na tua vida, sem querer, posso dizer, sem querer. Dei minha alma para ti, regamos um ao outro com  a luz que tantas vezes tentamos apagar. Nos iluminamos madrugada a fora- tantas vezes embriagado lhe criei versos para você nunca mais chorar. Fiz ou pelo o menos tentei tirar pedras do teu caminho, errei, não consegui. O tempo esse eterno companheiro de todos, esse eterno velhinho que nos acompanhará pela vida fora. A minha menina, quanto tentei lhe fazer feliz, o quanto sonhei lhe fazer um tanto mais mulher, beijar teu corpo nu coberto de pintas naquela noite escura. Quanto sonhei, talvez aquele sonho de menino, sonhar em lhe fazer um ser mais feliz. Hoje apenas o que nos resta foi a despedida, nos despedimos um ao outro sem se dar conta, apagamos dentro de nossos peitos a chama da paixão, o samba apagou, as rimas se perderão, o que nos resta é o palco, é o teatro da vida, é a poesia errante, é se perder, é se achar, é encontrar, sonhar até um novo amor nascer, é rimar, é batucar, é pedir para os deuses que este sentimento chamado amor não se apague do peito, mesmo tantas vezes doendo um tanto, chorando um pouco, nos leve a frente, nos conduza ao horizonte, ao despertar na manha fria de junho - querendo apenas não sentir os devaneios, querendo buscar no vinho teu sorriso menina, que você não percebe ou talvez não acredita mas é meu alento nessa madrugada que chega.

sábado, 29 de maio de 2010

Ando numa correria frenética, sem tempo para quase nada. Nem tempo de beber minha bebida no meu buteco do peito, tenho. Fato que me entristece um tanto. Ontem lendo um blogue de um grande amigo, vi uma frase que me deixou um tanto feliz, leia:  - Em cada coração bate um buteco, em cada buteco batem vários corações. Nunca confesso li algo tão bonito como essa frase. Na hora me veio na mente e nos olhos as várias lembranças do buteco do peito. Hoje a moda é frequentar butecos, comer torresmo, ovo colorido, tomar cachaça, o buteco virou lugar cult. Sempre mantive na minha mente, que buteco que se preze não precisa de nada, não precisa ser um lugar bonito, não precisa ter televisão de plasma, não precisa. Tenho visto por aqui pessoas super descoladas, se orgulhando de beber em bares vagabundos, de dizer não tenho preconceito com os bares vagabundos. Sempre meto o pé, mergulho de cabeça na briga para defender estes bares. Pois buteco que se preze não precisa ser freqüentado por babacas, por patricinhas, que pedem um vodka com suco, não precisam. Pois buteco é lugar simples, lugar de gente humilde, lugar do povo, aqueles que não sentem os sentimentos dos cachaceiros, não é digo de pisar por ali. Buteco não precisa disso, não é preciso se arrumar colocar a melhor roupa para ir ao um buteco, não é preciso estar bem com o corpo, é preciso sim ostentar a velha barriga, a velha barba, o velho habito de papear, escutar, ver. Lendo a frase acima, pude perceber e crer que cada vez mais, os bares resistem a boniteza, a moda, a tecnologia. Pois buteco é o povo surrado, basta uma geladeira, um balcão, um senhor de aventar engordurado pronto esta feito o buteco. Pois tenho aqui o buteco do peito, e neste peito amargurado bate o sofrimento do meu povo, bate o sofrimento deste país, bate nele o verso daquele poeta, bate a macumba, bate a rima e a prosa, bate a felicidade de ver que na vida não é preciso muito para se viver, pois buteco cada vez mais me socorre de meus tormentos, injeta em minhas veias o alento necessário para se acreditar, pois buteco é alegria mesmo na tristeza, é estar triste alegre, é estar ao lado do povo guerreiro, é dar um abraço, é escutar os tormentos alheios. Pois sendo assim se tornaremos um povo melhor, uma pátria. 

sábado, 22 de maio de 2010

Chão de Estrelas

É verdade que tem inúmeras canções que gosto. Mas sempre digo que tem aquela que gostamos mais, aquela que nos emociona sempre que ouvimos seja lá aonde for. Nesse quesito coloco aqui uma jóia da música brasileira - Chão de Estrelas - Silvio Caldas / Orestes Barbosa, na maravilhosa interpretação de Elizeth Cardoso e Silvio Caldas.

Para ouvir clique abaixo.


terça-feira, 18 de maio de 2010

domingo, 16 de maio de 2010

Foi como tudo,
que veio.

Viveu porque teve vida.

Sofreu por ser humano,
ardeu por se chama,
queimou por ser vivo.

Chorou, implorou,
mas se foi.

Durou o tempo,
que possível foi.

Ficou o que tinha que ficar,
pois a morte nem sempre leva tudo.

UMA DOSE DE ALDIR BLANC


Tenho para mim o Aldir Blanc como um dos maiores compositores de todos os tempos. É para mim, uma dose diária de poesia. Então porém, vai aqui uma dose de Aldir Blanc, junto um ampola gelada de Brahma, para receber o cair da tarde. Clique abaixo.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Pode ser frio,
calor, nevar.

Pode ser quiabo,
pode ser manjá.

Pode ser Bahia,
Maranhão, Paraíba.

Pode ser menina,
mulher, senhora.

Pode ser esquisito,
amaldioçado.

Pode ser paixão,
pode ser paquera,
pode ser amizade.

Pode ser Nação Zumbi,
Mutantes, Marisa Monte.

Pode ser Cartola,
Aldir Blanc,
Chico Buarque.

Pode ser Legião Urbana,
pode ser Mamonas,
pode ser suburbano, pode ser
revolucionário.

Pode usar boina,
ou boné.

Pode vir de mini-saia,
biquini, pelada,
pode ser tudo ou nada.

Pode se perder ou até mesmo
encontrar.

Pode esquecer, lembrar, errar.

Pode ser tudo, pode ser nada,
pode ser verso, pode fazer sentido,
pode nada.

Pode perder tempo,
pode chorar,
pode rir,
pode mandar me fuder.

Pode tudo, pode tudo,
tudo que lhe couber,
pode fazer assim:
somente um esquisito?

PODE SER

Pode ser num trato,
pode ser retrato.

Pode ser que cato,
pode ser num ato.

Pode ser teu retrato,
pode ser tua música.

Pode ser tua melancolia,
teu céu, tua escuridão.

Pode ser abstrato,
pode ser inspiração.

Pode ser no ato,
pode ser no primeiro trato,

pode ser de imediato,
pode ser que leve anos.

Pode ser leviano,
pode ser profano.

Pode ser retroz de linha,
pode ser infinita,
pode ir até a esquina.

Pode ser um ano,
pode ler leviano,
pode ser que me calo,
pode ser que falo.

Pode ser que uso fonemas,
pode ser adjetivo.

Pode ser no infinito,
pode ser uma sina.

Pode ser uma única palavra,
que bastaria pra tanto.

Pode ser que aqui a diga:
lhe amo.

