terça-feira, 24 de novembro de 2009

A correria é tamanha, a saúde anda abalada, com tudo isso acontecendo me impede de beber, de ir até a minha espelunca. Hoje depois de duas longas semanas, apareci, como um cristão na santa missa, apareci por lá. A espelunca estava vazia, como deveras sempre és. A chuva caia fina, molhando as árvores, molhado o rosto daqueles que ali passavam apresados. Uma imensa saudade, fazia se presente aqui dentro, uma vontade de sentar ali, pedir uma cerveja gelada, uma boa cachaça mineira para acompanhar - e ver a noite cair lentamente, adormecendo o peito vazio, enxugando o meu pranto, aliviando a dor da despedida naquela tarde solitária. Ali do outro lado do balcão o seu Ademar, com seu velho avental verde, com o riso estampado no rosto, alegre de ver, ali presente. Me perguntando por onde andei, e porque sem ao menos dar um alô, desapareci, assim como milhares partiram nos tempos de chumbo. Como sempre a minha velha e podre poesia é a minha companheira, nesta noite chuvosa, pude dizer para ele o quanto lamentava essa ausência do seu bar, que tanto me acolheu, e que tanto me deu felicidade. Mas como ando triste, e andei perambulando pelo meu Brasil, que tanto amo, em busca da paz para a minha alma, que voltei como quem volta do mar agitado, como a morena que espera no cais em busca do teu nego e do teu saveiro, eu voltei. Mas quero aqui neste meu humilde e simples espaço lhe dizer, meu bar: aonde quer que vá, aonde quer que eu beberei, é em você que pensarei, é neste balcão que tanto me acolheu, que tanto, dispensou a minha dor, como quem despacha uma oferenda para os orixás, é você que tem o lugar cravado no meu peito, é você, e essa aldeia que levarei aonde quer que eu vá. Apesar de muitas idas minhas, sentir que nem sempre é possível a volta.

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