terça-feira, 8 de dezembro de 2009

CHICO, CORNO

No buteco não se fala noutro assunto, a não ser do corno do Chico. Já havia escutado algumas estórias sobre o caso, mas nunca dei tamanha importância. Sempre escutava pelos quantos, que a mulher dele era uma vaca, que ele saia para trabalhar, e o negão chegava. Do buteco podia ouvir os gritos da cadela, gemendo de prazer. Quando a mesma, entrava no buteco, pedindo uma cerveja gelada para o Chico, todos, paravam para olhar o gingado da nega. Sua bunda era a maior que já havia visto em minha vida, como mulher dentro de buteco é ouro, vacilão é que não admira. Olhava e ficava a imaginar, nos comentários, ditos pelos tais freqüentadores. Chico era um camarada gente boa, na dele, quase não puxava assunto com ninguém. Trabalhava a noite de segurança numa boate em moema - alguns diziam, que era casa noturna, outros diziam que era um puteiro que o cabra trabalhava. Os cochichos era os mesmos, mas é um corno mesmo! não esta nem ai! a mulher dele dando para outro e ele nem ai! Como a casa do malandro, era colada no buteco, por vezes avistei a morena sentada na varanda, ou até mesmo cozinhando a janta para o marido. Como as minhas idas para o buteco, era noturna, nunca avistei ninguém entrando naquela casa. O pessoal comentava, você viu o moleque que entrou ai ontem? deve estar comendo também! Você viu aquele policial que parou o carro ai ontem? é ele, ele come também. Como disse não dava muitos ouvidos para os fuxicos, apesar de gostar de ouvir essas estórias do cotidiano brasileiro. Numa dessas idas minhas ao buteco, pude reparar que a morena amava o malandro, sentia o cheiro de sua comida, o carinho para o esposo. Comentava no buteco, e todos iam contra à minha idéia. Alegando que eu não sabia nada da vida mesmo, que era um cabaço. Concordei, pois a maré para o meu lado não anda das melhores. Ontem, quando resolvi, dar uma passada no buteco para matar a saudade, e tomar a primeira da semana, logo na entrada avistei no balcão sentado o Chico. Usava uma camisa listrada, e um par de sandálias. O ambiente não era o mesmo de sempre, o seu semblante, estava estranho, parecia que ele estava em outro mundo. Os freqüentadores e conhecedores dá história, diziam, é hoje, é hoje, que o bicho pega. Todos queriam que o malandro, pegasse a nega pelo o pescoço, espancasse até a morte. Pois vadia era assim que se tratava no murro. Chico parecia possuído, parecia querer matar um mesmo. Sentei como sempre, na outra ponta do balcão, pedi à minha cerveja de lei, e uma dose de domec. E fui logo querendo saber do baixo, se era verdade, essa estória, que o malandro estava ali, para esmagar a mulher no murro. Dono de buteco, tudo sabe, foi logo desviando do assunto - alegando que não sabia de nada, que o malandro devia estar de folga, que aproveitava para tomar umas antes da janta ficar pronta. O clima era de ansiedade, todos queriam ver o fim dá estória. Até eu, que não tinha nada a ver, queria saber o que pegaria. Se o malandro espancaria aquela morena. Na minha cabeça apenas, a imaginação a se perder, no corpo da morena, no vestido florido colado no corpo dela, do suor correndo pelo o pescoço, passando por entre seus belos par de seios. Isso sim, eu pensava. Quando dei por menos, o Chico, pediu para o baixo anotar na caderneta o que ele tinha consumido, que iria embora. Levantou pigarreando, deu um cuspe na lixeira, e foi se embora. O pessoal dizia, é a hora! é a hora! Alguns mais ousados foram até o portão dar uma espiada, olharam para dentro, e ninguém viu nada. Um silêncio tremendo dentro da casa - não tinha ar de briga. Quando dentro do buteco, ouviu o coro, cornooooooooooooo! eu lascava a mão na cara dela! é uma vadia! Apenas dei um sorriso irônico, pedi mais um conhaque, lamentando a curiosidade alheia, pois cada um manda na sua calçada. Não ouvi briga nenhuma, nem um barulho vinha da casa. Quando resolvi falar, o malandro deve estar fazendo um sexo gostoso, dando uns tapas na bunda da morena, quando vocês trouxas estão aqui, sozinhos, morrendo de inveja, querendo bater uma punheta para aquele rabão e aquele par de peitos. Corno é vocês! Olha que suas mulheres estão em casa sozinhas, quem sabe não tem um malandro lá aproveitando e jantando fora.

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