PODE SER

Pode ser a qualquer hora, pode ser a qualquer momento, pode ser a qualquer instante, pode ser a todo minuto, pode ser num dia chuvoso, pode ser na outra esquina, naquele mesmo e velho butequim, pode ser numa roda de samba ou num show de rock, pode ser aqui em Sampa ou Curitiba, pode ser no mar ou na areia, pode ser em qualquer espaço que caiba você e eu, pode ser naquela cama, naquele chão, pode ser no sertão, pode ser num conto, pode ser encanto, pode ser linha, pode ser horinzonte, pode ser numa peça de teatro aonde somos atores, pode ser num carro, pode ser num barco, pode ser no claro, pode ser no escuro, pode ser no teu umbigo, pode ser na tua boca, pode ser no teu ventre, pode ser minha poesia, pode ser meus versos errantes, pode ser tua ironia, pode ser sua melancolia, pode ser misturado, pode ser programado, pode ser esquecido, pode ser dividido, pode ser acontecido, pode ser inventado, pode ser aborrecido, pode ser a qualquer hora, pode ser num posto de gasolina, pode ser aonde você quiser, pode tudo ser perdido, pode se perder a rima, pode ser na vida, pode ser na morte, pode ser que nos socorre, pode ser que nos morre, pode ser que gozamos, pode ser que chupo teu sexo, pode ser que amanheça, pode ser que anoiteça, pode ser que eu esqueça, pode ser que deixe um bilhete, pode ser que mande um livro, pode ser uma mensagem, pode ser frágil, pode ser que canse, pode ser que desmaio, pode ser que dê sede, pode ser um vinho, pode ser uma vodka, pode ser limão, pode ser cereja, pode ser de qualquer jeito, pode ser que outros veja, pode ser sem vergonha, pode ser com vergonha, pode ser em pé, sentado, pode ser embaixo, pode ser de lado, pode ser no teu apartamento, pode ser que arranjo um tempo, pode ser que viajo, pode ser que perco tempo, pode ser que a vida acabe, pode ser que ela renove, pode ser na toalha, pode ser na mesa, pode ser de qualquer jeito, pode ser feito um texto, pode ser uma vírgula, pode ser um ponto, pode ser uma partida, pode ser um encontro, pode ser uma despedida, pode ser uma espera, pode ser uma estação, pode ser um trem, pode ser assim, pode ser que seja, pode ser de alguma forma, pode ser bêbado, pode ser uma novela, pode ser na lapa, pode ser no oeste, pode ser no sudeste, pode ser que nos perca, pode ser por um instante, pode ser que tudo pare, pode ser que a roda gira, pode ser assim feito um molambo, pode de acabar, pode se renovar, pode saciar, pode acabar, pode complicar, pode misturar, pode tudo pode, a vida não é pequena, pode ser que tudo pode, pode ser que Jesus volte, pode ser que é tudo mentira ou que nada além me importe, pode ser que minha fé renove, pode ser que a esperança bata em minha porta, pode ser que não paro mais, pode ser que nada trás sorte, pode ser uma mistura, pode ser amor puro, pode ser que você é uma puta, pode ser que seja uma santa, pode ser que ânsia, minha sede acabe, pode ser de qualquer jeito, pode ser com pressa, pode ser com calma, pode ser uma 1,2,3,4, pode ser do nada, pode ser no telefonema, pode ser madrugada, pode ser que tudo volte, pode ser que tudo passe, pode ser o que pode ser, pode ser nada, pode ser espaço, pode ser vazio, pode ser, apenas pode ser quando você quiser que aconteça.

Corinthians, seu Valter, eu

Já que nesses últimos dias, o que passa em minha mente é futebol. Esqueci de outros problemas, esqueci de política, esqueci de tudo completamente. O que dói no peito meu é a derrota de meu time. Na hora me veio na mente a imagem do seu Valter gritando pelas ruas: Coringão, coringão. Seu Valter, me fez ser corinthiano. Seu Valter, nunca falei dele aqui, cometi um erro grave, por não falar dele aqui. Seu Valter, era meu vizinho, minha mãe contando mais sobre o que não recordava na minha infância me disse que o seu Valter, quando ficou sabendo da tua gravidez, de cara disse: 

- Esse farei de tudo para ser corinthiano. 

E os deuses quiseram assim, me fez Corinthiano. Meu irmão mais velho que é São Paulino, de cara sempre zombou de mim por ser corinthiano. Confesso que torcer pelo o Corinthians é ser um pouco mais brasileiro, é sofrer calado, é entender um pouco mais o Brasil, é ser mais povo. De lá pra cá dos tempos meus de infância, aprendi muito torcendo pelo o Corinthians, mas confesso que nunca foi fácil. Seu Valter partiu, virou encantado já faz cerca de oito anos, mais ainda me vem na mente minha, quando vejo o Corinhians perder, o que diria o velho. Logo penso que o velho choraria, que se trancaria em casa, que procuraria alento na bebida. Na noite de quarta-feira, quando o meu time perdeu mais um vez, me veio na lembrança o velho Valter, me parece que gostaria de me dizer alguma coisa. Deitei para dormir e o sono não vinha, passou inúmeras vezes tua imagem na minha mente. Uma delas é quando de suas mãos ganhei a primeira camisa do Corinthians, a famosa Kalunga a qual eu vestia mesmo estando suja. Hoje um pouco mais conformado e esperançoso, ergo a cabeça mesmo emocionado pra cacete, sigo em frente, pois sei que o Corinthians ainda é um menino travesso, mesmo perto dos cem anos, é um menino que ganhará o mundo. Que o lugar ao sol virá assim como outro menino chamado Brasil.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

domingo, 9 de maio de 2010

Vinho, porre, frescura

Na verdade nunca fui de tomar vinho, sempre tive um pé atrás com essa bebida. Depois de alguns porres, peguei certo novo pela bebida. Mas como a vida é uma eterna roda, mudei de opinião. Ganhei de presente de aniversário uma garrafa de vinho do meu querido amigo Beto. Sem conhecer um bom vinho, sem conhecer grandes marcas, recebi com orgulho o presente. Já ganhei várias garrafas de cachaça, de cervejas, mas nunca antes de vinho. Digo aqui sem pestanejar que não conheço absolutamente nada de vinho, e por não conhecer, cometi um tremendo abuso assim dizendo de beber um vinho que custa cerca de R$ 250,00 reais num copo americano ( o melhor copo). Para aqueles que manjam do riscado é um abuso, um desrespeito com a bebida. Peço aqui perdão para os entendidos, mas sou um butequeiro nato, e no buteco não tem vinho de qualidade, apenas as bebidas vagabundas que todos os pinguços apreciam. Hoje contando sobre o acontecimento para alguns amigos que riram do dispara-te cometido por mim, deram muitas risadas, dizendo: 
- Rapaz aquilo tudo é frescura, Virar taça, cheirar, saborear. Uma puta viadagem. 

Concordo com eles plenamente, sem titubear, mas prometo para os frescos de plantão que na próxima tomarei mais cuidado com a santa bebida. Comprarei uma taça chique para a ocasião. Na próxima.

terça-feira, 4 de maio de 2010

SEU CHICO, O BAR DO PASSADO.

