sexta-feira, 30 de abril de 2010

TALVEZ

Talvez tenha sido a nossa última conversa,
talvez esquecemos do adeus.

Talvez foi o silêncio que silenciou os nossos seres,
talvez tenha te perdido pelas esquinas.

Talvez num romper da aurora sinto uma dor fina,
talvez cambaleio, sentindo meu peito padecer.

Talvez esse verso esqueça a rima, os preceitos,
talvez sinto aqui a dor do esquecimento.

Talvez você ai ria de tudo isso,
na verdade torço para que ria.

Talvez sinto a tua ausência,
e dela tiro teus versos e rimas.

Talvez amanheça na mais bela
melodia, talvez meu coração pare
a qualquer momento.

Talvez o fato de nada querer lhe dizer,
te esqueça um dia naquela mesma esquina,
que um dia te esperei.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

PODERIA

Poderia ficar ouvindo todos os dias e toda hora o mesmo disco, poderia tomar um porre imenso ouvindo o mesmo disco, poderia caminhar pelas ruas do meu imaginário, poderia ficar todos os dias no mesmo buteco, poderia acordar todas as manhas de ressaca, poderia ler todos os livros, poderia ir para todos os rios, poderia me esquecer um pouco, louvar o senhor e todo poderoso Deus, poderia escrever um ensaio, poderia ler Sartre, Graciliano Ramos, Saramago, poderia escutar pixinguinha, poderia, apenas poderia, fazer um monte de coisas, estar em todos os cantos, poderia vasculhar, poderia esculachar, poderia tentar compor um samba, poderia rir de tudo isso, poderia embriagar tomando vinho, poderia repetir o disco na vitrola, insistir nessas linhas, poderia errar e acertar, poderia insistir no erro, poderia apagar as luzes e ver como é a escuridão de uma noite singular, poderia lhe mandar poemas, retratos, poderia escrever sobre os meus devaneios, poderia esquecer-te pelos cantos, poderia bater um atabaque, poderia escovar os dentes sorrindo pela manha, ver o sol que nasce na sacada, poderia apagar meus cigarros que insisto em fumar, poderia dar um descanso para minha saúde frágil, poderia não mais aqui escrever, poderia insistir no erro, publicar um poema, poderia ir de joelhos até ipanema, poderia cantar a garota, poderia me perder, poderia apenas poderia, se tudo não fosse um talvez, poderia se tua imagem me desse um descanso, poderia se não sofresse um tanto assim por você.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

O fato de aqui escrever, por livre arbítrio, de preencher este espaço branco em minha frente. Coloco aqui palavras que nada mudaram o destino do mundo, coloco aqui palavras que não me livram do tédio, coloco aqui muitas vezes momentos que nunca mais voltarão, porque tudo se perde. No momento que aqui escrevo uma pessoa morre em algum lugar do mundo, outra nasce e assim continua o mundo.  Escrevo muitas mentiras, essa é a verdade, muitas das palavras que aqui coloquei foram vãs, não importam para as pessoas. Tentei diversas vezes preencher este espaço que me foi destinado, preencher os imensos sertões que habitam-me, tentei aqui fazer uma menina suspirar tudo vão. Perco o meu tempo aqui escrevendo, talvez exercendo o meu lado digitador de palavras fúteis, poderia assim me perder nas ruas dos meus bairros, sentar num buteco saborear a minha cerveja, ver o vai-e-vem das pessoas em busca da paz, ver as meninas belas que passam falando ao celular querendo acabar com  o silêncio, pois este mesmo tortura. Neste momento que aqui tento justificar minha perca de tempo preenchendo este espaço com imensas balelas, espantando o tempo, diminuindo o meu sofrer, me pergunto: será que alguém lê isso aqui? Será que alguém me leva a sério, será que me entendem. Perguntas brotam nas entrelinhas de minha alma, pois nada faz sentindo. Não quero a compaixão, não quero que vocês pensem que estou vazio, que acordei existencialista, nada disso, escrevo porque algo aqui dentro pede. Lamento, mas pede. Enquanto aqui escrevo, as meninas se entregam nas falsas juras de seus namorados, enquanto aqui escrevo o meu buteco sente minha ausência, e o que sou, senão um copo americano a espera de ser enchido, o que sou além deste corpo, o que vale a vida, o que vale viver, para que a morte nos tome tudo, sem o perdão no suspiro derradeiro, nada faz sentindo por aqui, nem ao menos essas palavras, nada me faz sentido.

