sábado, 2 de janeiro de 2010

Teu olhar se perdia no horizonte. Olhar que outrora brilhava, me impulsionava. Havia naquele olhar algo terno, algo de paz, um brilho que mostrava os caminhos da vida. Fico a buscar no meu imaginário, guardado lá fundo, teu olhar de outrora. Mas a lembrança é pequena, já não enxergo mais. Me recordo daquelas tardes quando você sentava na sua cadeira de madeira, ao lado do fogão de lenha, enquanto esperava a comida ficar pronta. O bule de café na mesa, xícaras penduradas nos preguinhos. Aquela paz, aquele remanso, aquela calmaria. Hoje reviro no meu inconsciente atrás de alguma espécie de memória, que me traga a calmaria, que me ensine o caminho. Tudo é em vão. Depois de tua partida, a casa ficou vazia. Já não encontrava nela, o mesmo prazer de antigamente, já não encontrava você lá naquela cadeira, com aquela voz mansa e terna. A solidão tomou conta daquele lugar, aos poucos perdeu o brilho. Tudo ficou cinza. Aos poucos suas lembranças também. Prometi não mais pisar naquele lugar, prometi assim minha querida, viver como uma espécie de lembrança. Buscar assim sempre que eu quiser, mesmo que nem sempre conseguindo, nossas conversas, teu jeito terno, esse teu olhar, tua comida, teu abraço, no passado. Mesmo você ausente deste mundo, na medida do possível eu também, sempre buscarei você aqui dentro, aqui dentro de mim, aonde você jamais morrerá, aonde você se tornou encantada. Nesse sertão que é aqui dentro de mim, você ainda é água que me mata a sede.

Sem comentários:

Enviar um comentário