É verdade que os tempos são outros, mas na lembrança a saudade permanece. E assim meio saudosista, quero aqui contar pra vocês meus caros e poucos leitores, um fato do cotidiano. É verdade como disse, que por um erro ao qual não pedirei desculpas, eu não ponho meus pés no buteco do baixo. Não cabe explicações aqui, mas por enquanto não ponho os pés por lá. Tive o prazer de com isso, conhecer os milhares de bares do meu bairro, um deles que quero contar é do seu Chico. Seu Chico, é um cabra matuto, daqueles que saiu do sertão atrás da chance na grande cidade. Saiu do seu sertão, nos anos setenta, trabalhou em grandes firmas, antes delas partirem para fora do estado de São Paulo. Chico conta que naquele tempo, era oportunidades de trabalho uma em cada esquina, largava de um e entrava n'outro. O último que durou cerca de 15 anos, que saiu porque a firma mudou para região de Campinas, não quis sair de Sampa. Devido a sua idade não quis mais trabalhar para patrão, resolveu abrir um buteco. O buteco que já tem mais de 10 anos de vida, que seu Chico se orgulha deste feito, de segunda a segunda, atrás daquele balcão seu Chico ainda conserva um tremendo sorriso no rosto. Conversando com seu Chico, dizendo para ele que sempre tive a curiosidade de entrar no bar dele, mas nunca fui capaz, ele soltou uma tremenda risada. Disse que aquilo ali era coisa de velho na beira da morte, não coisa de jovem. Disse para o malandro que ele estava tremendamente enganado, que eu gostava de bares assim cheio de coroas. Mas que não entrava, pois sabia que o meu pai, na época que morava em casa - freqüentava ali. Ele então curioso, perguntou o nome do meu véio, disse: Medina. Num silêncio que durou poucos segundos, procurou na memória, e soltou um sorriso típico dele:

- Porra, você é filho do velho Medina?

Espantado com o sorriso do camarada, fui logo explicando aonde ele morava e tal. O velho rindo ainda disse:

- O Medina é único, meu camarada.

Disse-me que o pai junto com o alemão, qual eu não conheço não saia de lá. Ele chegava do serviço, passava por lá, bebia uns tragos, contava umas estórias e depois partia rumo a família. Ainda comovido com tudo aquilo, pois sinceramente não acreditava que o seu Chico lembraria do meu velho. Pois o meu velho nunca me disse nada sobre aquele buteco, sobre o velho Chico. Mas voltando ao assunto principal, sempre tive um receio de ali entrar, mesmo a curiosidade imensa de sentar debaixo daquela árvore e passar uma tarde na presença de meus amigos. Pois é meus caros leitores, posso aqui dizer, que de lá não sairei, porque o velho é torcedor do Corinthians troço que me emociona bastante, também por conservar um puta sorriso no rosto tão fatigado de outrora, que não esconde o sofrimento e a batalha atrás do balcão. Depois contarei aqui o resto da história sobre o bar do Chico.
Já que o assunto aqui é buteco, porque não falar do Bar do Chico? Como sempre o que não se falta por ai é buteco, se perde um, encontra-se outro. Bar do Chico pra mim virou terceiro lar. Tive num curto espaço de tempo uma forte simpatia e amor pela aquela espelunca. Digo aqui que não gosto de bares da moda, bares com música ao vivo, bares de gente que se acha o bebedor nato, essas coisas que nos empurra feito espinho abaixo. Por isso ando bebendo sozinho ultimamente, pois os meus amigos deram para beber num bar que não é a minha cara, então o bar do Chico virou o meu terceiro lar. Lá no Chico encontro tudo que gosto: cerveja gelada, papo, discussão sobre política e futebol, cerveja gelada, cachaça mineira, petiscos, copo de extrato de tomate ( isso mesmo) vazios para que possa beber cerveja neles. Tudo parece ser da melhor qualidade naquele canto, sem contar no velho Chico pessoa maravilhosa, papo bacana, ótima pessoa. Amanha é dia de futebol para aqueles que sabem que sou corinthiano ótimo, para aqueles que não sabem fiquem sabendo, amanha estarei no bar do Chico torcendo pelo o meu time e tendo quase um infarto.

domingo, 2 de maio de 2010

Ontem no último texto que escrevi aqui, relatei meus desentendimento com o Baixo e a espelunca dele. Todos que aqui me lêem já deve ter se cansado de ler o meu amor pela aquela esquina e por ser bar. Vivi ali momentos que nunca tinha sonhado, já comemorei aniversário com direito a jantar especial preparado pelo o mesmo, já comemorei título do meu time do coração, já namorei, já chorei, já bebi além da conta, tudo ali passei, mas sempre a essas brigas inúteis para estragar tudo. Confesso que mesmo voltando aquele lugar, a ida não foi a mesma de sempre. Hoje voltei lá sozinho sentei na mesa do lado de fora junto apenas de minha cerveja gelada, meu cigarros e o meu velho copo de (extrato de tomate), isso mesmo para aqueles que amam as frescuras da vida, eu bebo naquele copo já faz 3 anos. Uma tarde agradável, na televisão os olhares fixos na partida de futebol, e o meu perdido naquela rua, nas crianças brincando nas calçadas, o futebol de rua. Tudo que fez parte da minha infância. Confesso numa confissão existencialista que tudo passou tão rapidamente que não notei - que os anos se passaram, e que de menino já sou um adulto um tanto chato. Sai de lá com os olhos marejados, isso, marejados, emoção profunda. Pois pude reparar na simplicidade que a vida é: crianças, alegria, simplicidade, buteco, esses são os valores que prezo para mim, que busco nas pessoas que me seguem, que estão ao meu redor fazendo de mim um ser sonhador, um ser adulto muleque. Valeu meu caro Baixo, valeu crianças, pois a esperança ainda reina neste ser moribundo. 

sábado, 1 de maio de 2010

Conforme a vida, tudo muda, e assim mudei de opinião na noite de ontem. Estava na companhia ilustre de meu amigo Japa, que convidou-me para uma saideira no bar do Baixo. Confessei tempos atrás por aqui, a minha briga com o dono do bar, e aquele sentimento de desprezo por aquele espaço, confesso que errei mais uma vez - mas na vida temos que aprender com o erro. E assim foi. Partimos para lá, já era tarde a madrugada estava presente, o sereno, o frio, não nos impediu, pois era preciso esquecer da vida e saborear uma cerveja naquela esquina. Chegamos, fui logo cumprimentar o baixo, mesmo estando sem graça, mesmo perdido naquele lugar tão segundo lar para mim, me senti um tanto perdido. Reparei que a geladeira branca não estava no mesmo lugar de outrora, que as gaiolas de passarinhos sumiram, que o Baixo me parecia um pouco cansado. Enfim. Estava novamente pisando no meu buteco de fé - cravado naquela esquina, naquela rua sem glória, e assim foi a madrugada a dentro, pois só paramos quando percebemos que a manha se aproximava e os passos já estavam cambaleados. Mas o que levo é que valeu ter ido lá, depois de longos dois meses de ausência, foi importante voltar ali, sentir em casa, sentir o aroma que vinha do fogão, poder fumar dentro de um bar, cada vez mais tenho a certeza que ali é o meu canto, ali é o meu lugar. 

Até.

sexta-feira, 30 de abril de 2010

TALVEZ

Talvez tenha sido a nossa última conversa,
talvez esquecemos do adeus.

