sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Acendo um cigarro molhado de chuva. O silêncio da madrugada misturado com algumas doses de cachaça me embriaga, em calma. Caminho lentamente pelas ruas, lembro que é a primeira madrugada do ano, e tudo se repete. Reparo que ao meu lado, dos solitários companheiros me acompanham, dois cachorros, molhados de chuva. Seguem os meus passos, paro, eles param, prossigo eles prosseguem. Me comovo com tudo isso. Dobro a esquina, eles param debaixo da cobertura de um butequim, como querendo dizer: Aqui é o meu lar. Solto um sorriso, continuo a caminhada. A solidão da vida noturna me acompanha, essa boêmia que me matará um dia. Pego-me a pensar no ano que começa, uma saudade absurda, meus olhos marejadas. Cantarolo um velho samba, lembro da minha terra, do meu povo, penso na esperança, não é essa esperança momentânea contida num copo de bebida, e sim aquela esperança que não podemos perder jamais, de amar este povo, de amar esses butecos, de amar o samba, de amar, simplesmente amar, a cada amanhecer, amar. Mesmo que no velho travesseiro de outrora, ainda cheirando o velho cheiro de conhaque, e a saudade daquela mulher que tanto fascina, lhe roubar os sentindos, apenas digo neste madrugada que mal enxergo as teclas do computador e nem que rumo toma este texto, simplesmente ame.

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