terça-feira, 23 de março de 2010

SEU ADEMAR

Confesso que ando muito emotivo nos últimos dias. Talvez um tanto saudosista, não sei bem explicar. Acredito que isso se dá ao alto teor alcoólico que vem me acompanhando. Tenho sido remetido ao passado, tem tido sonhos com o meu tempo de menino, tenho chorado ouvindo Dorival Caymmi, tenho me emocionado com saudades das Gerais, de seus vales, de suas igrejas, de seus bares, de suas mulheres e porque não da cachaça. Não sei bem como começou. No último sábado contrariando as estatísticas que sempre se tem que beber acompanhado, fuji dessa idéia e fui sozinho até um bar aqui perto de casa, do meu querido seu Ademar. Seu Ademar é um ser tranqüilo, honesto, corinthiano assim como eu, mineiro assim como meus pais. Queria a solidão como minha companheira, queria pensar na vida, no que tinha vivido nos últimos tempos, uma pausa de mil compassos. E claro, beber minhas cervejas e tomar uma cachaça. Seu Ademar reparando no meu ar desolado, veio na minha direção perguntando se algo de errado havia acontecido, porque no meu semblante a tristeza refletia. Não consegui esconder as dores no peito, fui logo dizendo o que se passava. Seu Ademar, calado, prestando atenção no que ia dizendo, me disse: menino, larga de besteira, a vida é assim. Levante a cabeça, pois tem muitas coisas para viver. Problemas todos tem, inclusive este senhor de cabeça branca aqui. Me disse para esfriar a cabeça, não cometer nenhuma tolice. Ficamos ali conversando até tarde da noite. Me contou causos de nossa Gerais, do seu tempo de menino, do seu tempo de adulto aqui em São Paulo, falamos do mingau de couve feito no fogão à lenha, do frango com quiabo, da nossa música brasileira, do nosso time de futebol, das mulheres. Uma conversa sincera e franca, que passou por tudo. Como ando saudoso para com tudo, comecei a chorar, um choro de alegria, um choro de encanto, um choro de saudade. Seu Ademar, também se emocionou, me disse que eu era um bom menino, sabe-dor das coisas. Prometi para ele que gravaria alguns CD'S de música brasileira para ele, para ouvirmos ali naquele buteco humilde, sentado naquele banquinho em frente. Seu Ademar, como ainda não gravei teus CD'S deixarei aqui uma música em homenagem a você e a nossa saudosa Minas Gerais. 


Até.


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