Talvez foi o silêncio que silenciou os nossos seres,
talvez tenha te perdido pelas esquinas.

Talvez num romper da aurora sinto uma dor fina,
talvez cambaleio, sentindo meu peito padecer.

Talvez esse verso esqueça a rima, os preceitos,
talvez sinto aqui a dor do esquecimento.

Talvez você ai ria de tudo isso,
na verdade torço para que ria.

Talvez sinto a tua ausência,
e dela tiro teus versos e rimas.

Talvez amanheça na mais bela
melodia, talvez meu coração pare
a qualquer momento.

Talvez o fato de nada querer lhe dizer,
te esqueça um dia naquela mesma esquina,
que um dia te esperei.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

PODERIA

Poderia ficar ouvindo todos os dias e toda hora o mesmo disco, poderia tomar um porre imenso ouvindo o mesmo disco, poderia caminhar pelas ruas do meu imaginário, poderia ficar todos os dias no mesmo buteco, poderia acordar todas as manhas de ressaca, poderia ler todos os livros, poderia ir para todos os rios, poderia me esquecer um pouco, louvar o senhor e todo poderoso Deus, poderia escrever um ensaio, poderia ler Sartre, Graciliano Ramos, Saramago, poderia escutar pixinguinha, poderia, apenas poderia, fazer um monte de coisas, estar em todos os cantos, poderia vasculhar, poderia esculachar, poderia tentar compor um samba, poderia rir de tudo isso, poderia embriagar tomando vinho, poderia repetir o disco na vitrola, insistir nessas linhas, poderia errar e acertar, poderia insistir no erro, poderia apagar as luzes e ver como é a escuridão de uma noite singular, poderia lhe mandar poemas, retratos, poderia escrever sobre os meus devaneios, poderia esquecer-te pelos cantos, poderia bater um atabaque, poderia escovar os dentes sorrindo pela manha, ver o sol que nasce na sacada, poderia apagar meus cigarros que insisto em fumar, poderia dar um descanso para minha saúde frágil, poderia não mais aqui escrever, poderia insistir no erro, publicar um poema, poderia ir de joelhos até ipanema, poderia cantar a garota, poderia me perder, poderia apenas poderia, se tudo não fosse um talvez, poderia se tua imagem me desse um descanso, poderia se não sofresse um tanto assim por você.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

O fato de aqui escrever, por livre arbítrio, de preencher este espaço branco em minha frente. Coloco aqui palavras que nada mudaram o destino do mundo, coloco aqui palavras que não me livram do tédio, coloco aqui muitas vezes momentos que nunca mais voltarão, porque tudo se perde. No momento que aqui escrevo uma pessoa morre em algum lugar do mundo, outra nasce e assim continua o mundo.  Escrevo muitas mentiras, essa é a verdade, muitas das palavras que aqui coloquei foram vãs, não importam para as pessoas. Tentei diversas vezes preencher este espaço que me foi destinado, preencher os imensos sertões que habitam-me, tentei aqui fazer uma menina suspirar tudo vão. Perco o meu tempo aqui escrevendo, talvez exercendo o meu lado digitador de palavras fúteis, poderia assim me perder nas ruas dos meus bairros, sentar num buteco saborear a minha cerveja, ver o vai-e-vem das pessoas em busca da paz, ver as meninas belas que passam falando ao celular querendo acabar com  o silêncio, pois este mesmo tortura. Neste momento que aqui tento justificar minha perca de tempo preenchendo este espaço com imensas balelas, espantando o tempo, diminuindo o meu sofrer, me pergunto: será que alguém lê isso aqui? Será que alguém me leva a sério, será que me entendem. Perguntas brotam nas entrelinhas de minha alma, pois nada faz sentindo. Não quero a compaixão, não quero que vocês pensem que estou vazio, que acordei existencialista, nada disso, escrevo porque algo aqui dentro pede. Lamento, mas pede. Enquanto aqui escrevo, as meninas se entregam nas falsas juras de seus namorados, enquanto aqui escrevo o meu buteco sente minha ausência, e o que sou, senão um copo americano a espera de ser enchido, o que sou além deste corpo, o que vale a vida, o que vale viver, para que a morte nos tome tudo, sem o perdão no suspiro derradeiro, nada faz sentindo por aqui, nem ao menos essas palavras, nada me faz sentido.

NADA A DIZER, APENAS ESCUTE

terça-feira, 27 de abril de 2010

Meu Brasil, brasileiro,
terras tantas diferenças,
meu Brasil forte e guerreiro,
mulato, negro, menino,
brasileiro.

Meu Brasil de batuques,
de macumbas, de rezas, de crenças.

Meu Brasil guerreiro, menino, feiticeiro.

Quanto este pobre sofre meu de te ver assim,
esquecido pelos teus seres que aqui habitam, meu Brasil.

Esquecem o que aqui nasceu, dizem que lá no estrangeiro é melhor,
que lá é de primeiro mundo, que aqui somos todos atrasados.

O quanto eles que pensam assim estão errado meu Brasil,
diz à eles que tu é menino ainda, que tu ainda não teve o valor que mereceste.

Mas que aqui nada falta, que nosso povo, nossa cultura, nossa terra é rica.

Que o nosso povo que ri e chora, sofre mesmo que calado, peito amargurado,
mas segue em frente.

Brota meu Brasil dentro daqueles que nunca jamais deste o real merecimento a ti.

Brasil, brasileiro, menino caboclo, guerreiro, macumbeiro, senhor.

Diz meu Brasil, que assim que esses brasileiros descobrirem você, que tanto valorizarem, nossas cores, que reconhecer nossas raças, nossas crenças, nossas riquezas, seremos um tanto mais felizes.

Meu Brasil, meu Brasil, me diga onde vais parar meu brasileiro menino sonhador aprendiz guerreiro.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Confesso aqui publicamente que não tenho muitos amigos. Por favor amigo é amigo, camarada é camarada. Digo isso porque tenho muitos conhecidos, todos parecem que me conhecem por aqui neste imundo bairro, mais amigos conto no maço de cigarro. Digo isso que recém completado 26 anos numa pequena festa feita pela minha família para receber alguns (chegados), para se ajuntar a mim e comemorar, pois o que é a vida se uma eterna comemoração? Tive o prazer de receber dois presentes. Confesso aqui que não sou muito chegado neste troço de presentes, mas claro adoro quando recebo. Fui presenteado por algumas pessoas, outras me deram o prazer de suas companhias. Mas dois presentes que aqui quero dizer, confesso que nunca  esperava receber tais, explico. Nunca foi de meu apresso saborear vinho - aqueles que me conhecem sabem disso, que o apreço é pela cachaça, recebi em mãos com olhos marejados uma garrafa de vinho chileno ( confesso que não procurei saber sobre o tal), mas meu amigo me disse que é de boa safra ( acredito na palavra do malandro); outro presente que me chamou atenção e me deixou um tanto emocionado ( ainda mais), na noite de sábado foi um Vinil que ganhei da minha querida Dona Nilda ( dona do melhor bolinho de abobrinha que já comi por aqui), um vinil da Clara Nunes. Depois de um longo abraço na minha querida Dona Nilda, a emoção tomou conta de mim. Claro que já me encontrava pra lá de Bagdá, depois de longas ampolas e doses de cachaça. Emoção dentro de mim, prometi que ouviria com ouvidos de ouvir acompanhado da garrafa de vinho que ganhei na mesma noite. Meus caros amigos, aqui estou Clara Nunes me emocionando como sempre, fazendo meus olhos marejar, saboreando ou melhor dizendo esvaziando uma garrafa de vinho chileno. Sendo assim acredito plenamente que não preciso de muitos amigos, esses 4 ou 5 que me acompanham pelos bares, pelos lares, pelos porres, pelas ruas já me bastam. Esse pequeno texto vai para aqueles que na noite de sábado me fizeram um tanto mais feliz e humano. Meus sinceros e gratos abraços e beijos. 
Até.
Seja lá quem eu for irei por ai, irei por aqui. Desbravarei caminhos antes nunca percorridos, na ânsia da busca me perderei mas seguirei em frente. Talvez seja lá quem eu for olhando no espelho querendo saber a resposta para essa pergunta o espelho me diga: não és nada companheiro. Assim desiludido com o mundo ao redor, me revoltarei, mas seja lá quem eu for, escreverei os versos que aqui neste peito deste moribundo brotar. Seja la quem eu for, talvez não me importe, talvez você não note minha ausência naquela tarde de abril quando um outro que não eu lhe beije e caminhe com você pelas ruas de sua cidade. Seja lá quem eu for, seja lá quem eu for...

