terça-feira, 30 de março de 2010

UMA TARDE QUALQUER

Tu que andava perdida pelos os bares, pelas praças, pelos teatros. Um tanto perdida de si. Te encontrei naquela tarde, pois haveria de ser o nosso primeiro encontro - uma tarde cinza, a metrópole passando apressada. Uma praça, uma pausa para compra de cigarros, uma cadeira, uma mesa, algumas garrafas e você do outro lado da mesa a me contemplar. Percebia teu olhar  perdido em mim, prestando atenção na minha fala simples, nos meus poucos adjetivos, percebia algo de sublime em você. Por ser o nosso primeiro encontro quase nada esperava, além de te conhecer. Conversas variadas, diversos temas, diversos copos, diversos olhares. A noite se aproximava, as horas passavam rapidamente. Falávamos de tudo, cantávamos sambas que um como o outro adorava, falava da vida, do desespero de viver, do desespero que é entender certas coisas. De lá pra cá andamos um tanto ausente um do outro, você tomou caminhos desconhecidos por mim, assim como eu tomei caminhos desconhecidos, mas ambas de doando, vivendo, se entregando. Boemia comendo solto, nos estragando a nossas maneiras, jogamos fora a vida numa bebedeira. Você como sempre foi mais longe, você se perdeu um tanto a mais que eu, numa dessa bebedeira tu quase morreu. Um susto enorme para aqueles que a amam, um susto danado tu me deste menina. Pois não imagino o mundo sem sua presença, sem o teu olhar fraterno, sem sua poesia. Sei que nada sei da vida, nem dou conselhos pois desconheço eles, não sei o rumo que a nossa vida tomará, não sei. Além do que eu nada sou, eu nada sei. Mas espero que tu possa ver as primaveras que virão, que tu possa escutar o som dos passarinhos a cantar numa manha de domingo. Que tu possa viver, que tu possa ser um tanto amada, que tu pode ser um tanto mais desejada inclusive por este que escreve essas linhas errantes. Pois a vida nada vale sem ter você por perto. Portanto minha querida menina, tome cuidado, não se desfaz tanto, reconstrua teu caminho assim como fez diversas vezes, reconstrua teus sonhos, teus amores, quando der lembre deste pobre que escreve essas mal-traçadas.    

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