sábado, 28 de novembro de 2009

A rotina era intensa, o desespero rondava tua vida. Muitas foram as vezes que pensou no pior, pensou em acabar de vez com o desespero e a angústia que sentia. Lamentava que os planos não tinham dado certo - que errou mais que acertou. Foram tantas as vezes que ali o encontrei sentado naquele cadeira no silêncio absoluto em volto da fumaça de seus inúmeros cigarros. Dizia que o alento era a bebida que sem ela, não saberia viver. Que o bar era teu lar, os freqüentadores tua família. Já que a família não aguentou seus inúmeros porres homéricos, e foi embora, deixando ele ali naquela vida, a delirar no abismo da solidão. Poucas vezes tive a oportunidade de conversar com ele, alguns poucos e impertinentes diálogos. Apesar do pouco estudo, assim ele dizia, ele entendia muito sobre a vida, se dizia um filósofo. Na noite de ontem, quando por lá estive, naquele buteco imundo, lá estava ele, trancado na solidão, cercado por garrafas e bitucas. Fiz um aceno com as mãos para ele, que retribui com um singelo balanço com a cabeça. Aquele ambiente sempre me causou uma espécie de curiosidade, sempre que posso, procuro saber dos poucos mais fiéis freqüentadores seus dramas particulares. O que me deixa um tanto comovido com tudo isso - é o drama humano. Todos sofrem pelas as mesmas coisas, os mesmos sentimentos, as mesmas saudades, as mesma alucinações. Procuram ali naquele ambiente a cura para o tédio, enxerga no fundo do copo, o paraíso, uma vida menos sofrida. Quando este alento parece ser a cura, lá vem a calçada e a sarjeta para impor-se novamente. Ontem com a barulheira toda, milhares falando ao mesmo tempo, pude reparar que todos ali, de alguma maneira queria esquecer de algum jeito os sofrimentos - causados pela a vida. Confesso que eu não sei se é o certo ou o errado à fazer no momento. Mas que um olhar embriagado, um papo cabeça, alivia o tormento, e devolve de volta aqueles seres que por um único momento esqueceu que ainda pode viver, que ainda pode acreditar e ter de certa forma uma maneira de viver, mesmo ela sendo para muitos a maneira errada de conduzir à vida. Como mero aprendiz disso tudo, sentado ali, conforme escrevi, faço o mesmo - silêncio o meu pranto, rasgo o peito, enxugo minhas lágrimas e toco a minha vida em frente, até o dia do suspiro final.

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