NADA A DIZER, APENAS ESCUTE

terça-feira, 27 de abril de 2010

Meu Brasil, brasileiro,
terras tantas diferenças,
meu Brasil forte e guerreiro,
mulato, negro, menino,
brasileiro.

Meu Brasil de batuques,
de macumbas, de rezas, de crenças.

Meu Brasil guerreiro, menino, feiticeiro.

Quanto este pobre sofre meu de te ver assim,
esquecido pelos teus seres que aqui habitam, meu Brasil.

Esquecem o que aqui nasceu, dizem que lá no estrangeiro é melhor,
que lá é de primeiro mundo, que aqui somos todos atrasados.

O quanto eles que pensam assim estão errado meu Brasil,
diz à eles que tu é menino ainda, que tu ainda não teve o valor que mereceste.

Mas que aqui nada falta, que nosso povo, nossa cultura, nossa terra é rica.

Que o nosso povo que ri e chora, sofre mesmo que calado, peito amargurado,
mas segue em frente.

Brota meu Brasil dentro daqueles que nunca jamais deste o real merecimento a ti.

Brasil, brasileiro, menino caboclo, guerreiro, macumbeiro, senhor.

Diz meu Brasil, que assim que esses brasileiros descobrirem você, que tanto valorizarem, nossas cores, que reconhecer nossas raças, nossas crenças, nossas riquezas, seremos um tanto mais felizes.

Meu Brasil, meu Brasil, me diga onde vais parar meu brasileiro menino sonhador aprendiz guerreiro.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Confesso aqui publicamente que não tenho muitos amigos. Por favor amigo é amigo, camarada é camarada. Digo isso porque tenho muitos conhecidos, todos parecem que me conhecem por aqui neste imundo bairro, mais amigos conto no maço de cigarro. Digo isso que recém completado 26 anos numa pequena festa feita pela minha família para receber alguns (chegados), para se ajuntar a mim e comemorar, pois o que é a vida se uma eterna comemoração? Tive o prazer de receber dois presentes. Confesso aqui que não sou muito chegado neste troço de presentes, mas claro adoro quando recebo. Fui presenteado por algumas pessoas, outras me deram o prazer de suas companhias. Mas dois presentes que aqui quero dizer, confesso que nunca  esperava receber tais, explico. Nunca foi de meu apresso saborear vinho - aqueles que me conhecem sabem disso, que o apreço é pela cachaça, recebi em mãos com olhos marejados uma garrafa de vinho chileno ( confesso que não procurei saber sobre o tal), mas meu amigo me disse que é de boa safra ( acredito na palavra do malandro); outro presente que me chamou atenção e me deixou um tanto emocionado ( ainda mais), na noite de sábado foi um Vinil que ganhei da minha querida Dona Nilda ( dona do melhor bolinho de abobrinha que já comi por aqui), um vinil da Clara Nunes. Depois de um longo abraço na minha querida Dona Nilda, a emoção tomou conta de mim. Claro que já me encontrava pra lá de Bagdá, depois de longas ampolas e doses de cachaça. Emoção dentro de mim, prometi que ouviria com ouvidos de ouvir acompanhado da garrafa de vinho que ganhei na mesma noite. Meus caros amigos, aqui estou Clara Nunes me emocionando como sempre, fazendo meus olhos marejar, saboreando ou melhor dizendo esvaziando uma garrafa de vinho chileno. Sendo assim acredito plenamente que não preciso de muitos amigos, esses 4 ou 5 que me acompanham pelos bares, pelos lares, pelos porres, pelas ruas já me bastam. Esse pequeno texto vai para aqueles que na noite de sábado me fizeram um tanto mais feliz e humano. Meus sinceros e gratos abraços e beijos. 
Até.
Seja lá quem eu for irei por ai, irei por aqui. Desbravarei caminhos antes nunca percorridos, na ânsia da busca me perderei mas seguirei em frente. Talvez seja lá quem eu for olhando no espelho querendo saber a resposta para essa pergunta o espelho me diga: não és nada companheiro. Assim desiludido com o mundo ao redor, me revoltarei, mas seja lá quem eu for, escreverei os versos que aqui neste peito deste moribundo brotar. Seja la quem eu for, talvez não me importe, talvez você não note minha ausência naquela tarde de abril quando um outro que não eu lhe beije e caminhe com você pelas ruas de sua cidade. Seja lá quem eu for, seja lá quem eu for...

