quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Todos os dias são os mesmos. A mesma agonia, o mesmo ser solitário no meio da multidão. Caminho de volta para o lar, reparando naquela paisagem tão fastigada; tão acabada. Reparo na inutilidade do ser, que andam pelas ruas, aos gritos, querendo ao máximo se aparecer. Péssimas músicas saindo dos potentes sons dos automóveis. Me pego a pensar, nesta certa inutilidade, muitos querendo se divertir, muitos querendo se aparecer, para mim não importa, o ser humano é um tolo. Esse meu delírio, esse meu jeito simples de olhar o mundo, essa minha loucura que é viver, é acordar todos os dias e sentir o mesmo gosto da manha, é sentir um brotar, é sentir o amanhecer. Voltando ao texto, caminhando eu não vejo sentido nisso tudo, para mim isso tudo é vão. Minha alma precisa de mais, precisa de paz, precisa de amor, precisa de poesia. E por falar em poesia, reparo que no meio disso tudo não tinha uma pedra, como escreveu o poeta e sim, tinha um buteco no meio do meu caminho. O lugar cheio, para o meu espanto, esperava todos em volta da mesa dos seus lares, à festejar a noite de natal, mais muitos preferem o profano assim como eu. Avisto sentado ao canto, um amigo, para minha salvação. Damos um comprimento um ao outro, peço uma cerveja e dois copos, sem reparar no barulho incessante que reina naquele lugar. Todos ali disfarçando suas tristezas, esquecendo por um breve momento suas dores, para celebrar a arte do encontro e da felicidade passageira. O mesmo que faço. Caminho em direção a calçada, sento-me na cadeira do lado de fora do bar, meu amigo levemente embriagado, conversa comigo emocionado, dizendo que já tinha passado da conta, que era um prazer terminar a noite tomando uma saideira na minha companhia. O prazer é recíproco, digo o mesmo, que para mim é um honra me afundar num porre nesta noite ao lado dele. Fico ali a bater papo sem ver a noite passar, reparo no vai e vem dos carros, das pessoas, na solidão que a madrugada é, essa solidão que tanto almejo. Aos poucos minha angústia vai passando a medida que vou bebendo, num gesto, num ato, tudo vai passando. Alguns versos de samba vem na minha mente, cantarolo, me emociono, o que torno tudo mais prazeroso. A noite tem sido minha eterna companheira, nela eu tiro o meu alento que me tira deste tormento. Essa saudade que tenho de você, que você finge não acreditar ou que prefere acreditar e jogar fora, naquela imensa bobagem que disse. Me pego a pensar naquela canção que escutamos simultaneamente eu aqui você ai. Sinto tua falta, sinto tua ausência, eu poderia não dizer aqui, poderia guardar, deixar tudo trancado dentro do peito, mas prefiro aqui escrever. Tudo se mistura um turbilhão de pensamentos, começo a me embriagar, garrafas e bitucas espalhadas por todo canto. Queria saber o que você faz neste exato momento, queria estar contigo mais não é possível. Resolvo deixar isso de lado, resolvo apenas beber um pouquinho, argumento com a vida, aos poucos essa saudade que sinto de você se esvai, e tudo talvez voltará a ser como antes, antes quando tinha alegria numa noite natalina.

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