sábado, 20 de fevereiro de 2010

O que posso dizer depois da perda - o silêncio é o que digo. Silencio pois quando me silencio, me escuto, me olho para dentro e me perco. Quando falo, nada escuto, minha dor se perde nos labirintos de minha fala. Quando silêncio é o meu peito que pede, quando nada falo, quando tudo que calo arde na madrugada vazia, escuto o samba que me acalanta. Quando sozinho sou mais forte, quando sozinho me encontro, lamento tudo que perdi, lamento que cada um leve meu pedaço. Quando não mas restar pedaços de mim - dentro de mim, é hora de sair para me procurar. Até quando nas entrelinhas das minhas linhas errantes restar meu pranto, até quando me levanto, até quando me encontro, até quando desejo a morte de mim pelos cantos. Quando me perco talvez me encontro, quanto pedaços levaram de mim, não sei dizer, talvez junte um dia, para jogar na vala. Quando o barquinho de Iemanjá levar minhas cinzas e meu canto, talvez alguém possa surgir e lamentar a perca do meu canto. Quando tudo permanecer assim, não posso dizer, nada além do meu pranto. Quando as linhas se perdem, nos oceanos, e lá restar nada mais que o meu desgosto, canto.

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