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Tranca a sala onde guarda os livros e discos, com passos de pluma sai sem fazer barulho. Pensa que se roubar o resto da casa não tem problema. Vai direto pro primeiro botequim que fica a duas quadras do apartamento, pede um café bem forte e logo mais uma cerveja. Depois de três goles o grau etílico das 5 da manhã parece retornar a sua cabeça e as pessoas parecem ter um balanço todo especial. Bate um papo com o Juvenal (dono do boteco) e conta a respeito da noite passada.
Tranca a sala onde guarda os livros e discos, com passos de pluma sai sem fazer barulho. Pensa que se roubar o resto da casa não tem problema. Vai direto pro primeiro botequim que fica a duas quadras do apartamento, pede um café bem forte e logo mais uma cerveja. Depois de três goles o grau etílico das 5 da manhã parece retornar a sua cabeça e as pessoas parecem ter um balanço todo especial. Bate um papo com o Juvenal (dono do boteco) e conta a respeito da noite passada.
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Depois de fazer um tempo, vai ao encontro do parceiro que havia lhe convidado no meio da semana pra ir em uma boate, segundo ele, muito 10. A garoa começa a cair e vocês param debaixo de uma marquise para terminar de fumar os cigarros que estão ficando encharcados. Esperam um pouco, a chuva cessa e seguem caminhada. Se aproximam da boate, a fachada parece uma construção inacabada com a luz de néon formando as palavras BAR LUPICÍNICA. Na entrada um negro enorme te entrega a comanda depois de te dar boa noite com cara de amigo de infância.
Depois de fazer um tempo, vai ao encontro do parceiro que havia lhe convidado no meio da semana pra ir em uma boate, segundo ele, muito 10. A garoa começa a cair e vocês param debaixo de uma marquise para terminar de fumar os cigarros que estão ficando encharcados. Esperam um pouco, a chuva cessa e seguem caminhada. Se aproximam da boate, a fachada parece uma construção inacabada com a luz de néon formando as palavras BAR LUPICÍNICA. Na entrada um negro enorme te entrega a comanda depois de te dar boa noite com cara de amigo de infância.
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O lugar não é muito grande , poucas mesas e em cada uma delas um pequenino abajur. No teto três luminárias em formato de concha que jogam a luz no teto, formando uma luz indireta e agradável para os olhos de quem bebeu até de manhã na noitada anterior.
O lugar não é muito grande , poucas mesas e em cada uma delas um pequenino abajur. No teto três luminárias em formato de concha que jogam a luz no teto, formando uma luz indireta e agradável para os olhos de quem bebeu até de manhã na noitada anterior.
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A cerveja vem em um balde com seis garrafinhas afogadas no gelo, estão estupidamente geladas e o vinho é servido em taças de vidro alemão, um vidro que parece cristal de tão fino. A música é o que tem de melhor. De repente você agarra o cardápio com ar de suspense, pensando no limite do cartão de crédito. Ao fitá-lo verifica que o preço cabe em seu orçamento. Que alívio!
A cerveja vem em um balde com seis garrafinhas afogadas no gelo, estão estupidamente geladas e o vinho é servido em taças de vidro alemão, um vidro que parece cristal de tão fino. A música é o que tem de melhor. De repente você agarra o cardápio com ar de suspense, pensando no limite do cartão de crédito. Ao fitá-lo verifica que o preço cabe em seu orçamento. Que alívio!
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As palavras vão sendo molhadas lentamente, o assunto flui sabendo que não tem hora pra chegar em casa. Penetrando a madrugada, a música se espalha no ambiente através da voz direta e agradável do senhor de barba longa. O duo de piano e violão que o acompanha é de primeira estirpe, músicos sofisticados, dá pra ver na expressão de cada face e no tanger de cada acorde. Calmamente os lábios envoltos por pelos brancos ao microfone cantam...”acendo um cigarro, molhado de chuva até os ossos...”
As palavras vão sendo molhadas lentamente, o assunto flui sabendo que não tem hora pra chegar em casa. Penetrando a madrugada, a música se espalha no ambiente através da voz direta e agradável do senhor de barba longa. O duo de piano e violão que o acompanha é de primeira estirpe, músicos sofisticados, dá pra ver na expressão de cada face e no tanger de cada acorde. Calmamente os lábios envoltos por pelos brancos ao microfone cantam...”acendo um cigarro, molhado de chuva até os ossos...”
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No decorrer das canções o cantor vai chamando seus parceiros para darem uma palhinha. É tudo muito emocionante naquele ambiente escuro e enfumaçado, belíssimas canções. As 4 da manhã ele diz – essa fiz em parceria com esse aqui ao meu lado, debruçado em seu piano. Seguem no compasso: – “Batidas na porta da frente: é o tempo, eu bebo um pouquinho pra ter, argumento, mas fico sem jeito calado, ele ri, ele zomba do quanto eu chorei, por que sabe passar e eu não sei, num dia azul de verão, sinto o vento, há folhas no meu coração, é o tempo, recordo o amor que perdi, ele ri, diz que somos iguais, se eu notei, pois não sabe ficar, e eu também não sei, e gira em volta de mim, sussurra que apaga os caminhos, que amores terminam no escuro, sozinhos, respondo que ele aprisiona, eu liberto, que ele adormece as paixões, eu desperto, e o tempo se rói com inveja de mim, me vigia querendo aprender, como eu morro de amor, pra tentar reviver, no fundo é uma eterna criança, que não soube amadurecer, eu posso e ele não vai poder, me esquecer...”
No decorrer das canções o cantor vai chamando seus parceiros para darem uma palhinha. É tudo muito emocionante naquele ambiente escuro e enfumaçado, belíssimas canções. As 4 da manhã ele diz – essa fiz em parceria com esse aqui ao meu lado, debruçado em seu piano. Seguem no compasso: – “Batidas na porta da frente: é o tempo, eu bebo um pouquinho pra ter, argumento, mas fico sem jeito calado, ele ri, ele zomba do quanto eu chorei, por que sabe passar e eu não sei, num dia azul de verão, sinto o vento, há folhas no meu coração, é o tempo, recordo o amor que perdi, ele ri, diz que somos iguais, se eu notei, pois não sabe ficar, e eu também não sei, e gira em volta de mim, sussurra que apaga os caminhos, que amores terminam no escuro, sozinhos, respondo que ele aprisiona, eu liberto, que ele adormece as paixões, eu desperto, e o tempo se rói com inveja de mim, me vigia querendo aprender, como eu morro de amor, pra tentar reviver, no fundo é uma eterna criança, que não soube amadurecer, eu posso e ele não vai poder, me esquecer...”
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Todos aplaudem de pé ao final da última canção, quando alguém cutuca seu ombro bruscamente, você abre os olhos e vê a mulher com quem dormiu. Qual o nome dela mesmo? Levanta preguiçosamente do sofá do quarto dos discos e livros, olha em cima da mesa o sanduíche com apenas uma mordida, o embrulho da encomenda rasgado e a capa do cd “Vida Noturna” do Aldir que acabou de tocar no aparelho.
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Roubado descaradamente do blog do Diogo Fonseca que, assim como eu, teve esta sensação ao ouvir pela primeira vez o CD do Aldir.
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