quinta-feira, 18 de março de 2010

Adeus meu caro amigo

A meu caro amigo, o que lhe dizer neste momento. Sinto uma pena enorme dentro de mim, um sentimento de vazio, um sentimento ruim. Sim meu caro amigo estava ausente quando você mais precisava de mim. Porque tu cometeste este ato de covardia, de lhe tirar a própria vida. Porque tu queria assim meu caro amigo, partir e me deixar sozinho pelos bares. Porque tu meu caro companheiro de boemia, porque meu amigo. Sinto meu caro essa ausência que foi minha vida nestes últimos tempos, não sei meu caro amigo aonde me meti, aonde me perdi. Me desculpe o meu egoísmo de não ser capaz de ser um tanto mais presente, o quanto você mais precisava de mim, o momento que tu precisava aonde eu estava que nem mesmo eu sei. Sinto meu caro amigo, chegar num buteco aqueles que a gente tanto amava, que tantas noites afora passamos juntos, jogando conversa fora, falando das mulheres que amamos, e daquelas que não fomos capazes de entrar no coração dela. Porque meu caro amigo, tu partiste assim, me diga meu caro amigo. Hoje nessa madrugada que tento com o coração partido escrever essa crônica, que os meus olhos marejados se perdem em nossas lembranças. Meu caro amigo, não fui capaz de lhe ver naquele caixão, confesso que não quis ver, pois tua imagem que tenho aqui guardada dentro de mim, são aquelas imagens meu caro amigo, que junto construímos pelos os bares, você sempre calado, sempre tão poeta, eu falador, bocudo, irritado com tudo ao redor. Hoje meu caro amigo, observei o desconsolo de sua mãe, chorando em cima de você, tua pele fria, ela beijando tua face, meu caro amigo não aguentei aquela cena, você que deveria saber que meu coração é um tanto fraco, que não aguenta tantas emoções meu caro amigo. O quanto me doeu aquela cerimônia de despedida, ver você ali trancado naquele caixão, perdendo mais uma noite de boemia, perdendo mais um coração apaixonado de mulher, das tantas que você conquistou. Lamento meu caro, lamento tua companhia que não terei mais, lamento que tu partiu assim, lamento. Hoje estive no buteco, pois você deve saber que lá é o meu lugar, todos meu caro amigo, perguntaram por você. Todos se questionavam, não fui capaz de lhes responder. Fiquei naquele canto que sempre ficávamos, pedi uma Brahma e dois copos, deixei o teu cheio em tua homenagem, pois sei que de algum jeito você dará um jeito de bebê-lo, é meu caro amigo, teu vazio naquele buteco me dói, não sei se conseguirei pisar ali novamente, não sei meu caro amigo, pois sempre que ali estiver lembrarei de ti, isso me machuca. Hoje meu caro amigo para terminar o texto, escrevi um poema que tu gostaria, cantei aquele samba que você gostava. Disse para aquela menina que você sempre amou, mas que nunca teve coragem de lhe dizer o tanto que amava. Me desculpe talvez não deveria ter dito, mas enfim, me despeço meu caro amigo, seja lá aonde tu estiver, saiba que sempre estará comigo pelos botequins mais vagabundos, desfilando nossas poesias vagabundas. Durma em paz meu caro amigo. Me guia aqui nessa terra, pois os meus passos não estão na direção certa, pois bem sei que do jeito que tu é malandro já deve estar numa boa, acompanhado de mulheres lindas, cantando samba. Adeus meu caro amigo, adeus...

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