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Saudade talvez seja a palavra neste momento inoportuno. Talvez uma única palavra me sirva neste exato momento de embriaguez que me encontro para lhe dizer o que sinto por você. Sei que já lhe disse tanto, que sequei minha fonte em busca de inspiração para lha diminuir o pranto. Talvez num momento de loucura acreditei que foi possível, talvez um dia acreditei que elas as palavras não foram postas aqui de maneira para te enganar nunca foi e nunca será a minha intenção. Tudo que lhe fiz se é que lhe fiz algo, foi por carinho, por amizade, por compaixão. Tirei alguns espinhos de nossas vidas, sonhamos juntos, lhe dediquei meu canto rouco, sofrido de madrugadas vazias. Fui durante alguns anos um sonhador, em busca do teu corpo nu. Sonhei contigo pelas madrugadas que varei, lhe cantei em prosa e verso, lhe perdi nos butecos que insisto em entrar. Batuquei teu corpo nos tamborins de meu samba. Rompi com o mundo insensato, com a pobreza sonhando com teu ser a me acompanhar nos lugares por ai. Se errei não é possível aqui dizer, talvez tenha errado, ou até acertado. A vida mostrará. Confesso que essas palavras podem dizer ou até mesmo não os sentimentos que tenho por ti. Talvez você possa pensar que tudo isso é balela, pois anda difícil algum ser humano acreditar um no outro. Talvez nosso encontro naquela tarde de novembro não foi possível lhe dizer tudo que gostaria. Talvez aquele conhaque tenha me tirado da terra por instantes. Talvez este cálice secará um dia. Talvez essa poesia irradiante que brota todo instante seque. Talvez essa palavra que tanto usei neste texto, seja uma definição do que somos um único talvez.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

SALVE JORGE

Salve Jorge, o que posso lhe dizer neste teu dia. No meu altar improvisado a vela queima em teu nome Jorge.  Segue me guiando com tua espada me protegendo dos olhares alheios, me conduz para o caminho da paz. O velho copo de cachaça também meu caro Jorge. Aqui vai um ponto de macumba em tua homenagem, Jorge. 

Axé.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

BAR, MANHA, ABRIL

Estou perto de completar 26 anos de idade, para mim isso pouco importa. Apenas digo aqui, que os festejos de comemoração já iniciaram. Como sempre digo não gosto do mês de Abril, motivo não sei bem qual é, mas não gosto. Hoje cedo logo pela manha depois de um longo café da manha, regado a pão com manteiga derretida, um copo americano de café preto, resolvi que tiraria o dia para beber sozinho, isso sozinho em minha homenagem. Não é que seja egoísta, mas ao passar dos anos, sinto cada vez mais o desejo de estar só para compreender a multidão. A manha estava bonita, contrariando o mês de abril, o céu estava limpo - pude reparar até num breve e leve cantar de pássaros. Fui até o buteco do Chico, antes uma breve passada na praça, para descansar um pouco já que os meus pulmões andam de mal a pior. Crianças correndo para todo lado, pais sentados enquanto a criançada brincam. Uns andando de bicicletas atrapalhando a caminhada daqueles que cuidam da saúde, outros jogando bolas de gude ( fiquei emocionado quando vi), uma cena maravilhosa para o começo do dia. Para quem é claro, imagino que vocês poucos leitores que perdem o tempo lendo essas errôneas linhas, não sabem o buteco do Chico fica em frente a essa praça. Cheguei no buteco emocionado, fui logo pedindo para seu Chico uma Brahma digna de um bebum pela manha. Seu Chico com aquele sorriso grato de conhecedor da vida, me atendeu. Depois de alguns comprimentos aos senhores que ali estavam, fui para o balcão saborear a cerveja estupidamente gelada. Reparei na maravilha daquela manha, uma pausa na correria do dia-a-dia, contemplando a maravilha  que é viver. Sei é fato que fico um tanto nostálgico perto de aniversário, que fico revirando o passado, relembrando tempos de outrora, dessa vez não foi diferente. Um mundo de pensamentos e lembranças passou pela minha cabeça nessa manha, me lembrei do tempo de menino, lembrei dos amores de outrora, no que me tornei. Seu Chico sentado atrás do balcão me viu com pensamentos perdidos naquilo tudo e foi categórico:
- Pensando na vida menino?

- Pois é meu caro, estou pensando no tempos que não voltam.

Seu Chico deu um sorriso enorme e de quebra me ofereceu uma música para me ajudar nos pensamentos. Uma moda de viola, que gostou e queria repartir comigo. Pedi mais uma cerveja para acompanhar os pensamentos e a música. As horas se passaram rapidamente, quando dei por mim, já era hora de voltar para o almoço e para o descanso do lar. Assim meus poucos leitores o ponta pé foi dado para os festejos de comemoração ao meu aniversário que não terá diga de passagem nenhuma festa dentro de bares da moda, aquela besteira que muitos cometem, e sim quem quiser pagarei uma cerveja no bar do Chico que é cada vez mais o meu lugar. 

