quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Era madrugada caminhava lentamente pelas ruas que me viram nascer. No céu algumas poucas estrelas e a lua prateada iluminando o carnaval dos tristes e solitários. O silêncio era tamanho, apesar da data, que exige barulho, festa, o que se via era o contrário, silêncio. Silêncio que se estendem até o buteco pé-sujo cravado ali naquela esquina, poucos presentes para meu eterno delírio que só pensava em beber uma dose para espantar o vazio. Vazio que é consolidado em épocas festivas, troço que não sei o que acontece, pois em época de festas prefiro o silêncio, o afastamento de quase todos. Me refugio assim posso dizer. Misto de emoção e tristeza, invadindo meu ser, dominando minha alma padecida de outrora, rabiscando versos em papel guardanapo, assim passei madrugada a dentro. Madrugada que foi estendida até o raiar do dia, quando não mas foi possível continuar em pé, os cigarros acabados, conta paga, hora de voltar para o lar. Cambaleava pelas ruas - num zigue-zague, reparando no raiar do sol, invadido de luz de paz. Cantarolei alguns sambas, como sempre faço, depois de longas bebedeiras. Dei risada, ri de mim, ri da minha vida, ri como nunca ri antes da minha desgraça, do meu jeito de ser. O dia anunciava que mas uma vez meus passos se perdiam, que era hora de repousar para quem sabe, mas uma noite de boemia, mas uma noite de amor vadio. Quem sabe, jamais deixar este meu bairro, essas minhas ruas, nunca jamais apagar do meu imaginário, os traços do passado, os traços que virão no rabiscar do sol sobre a folha de papel em cada novo amanhecer, morrer e renascer nessas ruas que viram crescer, e provavelmente verá morrer, desfalecer naquela madrugada, depois de um longo porre.

Sem comentários:

Enviar um comentário