quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

TENHO VISTO

Minha imaginação percorre caminhos que não percorremos juntos, se perde neles. Tenho te visto aonde nunca fomos, tenho te amado como nunca antes. Tenho te visto ali naquela cama, nua, despida dos valores imposto pela sociedade - despida de tudo, despida de amores de outrora, despida de mim. Tenho te visto até quando não lhe conhecia. Tenho te visto nos meus sonhos, nos meus amores por outra qualquer, tenho te visto aonde me perdi, tenho te visto ao longe, tenho te visto nos meus sabores, nos meus cigarros apagados. Tenho te visto nos lugares improváveis, tenho te visto assim simples como você sempre foi, tenho te visto nas entrelinhas dos livros que leio, nas entrelinhas daquelas linhas que tento aqui escrever sem êxito, tenho te visto no fundo dos copos que bebo. Nos butecos mais vagabundos, tenho te visto na batida do samba que escuto, tenho te visto no amuleto que outra menina usa. Tenho te visto aonde meus olhos enxergam, tenho te visto no voo dos pássaros pela manha. Tenho te visto nos cantos aonde me perco e aonde me encontro. Te te visto sentada no banco da praça, tenho te visto caminhando com teu cão de raça. Tenho te visto distante do que faço, tenho te visto no cansaço, e no descanso. Tenho te visto do remanso, nas marés. Tenho te visto no pano das jangadas, nos saveiros. Tenho te visto nas ondas que o mar deixa na areia. Tenho te visto, tão perto e ao mesmo tempo tão longe. Tenho te visto quando eu apareço você some, tenho te visto aonde você nunca se encontra. Tenho te visto nas noites sem sono. Tenho te visto em tudo que me consome, tenho te visto no calor daquela noite insone. Tenho te visto, até mesmo quando você some, sem deixar nada além de teu nome.

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