sexta-feira, 10 de setembro de 2010

O TREM

O Trem

Todos os dias no mesmo horário o trem parava naquela estação. De longe procurava avistar ela no meio dos passantes. Era fácil encontrá-la, se destacava no meio de todos. Cabelos loiros, longos, trajava sempre a mesmo roupa branca, salto alto, olhar pacifico, sorriso de menina. Tentava sempre imaginar o que ela fazia sempre por ali, naquele mesmo lugar, ao parar do trem na estação, ela entrava, sempre no mesmo vagão, parecia saber que ela admirada por mim, um admirador perdido no meio de todos. Ficava pensando se ela era enfermeira ou não; se iria trabalhar ou se estava voltando do trabalho. Procurava sempre ficar olhando para ela, quando meus olhos miravam os delas disfarçava olhando para outro lado. As vezes ela cuidadosamente tirava da bolsa o estojo de maquiagem, retocava os lábios com o batom vermelho, pintava os olhos, parece que se admirava ainda mais ao espelho, numa espécie de narciso. De longe pensava comigo que aquilo tudo era besteira que a mesma não precisava daquilo tudo, pois a beleza dela era irreparável, era ao meu ver divina.

Ontem o trem parou na mesma estação, e a mesma não se encontrava, tentei procurá-la no meio da multidão nada, o trem deu o apito, fechou as portas e partiu. Durante alguns minutos fiquei imaginando o que teria acontecido a ela, para que não estivesse ali naquele momento. Pensei talvez, deve estar de folga do trabalho, ou até mesmo doente, talvez perdido a hora, ou levado o filho ao médico (teu rosto me dizia que era mãe), pensei que tudo aquilo era bobeira, achei até que era uma obsessão da minha parte, pensar tanto nela, sem ao menos lhe conhecê-la , mas logo voltava a imaginar ela. Pois ela era o meu alento nas noites frias na minha ida para o serviço. Pensei a amanha aparece, tenho certeza disso, vai aparecer, acredito que vai.

 
Passei o dia inteiro pensando nela, contando os minutos ao longo do dia para aquilo que considerava um acontecimento, as vezes ria de mim mesmo, sempre é verdade me achei um louco, um apaixonado pelas mulheres, mas minha paixão sempre escondida na maioria das vezes. O dia passou, veio a noite, e lá estava eu novamente, sentado naquele vagão, contando as estações para chegar a dela, o trem se aproximava da estação, olhei no relógio disse para mim, está na hora, procurava avistar ela no meio das pessoas, nada, ela havia sumido.

Os dias foram se passando, angustia aumentando, sonhava em revê-la algum dia. A todo instante via em minha cabeça lembranças dela, mas nada havia perdido ela para sempre. O pior é que nem ao menos sei o nome dela, mas é bom assim, procuro nomes para ela, enquanto ela não vem, crio e recrio ela dentro de mim, moldo-a do jeito que quero. Mas uma paixão se perdeu no meio da multidão a procura do sim e do não, o silêncio é presente, sendo assim, mulheres passantes que tanto amei e que tanto amarei ou desejarei no meu exercício de rotina, na ida e volta para o lar.

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