Até.

domingo, 18 de abril de 2010

CAYMMI, PORRE, VIDA

Dorival Caymmi, tu que me apresentaste a Bahia, a linda Bahia. Tu que me ensinaste os caminhos do mar, que me mostraste as lindas morenas de sua terra, tu que me ensinaste a ser pescador, amante dos mares, canoeiro. Caymmi que falta meu caro tu faz. Meu ser desfalecendo depois de um porre imenso e certeiro, aonde morro nessa manha de sol na terra da garoa. Vitrola tocando seu disco - as luzes entrando pela janela da sala, iluminando minha face tão castigada, velho caymmi. Caymmi, caymmi, tu que partiste naquele dia, deixando o vazio imenso em mim. Hoje dedico o meu dia em tua homenagem. Ficarei aqui neste canto, ouvindo teus cantos a me iluminar.

sábado, 17 de abril de 2010

Meus tantos descaminhos, me perco nos teus caminhos. Me deixo levar feito um sabiá, avanço, arrisco um breve avoar. Leve, tranqüilo, essa paz que tu me dá. Minha embriaguez em cada esquina - teus gritos me tirando da boemia, é assim que te quero cada vez mais, me tirando dos tormentos que a vida me põe. Você minha leve sintonia, teu leve cantar nas manhãs assim juntos somos uma breve e leve melodia. 

terça-feira, 13 de abril de 2010

Todo poeta é um mentiroso. Todo boêmio é uma espécie de aprendiz. Isso é a tua definição para mim. Quero aqui de copos e cigarros em mãos levantar um brinde a você menina. Pois na certa que tu merece.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

UM CERTO BILHETE PARA UMA MENINA AO LONGE

É verdade que nesse período de ausência no qual ambos se ausentaram devido aos caminhos que a vida toma, senti saudade de você. Não sei bem o que você realmente pensa ou sente, talvez não me importa em saber, mas preciso que você saiba que nesses tempos de ausência, pensei diversas vezes em acabar com este silêncio que tomou posse de ambos. Me contive é certo, pois também queria um pouco a solidão, queria sentir o meu amor por você doendo em paz.  Mas o que quero que você saiba é que ainda ando pensando em você, que ainda aqui dentro arde alguma coisa quando de ti lembro. Esse pequeno bilhete assim posso dizer é pra você, e você sabe que é pra você, não colocarei teu nome por aqui pois não é preciso. 

domingo, 11 de abril de 2010

Emoção é o que posso dizer quando escuto essa canção. Letra do mestre Aldir Blanc com melodia de João Bosco, música que homenageia o pai do João Bosco, mineiro de Ponte Nova. Essa é uma das canções que mais escuto, já escutei bêbado, sóbrio, a emoção é a mesma. Nessa madrugada que se aproxima nessa saudade absurda que sinto de Minas Gerais, nessa vontade de beber uma cachaça para esquecer os tormentos, nessa saudade que brota no peito meu, nessa vontade de jogar a mochila nas costas e partir para Minas Gerais de vez. 
 
 

quinta-feira, 8 de abril de 2010

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Hoje o que escrevo,
não é o que sinto,
é o que tu sente.

Hoje na minha pele,
o que sinta é tua pele,
hoje o brilho do meu olhar é o teu olhar.

Hoje as dores que carrego no peito meu,
é as dores que tu carregas no seu.

Minha poesia tão errante,
é pra ti, nos tropeços que tu leva.

Hoje embaralhado,
tão sem saber o que levo aqui dentro,
é meu ou é teu.

Hoje separados, mas tanto unidos,
carrego tudo aqui dentro,
sem perceber me despeço de mim,
para enfim viver você.

quarta-feira, 31 de março de 2010

MEU CARO PAI

Meu caro Pai, 

Tu que andas ausente deste teu pobre filho. Que tu colocaste neste mundo para sofrer um tanto. Pai aonde tu andas meu caro pai? Em qual buteco tu se perde, em qual quebrada tu vive, apareça meu caro pai. Teu filho que anda um tanto ausente se perdendo nos bares da vila - bares que tu cansaste de entrar e se perder ali, meu caro pai aonde tu se meteste nessa noite, aonde tu parasse que não lhe encontro. Meu caro pai a saudade de tu me imunda, meus olhos marejam ouvindo essa moda de viola que sempre amou. Tu que sempre foste um músico na tua maneira, sem ligar para modas, tu que sempre carregaste a minha querida Gerais. Hoje este pobre ser que tu colocaste ao mundo naquela manhã cinza de abril no ano de 1984 de lá pra cá a vida meu caro pai foi um tanto dolorida, meu caro pai tu que sempre foste alegre, malandro, apareça. Venha diminuir meu pranto com tua presença, venha meu caro pai. Deixo aqui uma música que tu cantaste naquelas tardes de domingo, para que tu sempre saiba o tanto que lhe amo. 

terça-feira, 30 de março de 2010

UMA TARDE QUALQUER

Tu que andava perdida pelos os bares, pelas praças, pelos teatros. Um tanto perdida de si. Te encontrei naquela tarde, pois haveria de ser o nosso primeiro encontro - uma tarde cinza, a metrópole passando apressada. Uma praça, uma pausa para compra de cigarros, uma cadeira, uma mesa, algumas garrafas e você do outro lado da mesa a me contemplar. Percebia teu olhar  perdido em mim, prestando atenção na minha fala simples, nos meus poucos adjetivos, percebia algo de sublime em você. Por ser o nosso primeiro encontro quase nada esperava, além de te conhecer. Conversas variadas, diversos temas, diversos copos, diversos olhares. A noite se aproximava, as horas passavam rapidamente. Falávamos de tudo, cantávamos sambas que um como o outro adorava, falava da vida, do desespero de viver, do desespero que é entender certas coisas. De lá pra cá andamos um tanto ausente um do outro, você tomou caminhos desconhecidos por mim, assim como eu tomei caminhos desconhecidos, mas ambas de doando, vivendo, se entregando. Boemia comendo solto, nos estragando a nossas maneiras, jogamos fora a vida numa bebedeira. Você como sempre foi mais longe, você se perdeu um tanto a mais que eu, numa dessa bebedeira tu quase morreu. Um susto enorme para aqueles que a amam, um susto danado tu me deste menina. Pois não imagino o mundo sem sua presença, sem o teu olhar fraterno, sem sua poesia. Sei que nada sei da vida, nem dou conselhos pois desconheço eles, não sei o rumo que a nossa vida tomará, não sei. Além do que eu nada sou, eu nada sei. Mas espero que tu possa ver as primaveras que virão, que tu possa escutar o som dos passarinhos a cantar numa manha de domingo. Que tu possa viver, que tu possa ser um tanto amada, que tu pode ser um tanto mais desejada inclusive por este que escreve essas linhas errantes. Pois a vida nada vale sem ter você por perto. Portanto minha querida menina, tome cuidado, não se desfaz tanto, reconstrua teu caminho assim como fez diversas vezes, reconstrua teus sonhos, teus amores, quando der lembre deste pobre que escreve essas mal-traçadas.    

segunda-feira, 29 de março de 2010

Nessa noite em que o glorioso São Pedro castiga minha querida terra da garoa ( agora virou das chuvas), nessa noite aonde apelo para todos os santos, todos os orixás, todas as rezas e mandigas, para que a chuva diminua, e que possa dormir sossegado. Nessa noite aonde minha embriaguez me falta - nessa noite em que a bebida se faz ausente, aonde a escassez de bebida me deixa um tanto sem graça, nessa noite na qual me lembro do buteco, daquela esquina, dos meus amigos, nessa noite aonde meu tempo de infância me atormenta, me rouba o juízo, nessa noite em que nada faz sentido, nessa noite que se aproxima o mês de abril ( tenho medo do mês de abril), nessa noite na qual me perco em pensamentos, em lembranças, nessa noite nada faz sentido, nessa noite nem a chuva que cai lá fora alivia os tormentos, nessa noite sem nada para dizer ou até mesmo escrever, nessa noite que dá saudade de tua voz ( você sabe que é da tua), nessa noite que meu choro é compulsivo, nessa noite que desejo teu corpo, nessa noite que desejo tua fala simples e carinhosa, nessa noite apenas nessa noite, me perco na esperança do meu encontro, nessa noite na qual sonho acordado, ando me desfaço e me faço, nessa noite na qual a poesia me falta, nessa noite que tudo se mistura, nessa noite que nada faz sentido, nessa noite que a minha escrita vacila, te ver seria o encanto maior, seria o prazer maior apenas nessa noite venha ao meu encontro, venha.

