segunda-feira, 9 de agosto de 2010

O vento que sopra nas janelas esfria o meu ser, me asseguro que tudo esta trancado, abro o guarda - roupas atrás de uma coberta que esquenta o frio imenso que faz aqui no sudeste. A velha taça de vinho o meu alento envelhecido nos tonéis ajuda a suportar a rotina árdua de trabalho. Na velha vitrola a mesma canção que toca, peito amargurado de saudade de você, de tudo aquilo que sonhei em lhe dizer naquela tarde calorenta de novembro quando enfim lhe vi pela primeira vez. O perfume que senti na tua pele, o lenço em volta ao teu pescoço, tua voz macia, teus olhos nada serenos. Vire e mexe lembranças me invadem, nessa tarde fria de agosto o que arde aqui dentro é a saudade absurda que sinto de você. Tantas coisas para lhe  dizer, mas acredito que você não queira ouvi-las, embriago-me sentado na cama, a luz apagada do lustre, o teto escuro, sinto-me prisioneiro da tua poesia melancólica. Ensaio pegar o telefone e te ligar, um instante único revela o delírio irradiante do meu ser, desligo a sensação, me calo, nada falo. Penso no que poderia lhe dizer para quem sabe você enfim perceber a falta que tu faz ao meu ser. Escuto sambas antigos, coração despedaça, ouço aquele tango, que naquele noite fria ensaie colocar para você. Percebo que muito tinha para lhe dizer no instante que pus os olhos em você, mas nada disse, virei um ser a esperar o tempo, me dar a oportunidade de lhe dizer. Pode parecer algo inoportuno, talvez difícil de acreditar, mas o é o meu ser longe de você, o que é escrever sem ter você para lhe dizer. O vazio penetra as linhas deste texto, mistura a embriaguez com a solidão, e a falta de algo para crer que é preciso existir, não se deixar levar pela imensa solidão do mundo. Tudo se confunde ao mesmo tempo que tudo parece concluído, mas lá no fundo uma luz invade tudo, brota com o orvalho da manha, com a garoa fina que molha meus cabelos finos me entregando numa boemia qualquer a espera de você chegar a qualquer instante único que seja, para quem sabe enfim me embriagar no perfume que exala tua pele, me perder nos horizontes sombrios que habita o teu, quem sabe possa haver oportunidade, quem sabe, apenas espero o sol na manha seguinte para que possa enfim levantar sorrido

Sem comentários:

Enviar um comentário