quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Entre

Sobre a vida que se perde a todo instante. Feito o amor que se perde e renova-se outra vez. Feito a ferida que cicatriza e outras tantas que não. Entre o espaço de tempo o beijo, entre a saudade e o presente. Entre a paz e o vazio, entre o ter e o ser, entre existir e desistir, entre o sonhar e o acordar, entre o porre e a ressaca, entre a bituca e o cinzeiro, entre o peito e o rei, entre o mar, entre as ondas neste imenso azul, feito o céu ao avesso, navego me esqueço. Entre o desmanchar e o manchar, entre estar e estar ausente, entre passar e não ver, entre tuas pernas outro ser fazer. Outra vez a busca da rima, outra vez a poesia, outra vez a escrita, o alento na esquina, outra vez o rebolado da morena, dentro da noite foraz o desfalecer você nua. Entre tanto que dizer sem saber como. Entre o espaço do telefone e a tua voz a distância. Entre a madrugada que silência e aumenta o pranto. Entre a barba para fazer, entre os cabelos que cai, e as noites mal dormida. Entre as tosses, o pulsar do coração vazio. Tua alma na areia, rabisco o meu nome, na tua pele rabisco as cicatrizes feito tatuagem. Teu o teu meu. Tua, apenas tua, tua... Tuas pernas entre as minhas, teu ventre pulsando, cigarros apagados no cinzeiro feito amor de outrora. O tricô que bordas com linhas perdidas. A poesia que se busca, o sussurro da tua voz ao meu ouvido, o ter. O bordado ao avesso, o avesso de mim bordado nessa escrita. A plenitude que se sonha aos dias, o que aparece de mim o que deus tesse com o sofrimento. Entre jogar palavras, este encontrar teu corpo e me perder a todo instante, é esse ensinamento que você me passa todos os momentos, é esse ter é esse avesso do ser ou até mesmo do ter, o que não conheço desconheço. É o brotar, é jogar perfume no ar, às vezes como disse te encontro perdido em pensamento é esse querer distante. É apenas não saber o que escrever para afastar os desenganos, é querer esquecer os assombros é querer estar contigo sem saber que se ama, é esse não decifrar o que é, é esse insinuar sem saber aonde vai e que porto vai chegar. É esse teu norte que se afasta cada vez mais do sudeste. E perdido feito essas linhas sem rima, sem nexo, a vida se encontra num corpo de mulher, é esse ouvir, é esse estar, que procuro incessantemente o teu ser, para quem sabe o amor não dissolver assim, sem dor, ou até mesmo o fim, feito este texto que não acaba, ou até mesmo a morte para por um ponto final.

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