segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Bundão - O Chato

Como um bom filho a casa torna, eu voltei. Depois de passar alguns dias distante, ausente daquela espelunca como um filho volta para mãe. A minha ausência não citarei aqui, não citarei o que me levou a tomar algumas providências de abandono à minha espelunca do coração. Cheguei por lá reparando em tudo e pude é fato perceber que nada mudou. Para a minha alegria nada mudou. O baixo na dele, sem puxar papo comigo, tive é certo alguns contra-tempos com o malandro, mas não cabe aqui citar, pois malandro que é malandro, resolve no papo. Superando tudo o que se passou, já que passei cerca da metade do ano passado naquela espelunca, o que deixou minha conta bancária negativa ( se é que já foi positiva algum dia). Todos os freqüentadores de butecos sabem que em todos os butecos do Brasil haverá um chato de balcão. Aquele que pede uma pinga e demora cerca de duas horas para pedir outra, enquanto fica torrando a paciência dos ali presentes. Para a minha surpresa nem isso mudou, lá tem um bêbado de plantão e o nome dele é Raimundo. O maior chato daquela espelunca. Para alguns que o chamam de Bundão, devido a sua covardia, Raimudo é aquele cabra que toma pinga por que é barata, não é porque gosta. Pois o que presenciei ali dentro daquela espelunca revela o quanto o malandro é chato e além de tudo mão de vaca. Raimundo nasceu no Rio Grande do Norte, como milhares que tentam a vida na sonhada São Paulo, aqui chegou e nunca mais rastou o pé daqui. Raimundo é um sujeito que não tenho apreço nenhum, sinto é fato dizer, mas é aqueles seres humanos que não me causam nada, sua presença ali, é como não estivesse. O malandro como aqui disse, é pão duro, aquele que não ousa jamais colocar uma cerveja na mesa do amigo, que não ousa pagar o churrasco ou participar da (vaquinha). E além de tudo é um chato. Hoje conforme disse aqui, estive na espelunca e pude re-ver aquele ser. O malandro não mudou nada, nem um pouco. Continua sempre na mesmice. Hoje bebendo sua cachaça encostado no balcão reclamando dos jogadores de sinuca - pude presenciar a pior cena presenciada por mim. O cabra que diga de passagem não é digno de pegar num taco de sinuca, e chamar algum caboclo para disputar uma nega de três, já que chamei-o aqui de bundão, explico. Raimundo mão de vaca, só joga com aqueles que ele acha que tem chance de ganhar. Assim foi comigo - o malandro achou, apenas achou que teria chance de ganhar para surpresa dele, perdeu feio. Hoje jogando com o seu Roque, malandro, jogador do bom, deu 4 bolas para eles. Para que vocês entendem melhor, seu Roque jogou apenas com 1 bola na mesa, enquanto o cabra que não honra as cuecas jogou com 5. Conforme vocês podem imaginar quem levou a melhor foi o seu Roque, para minha imensa alegria. A nega de 3 era valendo 3 cervejas. O que me deixou alegre. O malandro perdeu feio, não deu para o cheiro e ainda questionando, reclamando, pagou chorando as 3 cervejas. O que quase me fez desistir de tomar as mesmas 3 na companhia do velho e malandro seu Roque, cabra matuto, malandro dos bons, sabedor. Enquanto saboreávamos a cerveja Raimundo ( bundão) questionava do outro lado. Não dando ouvidos para tanta besteira fiquei até poucos minutos ali naquela espelunca. Saboreando a vida, contemplando o futuro e tendo ainda a certeza que o butequim é o meu lugar, que ali mesmo que ausento, ali estará o meu ser, o meu peito, a minha sobra. Sentada no canto direito daquele balcão conforme disse saboreando a vida na presença dos amigos e dos sonhos e tendo a certeza que dentro de buteco o que vale é a palavra, é o gesto, é a camaradagem, o resto é resto.

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