quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Ninguém vai rir - é o que te disse. O momento não era o ideal, tinha ali naquele instante, estabelecido que não daria certo, que não adiantava procurar os erros, para tentar diminuir os acerto. O nosso amor nunca daria certo, nunca seria o ideal para nossas almas. Seria apenas, como diria o Milan Kundera - Risíveis Amores. Aquele apartamento naquele bairro calmo, silencioso, palco de nossas juras, de nossas entregas - não seria mais o mesmo. Você ali sentada no canto, perto do aparelho de som, rosto pálido, olhos marejados, naquele mundo tão seu. Meu olhar se perdia naquele ambiente, talvez procurando se perder da direção dos teus. Procura talvez, uma espécie de culpa, para jogar a desgraça, que aconteceu com as nossas vidas. Olhava o porta retrato naquele móvel de sala, nossos risos, você ali abraçada comigo, aquele riso, aquele olhar. Tudo tinha chegado ao fim, mas parecíamos não perceber, parecíamos querer entender que tudo na vida tinha um fim, e que todo fim era triste. Que tudo na vida deixa uma espécie de saudade. Você prometeu retirar seus pertences dali, alegando que aquele apartamento era amaldiçoado, que tinha energia negativa. Lhe disse que aquele apartamento, era teu, o aluguel estava no seu nome - que o visitante ali era eu, apesar de morar mais ali, do que em outro lugar. Disse que iria embora que voltaria no dia seguinte, para retirar os meus pertences. Que não queria encontrar com ela ali presente. Ela entendeu tudo, disse que não haveria problema, que estaria ausente o dia inteiro; que poderia tirar as coisas sem pressa. Separar os livros, os CDS, os DVDS, mas que deixasse aquele porta retrato ali naquele móvel, para que não se esquecesse que ali passou. Sem assunto, acendeu um cigarro, o último, ela ainda resmungando disse para diminuir, ele sem prometer nada disse que tentaria. Por um breve instante olhou para ela, avistou sua face triste, pegou suas as chaves no mesa, deu um adeus, bateu à porta em direção a rua.

Sem comentários:

Enviar um comentário