domingo, 28 de março de 2010

DUO ABANÃ - CANTO LÍRICO DE ORIXÁS



Amante que sou da música, pesquisador, aprecia-dor, vivo intensamente à procura de novos artistas, novos compositores, novas bandas. Sei que o nosso país é rico, que a nossa música na minha modesta opinião é a melhor do mundo, na riqueza de ritmos, na diversidade.  Aqui vai uma dica, um disco que acabei de receber em mãos, um belíssimo trabalho. Estou emocionado por isso, escreverei pouco a respeito, deixo que vocês próprios que aqui lê essas mal traçadas se emocionem. Duo Abanã - Canto lírico de Orixás, fica a dica. É só dar play abaixo, para se emocionar.

O Duo Abanã é formado pelo Violonista Giovanni Di ganzá e pela Cantora Lírica Vanessa Teixeira, músicos de formação erudita que pesquisam autores e composições da nossa música raiz popular e também da nossa musica afro-brasileira.

Em 2004, ainda no conservatório, aconteceram os primeiros ensaios nos quais experimentava-se a sonoridade de transcrições para violão e voz de obras originalmente escritas para piano e voz. A partir dessa vivência em música de câmara e prática de conjunto, montou-se o repertório “EM CANTOS DO BRASIL” que trouxe composições de importantes músicos eruditos como Heitor Villa Lobos, Camargo Guarnieri, Guerra Peixe, entre outros.

Desde 2007, o trabalho do Duo investiga a musicalidade afro-brasileira, baseando-se principalmente nos pesquisadores Mário de Andrade e Oneyda Alvarenga que foram os primeiros musicólogos-folcloristas do Brasil. Nesta pesquisa intitulada “Canto lírico de Orixás”, o Duo realizou seu trabalho de campo praticando aulas de percursão em centros de cultura popular, estudando batuques de terreiros de candomblé e também de festejos culturais afro-brasileiros.

Duo abana tem se apresentado em diversos eventos e saraus pela cidade de São Paulo.


Abanã em Tupi-Guarani significa “Cabelos Fortes”.

sábado, 27 de março de 2010

É tarde, no céu algumas estrelas se fazem presentes. Essa solidão que me entreguei, esse vazio que mergulhei, sem querer estar presente. Butecos que de uns tempos pra cá foram os meus lares, o meu reduto, a minha paz. O suspiro derradeiro. O estar emocionado, o se alegrar mesmo estando triste. Se foi. Hoje entregue as turbilhões que a vida me trouxe, me entreguei. Não quero sair, evito lugares tumultuados, quero a paz, quero a solidão, quero a mim mesmo. O meu silêncio o meu vazio.  Tudo isso, essa fase, essa solidão boa, esse estar  ausente, vem acompanhado de uma sensação de entrega, o tanto que já me entreguei, o tanto que me dividi, o quase nada que somei. Os caminhos que percorri, os que desisti no meio, os que sonhei, os corpos que sonhei nos quais jamais tocarei, nas mulheres que tanto amei e elas se foram. Deixaram muitas coisas, e um tanto levaram de mim, essa troca, essa doação, sinto imensas saudades delas nessa noite, sentado neste quarto escuto. O velho cinzeiro de vidro, um amontoado de guimbas apagadas, o velho copo americano, a velha vitrola tocando um disco triste, é a minha melhor companhia. Silêncio o meu pranto, conforme o suspiro derradeiro, espero como quem espera no leito de morte, a vida passa, já não faz tanto sentido assim, se ela passa ou se ela fica, se ela me leva ou se ela me deixa. Pois este eterno vagar que me encontro, não tem dia, nem hora pra acabar, e viver ou morrer já não faz tanta diferença assim.

quinta-feira, 25 de março de 2010

Menina que anda ausente,
me mostra tua tatuagem,
cobre minha pele com teu amor.

Menina que não sei chamar de mulher,
que carrega dentro si, o dom de multiplicar,
que corre atrás dos sonhos, que se perde, que se encontra.

Menina me diga que poesia posso te escrever

Menina que anda ausente, me diga qual música tu ouve
neste momento.

O que fazes menina nessa cidade tão estranha,
em que bares tu entra menina.

Menina me diga qual é a marca do teu cigarro,
qual é teu signo.

Menina me diga se tua pele ainda é aquela pele bronzeada,
me diga, qual é o cheiro do sertão neste mês de março.

Menina, aonde tu se desfaz, aonde tu se encontra,
talvez tu venha ao meu encontro,
para enfim acabar como meu desencontro.

quarta-feira, 24 de março de 2010

SAMBA PARA UMA NOITE TRISTE

Essa noite, esse eterno vagar por ai,
lua no céu, cidade que tanto conheço,
distância que tanto sofro.

Saudade queima no peito,
tanto para viver, tanto para apreender,
tanto para esquecer.

Amigos meus, por onde anda vocês?
Aonde vocês foram parar,
aonde posso te encontrar meus caros amigos.

Para desfrutar junto a mim, essa dor, essa agonia.
Compartilhar meus prantos, lamentar as dores,
beber uma cerveja gelada, em tua companhia, meus caros amigos.

Essa cidade não é a mesma que aquela,
sinto as ruas vazias, sinto que o céu tem menos estrela que o meu sertão.

Aqui não tem açude, aqui não tem piquenique.

Não tem pescaria, meus caros amigos.

Me diga como posso viver assim, sem aquilo que tanto amo,
sem desfrutar de tuas companhias ilustres amigos.

Aqui a coisa esta feia, é um tanto de compromissos,
essa noite, esses cigarros que me falta,
pouco dinheiro, pouca companhia.

Meus amigos, sei que um tanto longe estou, sei
que não despedi de vocês, mas carrego aqui dentro todos vocês.