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Saudade talvez seja a palavra neste momento inoportuno. Talvez uma única palavra me sirva neste exato momento de embriaguez que me encontro para lhe dizer o que sinto por você. Sei que já lhe disse tanto, que sequei minha fonte em busca de inspiração para lha diminuir o pranto. Talvez num momento de loucura acreditei que foi possível, talvez um dia acreditei que elas as palavras não foram postas aqui de maneira para te enganar nunca foi e nunca será a minha intenção. Tudo que lhe fiz se é que lhe fiz algo, foi por carinho, por amizade, por compaixão. Tirei alguns espinhos de nossas vidas, sonhamos juntos, lhe dediquei meu canto rouco, sofrido de madrugadas vazias. Fui durante alguns anos um sonhador, em busca do teu corpo nu. Sonhei contigo pelas madrugadas que varei, lhe cantei em prosa e verso, lhe perdi nos butecos que insisto em entrar. Batuquei teu corpo nos tamborins de meu samba. Rompi com o mundo insensato, com a pobreza sonhando com teu ser a me acompanhar nos lugares por ai. Se errei não é possível aqui dizer, talvez tenha errado, ou até acertado. A vida mostrará. Confesso que essas palavras podem dizer ou até mesmo não os sentimentos que tenho por ti. Talvez você possa pensar que tudo isso é balela, pois anda difícil algum ser humano acreditar um no outro. Talvez nosso encontro naquela tarde de novembro não foi possível lhe dizer tudo que gostaria. Talvez aquele conhaque tenha me tirado da terra por instantes. Talvez este cálice secará um dia. Talvez essa poesia irradiante que brota todo instante seque. Talvez essa palavra que tanto usei neste texto, seja uma definição do que somos um único talvez.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

SALVE JORGE

Salve Jorge, o que posso lhe dizer neste teu dia. No meu altar improvisado a vela queima em teu nome Jorge.  Segue me guiando com tua espada me protegendo dos olhares alheios, me conduz para o caminho da paz. O velho copo de cachaça também meu caro Jorge. Aqui vai um ponto de macumba em tua homenagem, Jorge. 

Axé.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

BAR, MANHA, ABRIL

Estou perto de completar 26 anos de idade, para mim isso pouco importa. Apenas digo aqui, que os festejos de comemoração já iniciaram. Como sempre digo não gosto do mês de Abril, motivo não sei bem qual é, mas não gosto. Hoje cedo logo pela manha depois de um longo café da manha, regado a pão com manteiga derretida, um copo americano de café preto, resolvi que tiraria o dia para beber sozinho, isso sozinho em minha homenagem. Não é que seja egoísta, mas ao passar dos anos, sinto cada vez mais o desejo de estar só para compreender a multidão. A manha estava bonita, contrariando o mês de abril, o céu estava limpo - pude reparar até num breve e leve cantar de pássaros. Fui até o buteco do Chico, antes uma breve passada na praça, para descansar um pouco já que os meus pulmões andam de mal a pior. Crianças correndo para todo lado, pais sentados enquanto a criançada brincam. Uns andando de bicicletas atrapalhando a caminhada daqueles que cuidam da saúde, outros jogando bolas de gude ( fiquei emocionado quando vi), uma cena maravilhosa para o começo do dia. Para quem é claro, imagino que vocês poucos leitores que perdem o tempo lendo essas errôneas linhas, não sabem o buteco do Chico fica em frente a essa praça. Cheguei no buteco emocionado, fui logo pedindo para seu Chico uma Brahma digna de um bebum pela manha. Seu Chico com aquele sorriso grato de conhecedor da vida, me atendeu. Depois de alguns comprimentos aos senhores que ali estavam, fui para o balcão saborear a cerveja estupidamente gelada. Reparei na maravilha daquela manha, uma pausa na correria do dia-a-dia, contemplando a maravilha  que é viver. Sei é fato que fico um tanto nostálgico perto de aniversário, que fico revirando o passado, relembrando tempos de outrora, dessa vez não foi diferente. Um mundo de pensamentos e lembranças passou pela minha cabeça nessa manha, me lembrei do tempo de menino, lembrei dos amores de outrora, no que me tornei. Seu Chico sentado atrás do balcão me viu com pensamentos perdidos naquilo tudo e foi categórico:
- Pensando na vida menino?

