terça-feira, 4 de maio de 2010

SEU CHICO, O BAR DO PASSADO.

É verdade que os tempos são outros, mas na lembrança a saudade permanece. E assim meio saudosista, quero aqui contar pra vocês meus caros e poucos leitores, um fato do cotidiano. É verdade como disse, que por um erro ao qual não pedirei desculpas, eu não ponho meus pés no buteco do baixo. Não cabe explicações aqui, mas por enquanto não ponho os pés por lá. Tive o prazer de com isso, conhecer os milhares de bares do meu bairro, um deles que quero contar é do seu Chico. Seu Chico, é um cabra matuto, daqueles que saiu do sertão atrás da chance na grande cidade. Saiu do seu sertão, nos anos setenta, trabalhou em grandes firmas, antes delas partirem para fora do estado de São Paulo. Chico conta que naquele tempo, era oportunidades de trabalho uma em cada esquina, largava de um e entrava n'outro. O último que durou cerca de 15 anos, que saiu porque a firma mudou para região de Campinas, não quis sair de Sampa. Devido a sua idade não quis mais trabalhar para patrão, resolveu abrir um buteco. O buteco que já tem mais de 10 anos de vida, que seu Chico se orgulha deste feito, de segunda a segunda, atrás daquele balcão seu Chico ainda conserva um tremendo sorriso no rosto. Conversando com seu Chico, dizendo para ele que sempre tive a curiosidade de entrar no bar dele, mas nunca fui capaz, ele soltou uma tremenda risada. Disse que aquilo ali era coisa de velho na beira da morte, não coisa de jovem. Disse para o malandro que ele estava tremendamente enganado, que eu gostava de bares assim cheio de coroas. Mas que não entrava, pois sabia que o meu pai, na época que morava em casa - freqüentava ali. Ele então curioso, perguntou o nome do meu véio, disse: Medina. Num silêncio que durou poucos segundos, procurou na memória, e soltou um sorriso típico dele:

- Porra, você é filho do velho Medina?

Espantado com o sorriso do camarada, fui logo explicando aonde ele morava e tal. O velho rindo ainda disse:

- O Medina é único, meu camarada.

Disse-me que o pai junto com o alemão, qual eu não conheço não saia de lá. Ele chegava do serviço, passava por lá, bebia uns tragos, contava umas estórias e depois partia rumo a família. Ainda comovido com tudo aquilo, pois sinceramente não acreditava que o seu Chico lembraria do meu velho. Pois o meu velho nunca me disse nada sobre aquele buteco, sobre o velho Chico. Mas voltando ao assunto principal, sempre tive um receio de ali entrar, mesmo a curiosidade imensa de sentar debaixo daquela árvore e passar uma tarde na presença de meus amigos. Pois é meus caros leitores, posso aqui dizer, que de lá não sairei, porque o velho é torcedor do Corinthians troço que me emociona bastante, também por conservar um puta sorriso no rosto tão fatigado de outrora, que não esconde o sofrimento e a batalha atrás do balcão. Depois contarei aqui o resto da história sobre o bar do Chico.

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