E quem sabe num futuro que espero que seja um tanto breve,
nos encontramos meus amigos, para enfim poder viver e contar o que
aconteceu comigo, nesses tempos de ausência, nesses tempos de eterna solidão.

terça-feira, 23 de março de 2010

SEU ADEMAR

Confesso que ando muito emotivo nos últimos dias. Talvez um tanto saudosista, não sei bem explicar. Acredito que isso se dá ao alto teor alcoólico que vem me acompanhando. Tenho sido remetido ao passado, tem tido sonhos com o meu tempo de menino, tenho chorado ouvindo Dorival Caymmi, tenho me emocionado com saudades das Gerais, de seus vales, de suas igrejas, de seus bares, de suas mulheres e porque não da cachaça. Não sei bem como começou. No último sábado contrariando as estatísticas que sempre se tem que beber acompanhado, fuji dessa idéia e fui sozinho até um bar aqui perto de casa, do meu querido seu Ademar. Seu Ademar é um ser tranqüilo, honesto, corinthiano assim como eu, mineiro assim como meus pais. Queria a solidão como minha companheira, queria pensar na vida, no que tinha vivido nos últimos tempos, uma pausa de mil compassos. E claro, beber minhas cervejas e tomar uma cachaça. Seu Ademar reparando no meu ar desolado, veio na minha direção perguntando se algo de errado havia acontecido, porque no meu semblante a tristeza refletia. Não consegui esconder as dores no peito, fui logo dizendo o que se passava. Seu Ademar, calado, prestando atenção no que ia dizendo, me disse: menino, larga de besteira, a vida é assim. Levante a cabeça, pois tem muitas coisas para viver. Problemas todos tem, inclusive este senhor de cabeça branca aqui. Me disse para esfriar a cabeça, não cometer nenhuma tolice. Ficamos ali conversando até tarde da noite. Me contou causos de nossa Gerais, do seu tempo de menino, do seu tempo de adulto aqui em São Paulo, falamos do mingau de couve feito no fogão à lenha, do frango com quiabo, da nossa música brasileira, do nosso time de futebol, das mulheres. Uma conversa sincera e franca, que passou por tudo. Como ando saudoso para com tudo, comecei a chorar, um choro de alegria, um choro de encanto, um choro de saudade. Seu Ademar, também se emocionou, me disse que eu era um bom menino, sabe-dor das coisas. Prometi para ele que gravaria alguns CD'S de música brasileira para ele, para ouvirmos ali naquele buteco humilde, sentado naquele banquinho em frente. Seu Ademar, como ainda não gravei teus CD'S deixarei aqui uma música em homenagem a você e a nossa saudosa Minas Gerais. 


Até.


sábado, 20 de março de 2010

quinta-feira, 18 de março de 2010

Adeus meu caro amigo

A meu caro amigo, o que lhe dizer neste momento. Sinto uma pena enorme dentro de mim, um sentimento de vazio, um sentimento ruim. Sim meu caro amigo estava ausente quando você mais precisava de mim. Porque tu cometeste este ato de covardia, de lhe tirar a própria vida. Porque tu queria assim meu caro amigo, partir e me deixar sozinho pelos bares. Porque tu meu caro companheiro de boemia, porque meu amigo. Sinto meu caro essa ausência que foi minha vida nestes últimos tempos, não sei meu caro amigo aonde me meti, aonde me perdi. Me desculpe o meu egoísmo de não ser capaz de ser um tanto mais presente, o quanto você mais precisava de mim, o momento que tu precisava aonde eu estava que nem mesmo eu sei. Sinto meu caro amigo, chegar num buteco aqueles que a gente tanto amava, que tantas noites afora passamos juntos, jogando conversa fora, falando das mulheres que amamos, e daquelas que não fomos capazes de entrar no coração dela. Porque meu caro amigo, tu partiste assim, me diga meu caro amigo. Hoje nessa madrugada que tento com o coração partido escrever essa crônica, que os meus olhos marejados se perdem em nossas lembranças. Meu caro amigo, não fui capaz de lhe ver naquele caixão, confesso que não quis ver, pois tua imagem que tenho aqui guardada dentro de mim, são aquelas imagens meu caro amigo, que junto construímos pelos os bares, você sempre calado, sempre tão poeta, eu falador, bocudo, irritado com tudo ao redor. Hoje meu caro amigo, observei o desconsolo de sua mãe, chorando em cima de você, tua pele fria, ela beijando tua face, meu caro amigo não aguentei aquela cena, você que deveria saber que meu coração é um tanto fraco, que não aguenta tantas emoções meu caro amigo. O quanto me doeu aquela cerimônia de despedida, ver você ali trancado naquele caixão, perdendo mais uma noite de boemia, perdendo mais um coração apaixonado de mulher, das tantas que você conquistou. Lamento meu caro, lamento tua companhia que não terei mais, lamento que tu partiu assim, lamento. Hoje estive no buteco, pois você deve saber que lá é o meu lugar, todos meu caro amigo, perguntaram por você. Todos se questionavam, não fui capaz de lhes responder. Fiquei naquele canto que sempre ficávamos, pedi uma Brahma e dois copos, deixei o teu cheio em tua homenagem, pois sei que de algum jeito você dará um jeito de bebê-lo, é meu caro amigo, teu vazio naquele buteco me dói, não sei se conseguirei pisar ali novamente, não sei meu caro amigo, pois sempre que ali estiver lembrarei de ti, isso me machuca. Hoje meu caro amigo para terminar o texto, escrevi um poema que tu gostaria, cantei aquele samba que você gostava. Disse para aquela menina que você sempre amou, mas que nunca teve coragem de lhe dizer o tanto que amava. Me desculpe talvez não deveria ter dito, mas enfim, me despeço meu caro amigo, seja lá aonde tu estiver, saiba que sempre estará comigo pelos botequins mais vagabundos, desfilando nossas poesias vagabundas. Durma em paz meu caro amigo. Me guia aqui nessa terra, pois os meus passos não estão na direção certa, pois bem sei que do jeito que tu é malandro já deve estar numa boa, acompanhado de mulheres lindas, cantando samba. Adeus meu caro amigo, adeus...

Crônica de Rubem Braga

Despedida


E no meio dessa confusão alguém partiu sem se despedir; foi triste. Se houvesse uma despedida talvez fosse mais triste, talvez tenha sido melhor assim, uma separação como às vezes acontece em um baile de carnaval — uma pessoa se perda da outra, procura-a por um instante e depois adere a qualquer cordão.
É melhor para os amantes pensar que a última vez que se encontraram se amaram muito — depois apenas aconteceu que não se encontraram mais. Eles não se despediram, a vida é que os despediu, cada um para seu lado — sem glória nem humilhação.
Creio que será permitido guardar uma leve tristeza, e também uma lembrança boa; que não será proibido confessar que às vezes se tem saudades; nem será odioso dizer que a separação ao mesmo tempo nos traz um inexplicável sentimento de alívio, e de sossego; e um indefinível remorso; e um recôndito despeito.
E que houve momentos perfeitos que passaram, mas não se perderam, porque ficaram em nossa vida; que a lembrança deles nos faz sentir maior a nossa solidão; mas que essa solidão ficou menos infeliz: que importa que uma estrela já esteja morta se ela ainda brilha no fundo de nossa noite e de nosso confuso sonho?
Talvez não mereçamos imaginar que haverá outros verões; se eles vierem, nós os receberemos obedientes como as cigarras e as paineiras — com flores e cantos. O inverno — te lembras — nos maltratou; não havia flores, não havia mar, e fomos sacudidos de um lado para outro como dois bonecos na mão de um titeriteiro inábil. Ah, talvez valesse a pena dizer que houve um telefonema que não pôde haver; entretanto, é possível que não adiantasse nada. Para que explicações?
Esqueçamos as pequenas coisas mortificantes; o silêncio torna tudo menos penoso; lembremos apenas as coisas douradas e digamos apenas a pequena palavra: adeus. A pequena palavra que se alonga como um canto de cigarra perdido numa tarde de domingo.