- Pois é meu caro, estou pensando no tempos que não voltam.

Seu Chico deu um sorriso enorme e de quebra me ofereceu uma música para me ajudar nos pensamentos. Uma moda de viola, que gostou e queria repartir comigo. Pedi mais uma cerveja para acompanhar os pensamentos e a música. As horas se passaram rapidamente, quando dei por mim, já era hora de voltar para o almoço e para o descanso do lar. Assim meus poucos leitores o ponta pé foi dado para os festejos de comemoração ao meu aniversário que não terá diga de passagem nenhuma festa dentro de bares da moda, aquela besteira que muitos cometem, e sim quem quiser pagarei uma cerveja no bar do Chico que é cada vez mais o meu lugar. 

Até.

domingo, 18 de abril de 2010

CAYMMI, PORRE, VIDA

Dorival Caymmi, tu que me apresentaste a Bahia, a linda Bahia. Tu que me ensinaste os caminhos do mar, que me mostraste as lindas morenas de sua terra, tu que me ensinaste a ser pescador, amante dos mares, canoeiro. Caymmi que falta meu caro tu faz. Meu ser desfalecendo depois de um porre imenso e certeiro, aonde morro nessa manha de sol na terra da garoa. Vitrola tocando seu disco - as luzes entrando pela janela da sala, iluminando minha face tão castigada, velho caymmi. Caymmi, caymmi, tu que partiste naquele dia, deixando o vazio imenso em mim. Hoje dedico o meu dia em tua homenagem. Ficarei aqui neste canto, ouvindo teus cantos a me iluminar.

sábado, 17 de abril de 2010

Meus tantos descaminhos, me perco nos teus caminhos. Me deixo levar feito um sabiá, avanço, arrisco um breve avoar. Leve, tranqüilo, essa paz que tu me dá. Minha embriaguez em cada esquina - teus gritos me tirando da boemia, é assim que te quero cada vez mais, me tirando dos tormentos que a vida me põe. Você minha leve sintonia, teu leve cantar nas manhãs assim juntos somos uma breve e leve melodia. 

terça-feira, 13 de abril de 2010

Todo poeta é um mentiroso. Todo boêmio é uma espécie de aprendiz. Isso é a tua definição para mim. Quero aqui de copos e cigarros em mãos levantar um brinde a você menina. Pois na certa que tu merece.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

UM CERTO BILHETE PARA UMA MENINA AO LONGE

É verdade que nesse período de ausência no qual ambos se ausentaram devido aos caminhos que a vida toma, senti saudade de você. Não sei bem o que você realmente pensa ou sente, talvez não me importa em saber, mas preciso que você saiba que nesses tempos de ausência, pensei diversas vezes em acabar com este silêncio que tomou posse de ambos. Me contive é certo, pois também queria um pouco a solidão, queria sentir o meu amor por você doendo em paz.  Mas o que quero que você saiba é que ainda ando pensando em você, que ainda aqui dentro arde alguma coisa quando de ti lembro. Esse pequeno bilhete assim posso dizer é pra você, e você sabe que é pra você, não colocarei teu nome por aqui pois não é preciso. 

domingo, 11 de abril de 2010

Emoção é o que posso dizer quando escuto essa canção. Letra do mestre Aldir Blanc com melodia de João Bosco, música que homenageia o pai do João Bosco, mineiro de Ponte Nova. Essa é uma das canções que mais escuto, já escutei bêbado, sóbrio, a emoção é a mesma. Nessa madrugada que se aproxima nessa saudade absurda que sinto de Minas Gerais, nessa vontade de beber uma cachaça para esquecer os tormentos, nessa saudade que brota no peito meu, nessa vontade de jogar a mochila nas costas e partir para Minas Gerais de vez. 
 
 

quinta-feira, 8 de abril de 2010

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Hoje o que escrevo,
não é o que sinto,
é o que tu sente.

Hoje na minha pele,
o que sinta é tua pele,
hoje o brilho do meu olhar é o teu olhar.

Hoje as dores que carrego no peito meu,
é as dores que tu carregas no seu.

Minha poesia tão errante,
é pra ti, nos tropeços que tu leva.

Hoje embaralhado,
tão sem saber o que levo aqui dentro,
é meu ou é teu.

Hoje separados, mas tanto unidos,
carrego tudo aqui dentro,
sem perceber me despeço de mim,
para enfim viver você.